“ POT – PEACE ON THE TABLE” – A CULINÁRIA PELA PAZ – POR SHEILA MANN

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Estamos nos aproximando dos festejos da festa de Pessach, a Páscoa judaica. Para mim, a festa que mais gosto pelo seu significado profundo:” A Festa da Liberdade”. Sim, nós o povo judeu fomos escravos na terra do Egito e fomos libertados. O que consta na Bíblia é que tivemos que vagar pelo deserto do Sinai durante 40 anos para que a nova geração que nasceria e que não conheceu a escravidão, pudesse entrar na terra prometida. O que podemos aprender com isso? É claro que não basta ser livre para se sentir livre, a Liberdade pode chegar a ser um grande peso quando não sabemos usá-la. Usá-la, não significa fazer o que nos dá na telha, usá-la significa saber fazer as escolhas certas com responsabilidade: o povo de Israel, pude entrar na terra prometida, e hoje na nossa era já estamos bem estabelecidos em Israel.

Na leitura da Hagadá( a história da libertação dos hebreus), nos é pedido para não esquecermos que um dia fomos escravos e também de ensinarmos aos nossos descendentes a história da saída do Egito. Contar essa história é não esquecê-la e transmiti-la para gerações posteriores para que isso seja lembrado como algo pavoroso! Seria aquilo que nós que já sofremos esse jugo, não permitirmos que se repita, não somente conosco, mas com qualquer povo! Nenhum povo pode ser escravizado, e ter os seus direitos básicos negados. Essas não são palavras vãs, temos uma responsabilidade maior ainda com os outros povos. Oprimir um povo, no caso o povo palestino, humilhando-o e negando os seus direitos de autodeterminação, nos faz menores e não maiores. De oprimidos que um dia fomos não podemos nos tornar opressores. Nem eticamente, nem moralmente isso nos enaltece,não podemos destruir com nossas próprias mãos, a fundação moral de nossa vida e de nosso futuro. “Ve hayitem le-or la-goyim”, e vocês serão uma luz para os povos, assim nos ensina a Torá. Somos todos seres humanos com suas dores, medos e esperanças. A dor de uma mãe judia não é diferente da dor de uma mãe árabe; o sangue de um judeu não é diferente do sangue de um árabe porque somos iguais apesar das nossas diferenças. “Nós não nascemos odiando, nascemos para amar, então se podemos ensinar o ódio, podemos ensinar o amor também”-Martin Luther King.

Aceitar o diferente e aprender a conviver com ele, é dar espaço para todos, não excluir ninguém. Isso se pratica no nosso dia-a-dia também. “Onde há amor e fé, uma solução sempre pode ser encontrada-mesmo quando isso parece ser uma trágica contradição”-Martin Buber.

Sejamos a luz com a qual queremos iluminar o universo.


RECEITAS DE PESSACH

GALINHA COM BATATAS ( MAAOUDEH BIL-JAJ UEL BATATA )

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8-10 porções

Ingredientes

1 galinha cortada nas juntas ou inteira

4 batatas descascadas e cortadas em cubos grandes

5 colheres (sopa) + 1 xícara (chá) de óleo

Sal a gosto

1 colher (café) rasa de pimenta síria

Preparo

Numa panela grande antiaderente, aqueça 5 colheres (sopa) de óleo e coloque os pedaços de galinha (quatro de cada vez), dourando dos dois lados ou a galinha inteira. Cubra com água quente, acrescente o sal e a pimenta síria e, cozinhe em fogo baixo até amolecer. À parte, frite os cubos de batatas em 1 xícara (chá) de óleo quente até dourar. Acrescente um pouco de sal nas batatas e coloque-as na panela ao lado da galinha só quando ela estiver cozida, coloque mais uma pitada de pimenta síria. Cozinhe até as batatas amolecerem e incorporarem o gosto do caldo.

Variação: As batatas podem ser substituídas por champignons ou trufas árabes fatiados e levemente fritos, seguindo a mesma receita.

OVO E BATATA(PARA PESSACH)

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Para matar a fome entre uma refeição e outra durante o Pessach, experimente essa receita.

Ingredientes

2 batatas cozidas com casca e depois descascadas

2 ovos cozidos

25 gr de manteiga

sal e pimenta a gosto

Preparo

Amassar num prato fundo as batatas com os ovos ainda quentes com a manteiga e temperar com sal e pimenta a gosto. Servir com pedaços de matzá.


LIVRO – “SHEILA MANN – CULINÁRIA DO LÍBANO A ISRAEL”

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A artista plástica e especialista em culinária libanesa Sheila Mann é judia, nascida no Líbano, e ativista pela paz entre os árabes e os israelenses através de seu trabalho com a culinária. Com a intenção de destacar e divulgar as similaridades entre as receitas desses países em conflito, chega ao mercado seu primeiro livro “Sheila Mann – culinária do Líbano a Israel”. As memórias estão impressas em 168 páginas, entremeadas de receitas herdadas da mãe e ilustrações com fotos de pratos e fotos do acervo da família, em preto e branco, que retratam as diversas etapas de sua vida.

Em sete capítulos ela conta as suas histórias e o sabor que elas têm. Relembra seu tempo de criança em Beirute, quando acompanhava e observava a sua mãe na cozinha. A partida para Israel já adolescente, o novo lar, a nova escola e a semelhança de hábitos. Descreve seu receio ao chegar ao Brasil, com 18 anos casada, e sobre a tentativa de resgatar os sabores da infância.

Ela criou o projeto Peace On The Table – que propõe reunir os povos através da culinária, e que hoje se tornou a grande razão de viver de Sheila Mann. “Quero oferecer a todos a oportunidade de experimentar as receitas da minha mãe, pois foi ela que me mostrou que a comida é ferramenta do amor e da paz”, completa.

SOBRE A SHEILA

Sheila Mann é judia, formada em artes plásticas, nascida no Líbano e crescida em Israel. Ela é conhecedora das culturas árabe e judaica com fluência em ambas as línguas, o que a torna ainda mais próxima das duas comunidades. A artista chegou ao Brasil, com 18 anos, casada e grávida de gêmeas. A dura fase de adaptação a nova cultura e aos filhos logo foi superada com a decisão de voltar a estudar. Inscreveu-se no curso de literatura da Aliança Francesa, para não perder a fluência no idioma adquirido em sua escola primária no Líbano, e também resolveu estudar artes plásticas.

O QUE É O POT

O POT – Peace On the Table é um projeto que aborda o tema da convivência pacífica através da culinária.