MERCADO CANTONÊS DE HONG KONG – POR FELIPE DAIELLO
Aqui se fala cantonês; o mandarim de Beijing não é bem-visto; inclusive nos hotéis as informações são bem claras: falamos inglês e cantonês entre as línguas principais.
Após a reintegração da China Continental, em 1999, Hong Kong, pelos tratados firmados entre China e Inglaterra possui status de Região Independente. Leis, sistema tributário e legislativo independentes, moeda própria; é enclave capitalista numa China Continental que procede de Revolução Marxista.
Tema para discussões. O poder aquisitivo é elevado, as lojas de luxo ocupam prédios suntuosos e os preços são milionários. O preço dos imóveis é calculado em dólares por polegada quadrada. Alguns imóveis exigem mais de dois mil dólares americanos pela polegada quadrada. Absurdo para os padrões brasileiros.
Mas o mais interessante são os mercados locais. Aqui se fala cantonês, o mandarim de Beijing não é bem-visto; inclusive nos hotéis as informações são bem claras: falamos inglês e cantonês entre as línguas principais.
Nas zonas populares, entre os prédios residenciais, imensos conglomerados, administração não muito fácil para o síndico, podemos encontrar os artigos de consumo diário das famílias. O velho hábito é de comprar no diário o que será usado na alimentação da jornada. Refrigeradores são artigos escassos e de pouca procura.
Hong Kong é atualmente o maior centro financeiro da Ásia, sua bolsa de valores movimenta bilhões de dólares e sinaliza a direção dos negócios para os outros países. Agora é o momento de pesquisar os mercados locais e as suas ofertas.
Barbatanas de tubarão, secas ou desidratadas em embalagens a vácuo, tubérculos estranhos, pacotes com algas, alguns produtos que não identificamos, ginseng, cogumelos, camarões secos, lulas desidratadas e mesmo casulos de bicho da seda estão entre as ofertas.
Mariscos ressecados e até estrelas do mar estão entre os itens utilizados na culinária local.
-Alguns dos produtos possuem finalidade medicinal – diz o vendedor num inglês complicado de entender.
Pequenos lanches eram ofertados entre lojas de esquina que vendiam frutas frescas e hortaliças. Os preços dos alimentos são bem razoáveis para padrões brasileiros, alguns bem baratos mesmo.
A sugestão mais atraente estava naquele pequeno restaurante, além do pato laqueado, do marreco laqueado ,até lulas brilhantes no amarelo podiam ser degustadas à moda cantonesa. Apesar da curiosidade, a precaução venceu. Desistimos por segurança, pois não estamos acostumados com as novidades, algo desconhecido para o nosso estômago. Ficamos com algumas instruções recebidas de nativo intrometido.
Na cozinha de Beijing, o alho, a cebola e o gengibre predominam na apresentação.
-O importante é saber cortar os vegetais – explica e mostra o cozinheiro ao efetuar o seu trabalho.
A cozinha de Cantão é a mais refinada de toda a China. Tanto no gosto quanto na apresentação. Por influência europeia, começando pelos portugueses, depois com os holandeses e ao final com os ingleses, a gastronomia foi ampliada com a introdução de novos produtos, de condimentos estranhos e de processos alternativos.
-Cozinhar é uma arte em Cantão! – palavra que eu não podia esquecer. Elas explicam por que Hong Kong é rainha também na cozinha.
O menu do restaurante logo em frente apresentava provocação; iriamos resistir?
-barbatanas de tubarão flambadas, com carne de caranguejo no entorno
-lagosta cozida na manteiga.
-garoupa no vapor com arroz enrolado em folhas de lótus.
-vegetais no vapor.
-pudim de manga na sobremesa.
FELIPE DAIELLO – Autor de “Palavras ao Vento” e ” A Viagem dos Bichos” – Editora AGE – Saiba mais.