PESSACH ESTÁ CHEGANDO. VOCÊ SABE O QUE É LIBERDADE? – RABINO KALMAN PACKOUZ

287_historia_5_1Uma das liberdades a serem trabalhadas durante Pessach é a ‘liberdade da boca (ou seja, da fala)’. Nossos sábios encaram a boca como um das partes mais perigosas do corpo.


O primeiro Seder de Pessach será na noite da próxima segunda-feira, 10 de abril. O que precisamos saber para nos prepararmos para Pessach? Recomendo-lhes nossa espetacular homepage (em inglês): www.aish.com/passover ou espanhol: http://www.aishlatino.com/h/pes/ .

Alguns anos atrás, após Pessach, recebi uma carta de uma jovem. Ela havia ido ao que chamou de um Seder tipo “vamos correr com a Hagadá e comer logo”. O anfitrião era cínico e evasivo e ela estava muito chateada. Durante a refeição, ela reuniu toda a sua coragem, tirou uma cópia do Meór HaShabat e leu o trecho reproduzido abaixo. E me escreveu: “Rabino, o tom da noite mudou completamente. Quando acabei de ler houve um profundo silêncio, e aí irrompeu uma tremenda discussão sobre a natureza da Liberdade e o que a Torá diz a respeito”.

Talvez vocês achem bom ler a seguinte passagem no seu Seder! Eu adoro esta história!!

Quem é Realmente Livre e Como Conseguimos a Liberdade?

O ano é 1978 e o nome do homem é Yossef Mendelovich. O cenário: uma cela úmida, nas profundezas do presídio de Christopol, na União Soviética. A data é 12 de abril. No calendário judaico é 14 de Nissán, um dia antes de começar Pessach.

Yossef é um prisioneiro. Apesar de estar um “caco” de gente, vai acender uma vela. Feita de fiapos de corda amontoados, gotículas de óleo e finos pedaços de cera, esta é a vela moldada pelas mãos de Yossef. A vela está acesa: a procura do Hamêts tem início.

Algum tempo atrás, Yossef havia reclamado de dor nas costas. O carcereiro providenciou-lhe mostarda, para servir como pomada terapêutica. Não usada naquele instante, a mostarda reapareceria mais tarde como Marór (erva amarga) na mesa do Seder de Yossef (mesmo sabendo que com mostarda não se cumpre a Mitsvá de comer Marór). Uma cebola, há muito tempo mergulhada em água, produziu um humilde vegetalzinho verde. Este seria o seu Karpás. E o vinho? Uvas passas haviam sido deixadas de molho num velho vidro de geleia, água era adicionada de vez em quando, e ele aguardava que a fermentação ocorresse. Isto era o vinho. A Hagadá que Yossef havia transcrito num pequeno caderno de notas antes de ser preso, já a sabia de cor. A original foi secretamente passada para outro “perigoso” inimigo do Estado: Anatoly Sharansky.

Seria Yossef livre? Ele não podia fazer o que quisesse. Foi-lhe negada até a liberdade de saber quando o sol nascia e quando as estrelas começavam a brilhar. Para Yossef, o mundo dos homens livres nem havia começado a existir.

Ainda assim, Yossef talvez fosse mais livre que os seus captores. Claramente consciente, ele sabia exatamente quem era, o que queria, e estava preparado para pagar qualquer preço por isto. Hoje ele anda pelas ruas de Israel, estuda Torá e compra caixas e caixas de Matsá para servir em seu Seder. Ele é um homem livre agora da mesma forma que o era atrás das paredes daquela prisão sem vida.

Incrível, não? Leia mais sobre LIBERDADE abaixo.

Dvar Torá sobre Pessach e a Liberdade:

Muitos leitores me (se) perguntam: “Por que, em pleno século 21, temos que parar de comer Hamêts (praticamente todo produto feito de trigo, cevada, centeio, aveia ou espelta, não produzido especialmente para Pessach) durante Pessach nem tê-lo em nossas propriedades? Por que na noite anterior a Pessach procedemos a uma rigorosa procura pelo Hamêts em casa?”
Uma das respostas a esta excelente pergunta refere-se a algo que existe em todas as gerações e que resiste ao passar dos séculos. Nossos Sábios nos ensinam que o Hamêts representa a arrogância – uma das piores características humanas. Pessach é um período de nosso calendário em que nos dedicamos a nos livrar desta ‘virtude’.

Pessach é tempo de liberdade – liberdade espiritual – e é a essência do por que o Todo Poderoso nos tirou do Egito. Como mencionei anteriormente, a única coisa que se interpõe entre nós e D’us … somos nós. Para se aproximar do Todo Poderoso, que é a meta e a essência de nossas vidas (e esta oportunidade se apresenta ao cumprirmos cada Mitsvá e/ou Festividade religiosa), cada um precisa remover sua própria arrogância. Esta é a lição que aprendemos ao remover o Hamêts de nossas posses.

Liberdade significa possuirmos a capacidade de usar nosso livre-arbítrio para crescer e nos desenvolvermos. Muitas pessoas pensam que são livres, quando na verdade são ‘escravas’ das novidades e modismos da sociedade. Escravidão é tomar uma atitude não pensada, seguindo os desejos e impulsos do corpo. Nosso trabalho em Pessach é sairmos desta escravidão para a verdadeira liberdade.

Uma das liberdades a serem trabalhadas durante Pessach é a ‘liberdade da boca (ou seja, da fala)’. Nossos sábios encaram a boca como um das partes mais perigosas do corpo. É o único órgão que pode causar problemas em ambas as direções – no que entra (comida e bebida) e no que sai (a conversa). De tão perigoso, é o único órgão humano que tem duas ‘trancas’: os dentes e os lábios. Alguns de nós são escravos de suas bocas, tanto no que comem quanto sobre o que falam.

Na noite do Seder corrigimos estes problemas. Temos a mitsvá de relatar a saída do Povo Judeu do Egito (para refinar nossas conversas) e a mitsvá de comer Matsá e beber 4 copos de vinho (para enobrecer o que comemos e bebemos).

Possamos nós, neste Pessach, nos livrarmos de qualquer traço de arrogância em nossos comportamentos e relacionamentos. Possamos também nos libertar da ‘má boca’ e nos livrarmos da ‘boca solta’, onde muito de comida e bebida erradas adentram e muitas palavras inapropriadas escorregam para fora.


Pensamento: “Pessach vem nos ensinar uma mensagem muito importante sobre liberdade: a falsa liberdade deixa a pessoa livre para fazer o que quer; a verdadeira liberdade, para fazer o que precisa!”


RABINO KALMAN PACKOUZ – Do Aish Hatorá, é o criador do Meór Hashabat, boletim semanal com prédicas. Saiba mais.

NOTA:- Desejando contribuir para o Meor Hashabat acesse o www.aishdonate.com – Email – meor18@hotmail.com

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