QUAL A IMPORTÂNCIA DOS NOMES? – RABINO KALMAN PACKOUZ

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Quando um bebê nasce, o costume é que seja nomeado em homenagem ao nome de outra pessoa.


Certa vez uma mulher entrou no que ela pensava ser uma lavanderia chinesa. Entretanto, atrás do balcão havia um senhor de idade judeu. Perguntou a mulher: “Esta não é uma lavanderia estilo chinês?” Respondeu o homem com um pesado sotaque Ydish: “Vell (bem), não. Eu sou o dono. Creio que a senhora pode chamá-la de lavanderia Judaica”. “Mas e o nome que está na placa aí fora?”, indagou a mulher. “Ah, o nome! É uma longa história. Quando imigramos da Europa para os Estados Unidos, eu estava na fila da imigração atrás do meu primo. O funcionário da imigração perguntou: ‘Qual é o seu nome?’ e meu primo respondeu: ‘Rabinowitz’. Então o funcionário repetiu a pergunta para mim e respondi: “Sam Ting (‘o mesmo’, em inglês)’ “.

O que há num nome? Qual a importância dos nomes? Quando D’us criou os seres humanos, Ele chamou o primeiro homem de ‘Adam’, que significa, em hebraico, ‘criado a partir da terra (adamá)’ e chamou a primeira mulher de ‘Hava’, significando ‘a mãe de todos os seres vivos’. Depois disto, o Todo-Poderoso apresentou cada criatura a Adam, para que este as nomeasse de acordo com a essência de cada uma.

Avraham (nosso patriarca Abraão) foi primeiramente chamado de ‘Avram’, significando ‘pai de sua terra nativa Aram’. Mais tarde, D’us acrescentou a letra hebraica ‘He’ ao seu nome, depois que Avram entrou no Pacto do Brit Milá. Seu nome então passou a ser Avraham, significando ‘o pai de muitas nações’. (Em português seria como se seu nome tivesse mudado de Abrão para Abraão). Sua esposa, Sara, chamava-se inicialmente ‘Sarai’, que significa ‘minha princesa’ – uma princesa na casa de Avraham. Ao mudar seu nome para Sara, seu nome passou a significar que agora ela era ‘uma princesa sobre todo o mudo’.

Quando um bebê nasce, o costume é que seja nomeado em homenagem ao nome de outra pessoa. O costume Sefaradi é nomear o menininho com o nome do avô ou a menininha com o nome da avó. Já o costume Ashkenazi é nomear a criança com o nome de algum parente já falecido – para que mantenha vivo o nome daquela pessoa e para que a pessoa falecida seja lembrada. Mas talvez o mais importante na nomeação de uma criança seja o fato de que existe uma influência mística sobre a criança pelo nome que ele ou ela recebeu.

O legendário cabalista, Rabino Isaac Luria (Israel, 1534-1572), também conhecido por Arizal, ensinou que a natureza e o comportamento de uma pessoa, se bom ou mal, pode ser descoberto ao se analisar seu nome. Por exemplo: uma criança chamada de Yehuda, o quarto filho de Jacob, simboliza a monarquia e, realmente, a maioria dos reis judeus descendeu da tribo de Yehuda.

Se alguém tem filhos suficientes para nomeá-los com todos os nomes de parentes já falecidos – ou tem a sorte de ter filhos enquanto seus pais e avós estão vivos – então existe o costume de nomear as crianças com nomes de grandes Tsadikim: homens ou mulheres íntegros da História Judaica.

O Midrásh (uma coletânea de explicações sobre a Torá) nos conta que o Povo judeu foi redimido da escravidão no Egito pelo mérito de três coisas:

1. Eles não trocaram suas vestimentas Judaicas pelas dos egípcios (daí talvez venha o hábito do uso de vestimentas específicas, como casacos e chapéus, entre os judeus Hassídicos);

2. Não trocaram sua língua (o hebraico bíblico) pela língua falada no Egito;

3. Não mudaram nem adaptaram seus nomes aos nomes locais.

Mantiveram sua identidade Judaica!

É fascinante como nos Estados Unidos um bebê recebe um nome americano e um nome hebreu. O nome em inglês em geral começa com a mesma letra que o nome em hebraico, como se estivesse ‘dando uma pista’ de qual é seu nome hebreu. Por exemplo: a criança recebe o nome de Max em memória de seu avô Mordechai, ou Alberto em memória de seu avô Avraham.

Hoje em dia, talvez como sinal dos tempos, há muitos judeus e judias que não se lembram em homenagem a quem foram nomeados ou até mesmo qual seu nome em hebraico. Quando uma pessoa, D’us nos livre, sofre um trauma e fica inconsciente, ao recuperar sua consciência a primeira pergunta que lhe fazem é: ‘Qual o seu nome?’ Se não se lembra, provavelmente sofreu um trauma bastante severo. Talvez nós, o Povo judeu, tenhamos sofrido um sério trauma com tantos judeus e judias que não lembram de seus nomes.

Para talvez resolver este problema, talvez seja uma boa ideia dar à criança um nome hebraico que também possa ser usado em português (ou inglês, ou qualquer outra língua ocidental). Por exemplo: Miriam, Sara, David, Daniel, etc. Desta maneira, a criança não apenas terá um nome em hebraico, mas irá utilizá-lo também!

De qualquer maneira, pergunte a seus parentes em homenagem a quem você foi nomeado(a) ou qual seu nome em hebraico. Pergunte-lhes seus nomes em hebraico antes que seja muito tarde para perguntar e ninguém saiba que nome colocar na lápide. Conheço uma senhora judia chamada Regina que faleceu. Seus familiares perguntaram a um amigo erudito se ele sabia o nome dela em hebraico. O homem respondeu: “Regina é a palavra latina usada para ‘rainha’, então seu nome em hebraico deve ser Malca (rainha, em hebraico)”. Na realidade, o pai desta senhora, que nasceu no fim do século 19, não sabia Latim. Ele a chamou de Regina porque era um nome que começava com a letra ‘R’, assim como seu nome em hebraico: Rivka.

Então, respondendo à nossa questão inicial: ‘O que há de mais num nome?’ A resposta é: o nome diz quem somos e quem podemos chegar a ser!

Para entender mais sobre nomes, sua importância na vida da pessoa e sua mística, leia estes excelentes artigos (em inglês): “What’s in a Name?” (http://www.aish.com/atr/Whats_in_a_Name.html)


280_historia_3_2What’s in a Name?: Names Response on Ask the Rabbi
www.aish.com
We are expecting a baby and are having trouble picking a name. What general guidelines are there in Jewish tradition? How come the name of the father is never given …


) e “Naming a Baby (http://www.aish.com/jl/l/48961326.html).


Pensamento:“Uma ferida ruim pode sarar, mas um mau nome pode matar!”


RABINO KALMAN PACKOUZ – Do Aish Hatorá, é o criador do Meór Hashabat, boletim semanal com prédicas. Saiba mais.

NOTA:- Desejando contribuir para o Meor Hashabat acesse o www.aishdonate.com – Email – meor18@hotmail.com

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