6ª CONFERÊNCIA ANUAL DO KKL E DA FEDERAÇÃO DAS AUTORIDADES LOCAIS EM ISRAEL E O 6º SIMPÓSIO INTERNACIONAL NA UHJ

6 ª CONFERÊNCIA ANUAL DO KKL E DA FEDERAÇÃO DAS AUTORIDADES LOCAIS EM ISRAE
6º SIMPÓSIO INTERNACIONAL NA UHJ DEBATE POLÍTICA E RELIGIÃO


6ª CONFERÊNCIA ANUAL DO KKL E DA FEDERAÇÃO DAS AUTORIDADES LOCAIS EM ISRAEL

283_fique_3_1Evento teve como foco a promoção da inovação e a melhoria da qualidade de vida nas cidades modernas

Com a participação de representantes do governo e do Knesset, chefes de governo local de todo o país e líderes do KKL – Keren Kayemet LeIsrael, aconteceu nos dias 24 e 25 de janeiro, no Centro de Convenções de Tel Aviv, a Sexta Conferência anual do KKL e da Federação das Autoridades Locais em Israel.

O evento, teve como foco a promoção da inovação e a melhoria da qualidade de vida nas cidades modernas na agenda pública, nas áreas de infra-estrutura, educação e sociedade, transporte, segurança e cultura.

“Estamos incentivando a inovação não só na região central de Israel, mas também no Negev, na Galileia e em todas as cidades e comunidades israelenses. Nossa intenção não é apenas reduzir as diferenças sociais, mas incluir todos os cidadãos de Israel, judeus e não-judeus, na incrível história de sucesso do desenvolvimento e prosperidade de Israel. Estamos investindo no futuro porque acreditamos no futuro “, declarou o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu (foto acima) na noite de abertura da conferência.

Também integrou o evento a Feira Muni-Expo, onde estiveram representadas 120 empresas, fornecedores e provedores de serviços de áreas municipais. Um modelo de floresta comunitária, construído pelo Departamento de Cerimônias do KKL, atraiu muitos visitantes, que desfrutaram de um sopro de natureza no meio da cidade. O pavilhão único incluiu grama, árvores, cantos de piquenique, uma estação de informações e equipamentos de playground, assim como um local de recreação no coração da floresta.

“A cada ano o governo local se aprimora e se torna mais sofisticado, colocando o bem-estar dos cidadãos de Israel no topo de sua lista de prioridades”, disse Haim Bibas, Presidente da Federação das Autoridades Locais e do Prefeito de Modi ‘ Em-Macabim-Reut. “Vamos continuar a promover mais iniciativas para o benefício de todos os nossos residentes.”

283_fique_3_2No evento, o KKL foi saudado em homenagem ao seu 115º aniversário desde a sua fundação. Durante a noite, foi exibido um curta-metragem descrevendo o trabalho do KKL em vários campos ao longo dos anos. “Temos uma visão que é expressa em todos os cantos de Israel e engloba todas as facetas da vida”, disse o Presidente Mundial do KKL, Danny Atar (foto). “Continuaremos construindo, liderando e realizando a visão do KKL na construção de Mundo Melhor, mais verde e otimista”, complementou.

Atar ressaltou a importância do trabalho conjunto do KKL em parceria com as autoridades locais. “Esta é uma colaboração natural, uma vez que ambas as entidades se esforçam para criar um ambiente e uma vida melhor para os cidadãos de Israel”, disse ele.

Ele destacou que o KKL realiza projetos em toda a extensão de Israel, e que preserva os espaços verdes do país, tornando o ambiente o mais agradável possível. “Nosso objetivo também é o de promover a educação informal e ajudar os jovens nas regiões periféricas de Israel, auxiliando com o problema da habitação, reduzindo o custo de vida e melhoraando a qualidade de vida.

Moshe Kahlon, Ministro das Finanças e Ministro da Economia e Indústria, também observou que a cooperação é a chave para o sucesso. “A cooperação entre nós é mais forte do que qualquer desacordo, e a confiança é o combustível que nos permite avançar”, disse ele.

Já o Ministro do Interior e do Desenvolvimento do Neguev e da Galiléia, Arye Deri, observou que o governo local é o principal ativo estratégico de Israel. ” Nossa parceria trará bênçãos a todos os moradores do país. Continuaremos a fortalecer nossas atividades conjuntas”.


6º SIMPÓSIO INTERNACIONAL NA UHJ DEBATE POLÍTICA E RELIGIÃO

Acadêmicos, jornalistas, líderes religiosos e figuras políticas do Brasil, Israel e Palestina reuniram-se de 9 a 11 de janeiro, para o Sexto Simpósio Internacional sobre o Brasil, realizado no Instituto Harry S. Truman para o Avanço da Paz, ligado à Universidade Hebraica de Jerusalém.

Neste ano, o encontro discutiu a interação entre política e religião no Brasil, Israel e Territórios Palestinos e seus efeitos na busca da paz na região, com organização dos professores James Green, da Brown University, e Michel Gherman, da UFRJ.

O simpósio visa mostrar aos israelenses a relevância do Brasil no cenário internacional. Em 2017, houve pela primeira vez a participação de professores de universidades e centros de estudos palestinos.

Entre os participantes estiveram o rabino Ruben Sternschein, da Congregação Israelita Paulista; o professor Fernando Brancoli, do Instituto de Relações Internacionais da UFRJ; a jornalista Daniela Kresch; o ator e escritor Gregório Duvivier; e o professor Guilherme Casarões, do Centro de Relações Internacionais da FGV, via teleconferência.

Leia abaixo uma descrição dos debates:

Primeiro painel – “Paz, Política e Religião”

Com Fernando Brancolli, professor de Relações Internacionais da UFRJ, rabino Michael Melchior, ex-ministro de Assuntos da Diáspora e ex-membro do Knesset e Elias Zananri, representante do Fatah no Comitê de Interação com Israelenses.

O debate se concentrou na importância que a religião e os religiosos deveriam ter nas conversações sobre a paz.
Brancoli demonstrou preocupação com as relações que o governo brasileiro tem tido com lideranças religiosas islâmicas no Brasil. Segundo ele, os grandes eventos esportivos no país acabaram por fortalecer posições que privilegiam discursos simplificadores e baseados em doutrinas de segurança nacional. Para ele, isso é preocupante, já que são justamente as lideranças religiosas moderadas que poderiam colaborar.

Melchior centrou sua fala no debate sobre mídia e religião. Fez duras críticas à mídia israelense que, segundo ele, desconsidera a importância da religião e não divulga os contatos entre lideranças religiosas palestinas e israelenses.

Ele lembrou que ele acabara de voltar de um encontro com rabinos, xeques e padres na Europa e que nenhum jornal havia dado muita importância ao tema. Para ele, o fato de rabinos e xeques de várias linhas terem se encontrado para discutir uma solução para o conflito deveria ser entendido como um evento de extrema importância.

Zananri falou sobre a luta palestina e sua desconexão com o mundo religioso. Zananri, que é cristão, disse que durante os anos de militância na Fatah, não sabia quem entre seus companheiros era religioso, muçulmano ou cristão. Esse era um “não tema”. O que gerou um problema: esse afastamento da religião acabou por fortalecer grupos religiosos fundamentalistas e afastou as massas palestinas de setores mais moderados, que poderiam debater e discutir caminhos que levassem à paz.

Segundo painel – Cristãos, Muçulmanos e Judeus”

Contou com a participação do historiador Moshe Maoz, ex-diretor do Instituto Truman, de Elias Zananri e de Guilherme Casarões, professor da FGV-SP, via Skype.

Maoz traçou um grande panorama do desenvolvimento histórico do judaísmo em Israel. Segundo ele, grupos messiânicos têm se apoderado de um discurso essencialista. Em nome de um pretenso “verdadeiro judaísmo”, acabam estabelecendo um discurso religioso de conflito e confronto.

Zananri fez um histórico do movimento nacional palestino, marcando o momento de fortalecimento dos grupos religiosos, vinculados à Irmandade Muçulmana, que acabaram por formar o Hamas, em Gaza.

Casarões apresentou sua pesquisa sobre os evangélicos no Brasil e suas relações com judeus e com Israel. Chamou a atenção para os usos teológicos de símbolos judaicos e sionistas pelas entidades neopentecostais e atentou para os riscos da aliança entre uma certa direita autoritária e conservadora evangélica e determinados grupos do sionismo.

Segundo o professor, esse movimento poderia, no Brasil, levar para percepções do sionismo como sendo “uma ideologia conservadora e de direita”, o que poderia arregimentar antipatia e criar afastamento não somente de grupos de esquerda, mas também de setores progressistas, liberais e seculares.

Terceiro painel – Religião e a Busca pela Paz”

Contou com a participação de Allick Isaacs, fundador do grupo “Siach Shalom” e de Ashraf Al Ajami, ex-ministro do governo palestino para Assuntos de Prisioneiros.

O tema foi o uso de referências religiosas na construção do diálogo. Isaacs disse que ele, como um homem religioso, deveria utilizar justamente as fontes judaicas tradicionais para implementar diálogo e pontes com os palestinos, majoritariamente muçulmanos. Nesse sentido, o estudo em conjunto das fontes é uma forma de aproximar as populações em conflito.

Ajami, liderança na OLP e antigo militante da Frente Popular de Libertação da Palestina, foi em direção contrária. Disse que a construção da paz deveria se dar com a separação entre religião e estado. Acredita na importância do diálogo inter-religioso, mas acha que o debate sobre o conflito deve se concentrar nas mãos da política. Em ultima instância, teme que a religião acabe por dominar a vida na Palestina.

Ajami foi questionado sobre os livros didáticos e programas palestinos que fazem acusações aos judeus e educam crianças palestinas para odiá-los. Como resposta, disse que a luta contra o antissemitismo deve ser também dos palestinos e que o problema é com os professores e não com o material didático, abrindo as portas para novos projetos nesta área nos Territórios Palestinos.

Quarto painel – “Mídia e Religião”

Contou com Daniela Kresch, jornalista da Globo News, Matityahu Cohen, fundador do projeto “Mídia Palestina – Israelense” e Ibrahim Hazboun, pesquisador palestino do Instituto Truman.

Daniela centrou sua fala na dificuldade de passar para a mídia brasileira a realidade do conflito palestino-israelense. Segundo ela, a complexidade da região contrasta com as demandas por respostas rápidas e objetivas do leitor brasileiro. Ademais, segundo a jornalista, a realidade religiosa e política de um país em que tais definições são determinantes é de difícil compreensão para os brasileiros, que vivem um país em que tais definições não são tão determinantes.

Hazboun abordou sua pesquisa sobre a realidade de jornalistas palestinos que cobrem o conflito em Jerusalém. Para o pesquisador, o fato de ser ao mesmo tempo palestino e jornalista, é por demais complexo, em uma situação de conflito que exige que os agentes assumam identidades claras.

Ele contou que a repressão policial a manifestações palestinas na Esplanada das Mesquitas acaba transformando jornalistas palestinos em militantes, o que acaba por comprometer uma possível “neutralidade” da mídia palestina na transmissão de notícias para canais estrangeiros.

Maty Cohen, veterano jornalista israelense, abordou seu projeto de Mídia Independente Palestino-Israelense. Também aqui, a intenção é produzir notícias que reflitam a complexidade do conflito e da realidade palestino-israelense. Com esse intuito, o jornalista criou um canal de notícias, com palestinos e israelenses, que se dedica a mostrar as várias faces das duas sociedades, as tentativas de acordo, as contradições internas e os contatos entre vários grupos israelenses e palestinos.

Quinto Painel – “Fé, Diálogo e Política”

Contou com a participação de Mohamad Odeh, representante da Fatah para a América Latina; de Yehuda Goodman, antropólogo da Universidade Hebraica de Jerusalém, e do rabino Ruben Sternschein, da Congregação Israelita Paulista.

Odeh fez um chamamento ao diálogo entre judeus e muçulmanos, palestinos e israelenses, na diáspora e em Israel. Denunciou os grupos extremista dos dois lados, e disparou contra as propostas de “boicote”, dizendo que “muros atrapalham, pontes ajudam”.

Goodman fez um apelo ao diálogo acadêmico, agradeceu ao representante palestino por se colocar publicamente contra o boicote cultural e acadêmico e falou da importância de se construir diálogos, respeitando a narrativa de cada grupo, em vez de tentar impor as próprias.

O rabino Sternschein, por sua parte, mostrou a importância de transformar o púlpito da sinagoga em um lugar de diálogos e pontes, de aceitação das diferenças.

No debate, houve duros questionamentos sobre a posição palestina, que consideraria a ocupação israelense como tendo sido iniciada em 1948. Odeh reafirmou a posição de “Dois Estados” e se colocou novamente contra o movimento BDS.

Conversa com Gregório Duvivier

No último dia de encontro, Duvivier conversou com uma plateia de cerca de cem pessoas. Falou sobre os limites do humor no Brasil, das suas relações com grupos religiosos e da função do humorista em uma sociedade que “supera a piada”.

Ele foi questionado sobre sua relação com grupos evangélicos e com os governos ligados ao PT. Disse que sua função, como humorista, deve ser de crítica social, e se os evangélicos “ameaçam sua liberdade individual”, ele deve criticá-los, fazendo humor. Ressaltou que não tem problema específico com os evangélicos: se amanhã houver muçulmanos batendo em sua porta, eles serão vítimas do humor também. Com relação aos governos do PT, Gregorio foi muito crítico aos humoristas que, segundo ele, foram menos ácidos do que deveriam – por questões políticas-, e permitiram o crescimento de um humor comprometido com a direita.

Sobre Israel, colocou-se de forma clara contra os movimentos de boicote e disse estar muito interessado em conhecer o país e ter consciência da complexidade da situação.

Também revelou sua admiração por escritores israelenses, como Etgar Keret, o que fortalece seu apreço pelo poder da literatura. “Você deixa de ver um país dividido em dois lados e começa a ver as pessoas. Tudo muda”.

“Quando cheguei aqui, vi que cada lado tem milhões de histórias, não apenas uma, como sempre me disseram”, prosseguiu. “Vim para cá não para resolver essas contradições, mas para ficar mais confuso. Se era esse o objetivo de vocês, conseguiram!”.

Disse que tem uma tia judia, porque seu avô casou com uma judia em um segundo matrimônio. Por outro lado, parte da família é de esquerda e critica fortemente Israel, “muitas vezes sem base”, segundo ele. Assim, “nunca tive um pensamento próprio sobre o tema, porque nunca tinha estado aqui, nem havia lido muito a respeito. Só comecei a conhecê-lo em 2016, por meio da literatura israelense”.

Ele comentou, após o evento, que gostaria de voltar para Israel em 2018.

O Simpósio Internacional sobre o Brasil

Os simpósios estavam inicialmente centrados em estudos do Brasil em Israel. Nos últimos três anos, além do apoio do Departamento de Estudos Latinos Americanos da Universidade Hebraica de Jerusalém, foi feita uma parceria com o renomado Instituto Truman de Estudos da Paz, que funciona na mesma Universidade. A partir de então, o objetivo passou a ser tomar o caso do Brasil para estudar, de forma comparativa, fenômenos presentes nas realidades israelense e palestina.

O evento foi patrocinado por: Instituto Truman, Instituto Leonard Davis para Relações Internacionais e Departamento de Estudos Românicos e América Latina da Universidade Hebraica; a Iniciativa Brown University Brazil; o Centro Interdisciplinar de Estudos Judaicos e Árabes da Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Confederação Israelita do Brasil.

O Sétimo Simpósio Internacional sobre o Brasil, programado para janeiro de 2018, terá como tema “Racismo, Multiculturalismo e Inclusão: Brasil, Israel e Palestina”.

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