MERCADO DOS CHOCOLATES – POR FELIPE DAIELLO

286_life_3_1Durante a idade média, na região de Flandres, Brugges era centro comercial importante. As tecelagens, a indústria da lã, os mercados locais traziam riqueza e prestígio para a cidade.

Ligada ao mar, através do Canal Zwin, mantinha contato permanente com os centros produtores de lãs tanto da Inglaterra, da Escócia e até da Irlanda.

Com mais habitantes do que Londres na época, Brugges atraía delegação das cidades mais importantes da Europa, inclusive do distante reino de Portugal.

Entremeada de canais, na região do Grot Market, estavam localizados o cais, os depósitos portuários e a alfândega responsável pela cobrança dos impostos devidos.

Como cidade símbolo da região de Flandres, com o assoreamento do canal, aos poucos cede seu destaque para Antuérpia, atualmente o grande porto da Bélgica.

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Os séculos passaram, Brugges permaneceu esquecida e isolada, até ser descoberta pelos turistas, principalmente da Inglaterra.

Mantendo, restaurando e conservando o núcleo medieval, hoje patrimônio da humanidade, Brugges recupera o seu antigo prestígio. É a cidade mais encantadora da Bélgica. Vale o desvio, lugar para visitar antes de morrer, Gant, cidade próxima não possui o mesmo charme.

O “Beffroi”, a torre símbolo, representativa do poderio de Brugges, permanece altaneira junto ao antigo mercado. Do alto podemos ter visão da cidade na sua época medieval, o problema está nas escadas para subir. Os canais, as pontes, as antigas casas, estrutura de madeira, a maioria restauradas por fora e modernas na parte interna ficam expostas até o horizonte.

– É um problema trocar ou consertar qualquer detalhe na parte externa – habitante local explicava os rígidos controles dos órgãos responsáveis em manter a identidade de Brugges.

Aqui se fala o “flamisch”, algo que recorda o alemão e é variante do atual holandês de Amsterdan.

Em palácios e museus vamos encontrar as obras dos mestres flamengos como: Groening, Jordan e Van

286_life_1_3Na Igreja de Notre Dame podemos visualizar madona executada por Michelângelo.Durante a invasão nazista a mesma foi roubada e ficou desaparecida até o final da guerra. A odisseia é contada em filme de Hollywood com George Clooney. É preciso circular pela cidade, passear por ruelas tipicamente medievais, parar nos bares para apreciara cerveja local e depois passar para os doces e chocolates. Outra sugestão: os passeios de barco pelos canais, tendo o cuidado de não bater com a cabeça nos arcos das pontes; precaução única.

Brugges é fotogênica em todos os ângulos e a qualquer hora do dia ou da noite.Na periferia, ao lado dos canais,moinhos aposentados são testemunhas silenciosas.

Mas além da parte cultural, da gastronomia da Bélgica, uma das melhores do mundo, na fabricação e utilização do chocolate é que vamos encontrar outro ponto alto.

Lojas especializadas, pequenas fábricas, execução artesanal, receitas antigas produzem sabores que nos conquistam.

286_life_3_4Museu do Chocolate, onde podemos acompanhar os processos de fabricação, está acessível para os apreciadores e fanáticos da gula.

Não dá para resistir, o que compramos por curiosidade é logo consumido nos passos seguintes.

286_life_3_5O produto de Brugges supera os famosos pralines da Suíça. Sob todas as formas, como bombons, recheados ou não, com trufas, com frutas vermelhas, tem consistência divina. Desmancham na boca, trazendo satisfação e desejo de mais comprar.

Após o café restaurador, nada melhor do que sucumbir ao pecado da gula.

286_life_3_6Devido à influência alemã, o marsapão pode aparecer como coadjuvante; a mistura com o chocolate produz figuras de animais, de fadas, de elfos, que surgem para dar cores e formato à nossa imaginação.

-Fico com pena de consumir essa obra de arte – dizia desconhecido ao meu lado, mas não resistiu nenhum minuto.

Até os sorvetes locais abusam na cobertura do chocolate. São as calorias mais deliciosas de ingerir.

Caminha-se muito em Brugges, mas a melhor maneira de recuperar ânimo e energia tem solução imediata, a cada esquina surge a salvação, o chocolate belga sob todas as formas possíveis está logo ali.

286_life_3_7Nem preciso falar das embalagens e da apresentação das lojas, o bom gosto, a arte, o acondicionamento, tudo é feito por especialistas, por artistas para vender o chocolate local.

– Vamos apreciar sem moderação – é a mensagem que fica no nosso subconsciente. Não dá para resistir!


FELIPE DAIELLO – Autor de “Palavras ao Vento” e ” A Viagem dos Bichos” – Editora AGE – Saiba mais.

www.daiello.com.br