“TOMAR NOSSO LUGAR” EM NOSSA FAMÍLIA – POR AKIM ROHULA NETO
O lugar que temos em nossa família não é físico, é emocional. Quando tomamos isso para nós e percebemos que temos este lugar, isso cria calma.
Muitas vezes recebo em meu consultório jovens adultos com o desejo de se emanciparem. Querem sair da casa de seus pais e ir tentar a vida. Porém, a maneira pela qual se contam, essa história os confunde e eles acabam criando brigas ao invés de irem para o mundo.
Ir para o mundo é um desejo de muitas pessoas. A relação com a família de origem é um ponto fundamental para ver como essa ida irá ocorrer. Uma das formas de pensar é: sair de casa. Outra maneira é: ir para o mundo. Sobre isso, há uma frase que norteia o meu pensamento em relação a isso: “permito-me ir adiante, pois dentro, sei do meu lugar”. Essa frase merece certa reflexão.
O desejo de ir para o mundo coloca a pessoa em conflito com o seu lugar na família. A ideia de deixar os pais e familiares e buscar algo seu constantemente causa uma angústia de separação. O que se torna sensível neste momento é o vínculo com a família e, principalmente, como se dará a manutenção dele ao longo dos anos com a separação.
Então as pessoas podem querer “sair de casa”. E nesse sentido, elas falam: “vou embora”. O lar é deixado para trás e a angústia de separação é calada com frases como: “preciso ir para o mundo”, “não aguento mais meus pais”, “não quero mais viver aqui”. A justificativa para o crescimento é que as relações atuais não se sustentam mais. Porém isso é apenas uma forma de (tentar) calar a angústia.
Outro movimento segue buscando ampliar a vida. Este movimento difere do segundo porque ele não deseja “sair de casa”, mas, sim, ir para o mundo “com a casa dentro de si”. A ampliação da vida, olha para a angústia que a separação pode criar e diz; “calma, minha família estará sempre aqui dentro do coração”. É trazer consigo algo que se ganha na família: um lugar.
O lugar que temos em nossa família não é físico, é emocional. Quando tomamos isso para nós e percebemos que temos este lugar, isso cria calma. E é tão poderoso que mesmo quando o lugar é sentido como duro ou negativo, ainda assim algo na pessoa se acalma. Não se busca mais negar as origens, a aceitação nos impulsiona para a vida, pois é da família que a vida vem.
A busca por “libertar-se” da família é sempre infrutífera. Como seria possível? Ao tomarmos a família para dentro de nós e assumirmos que ali temos um lugar podemos, ao invés de nos “libertarmos da família”, nos “liberar dentro dela”. E isso é muito mais poderoso. Sentir a liberdade dentro da família por assumir o nosso lugar nos permite ir adiante.
AKIM ROHULA NETO – Graduado em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, em Psicologia Corporal pelo Instituto Reichiano Psicologia Clínica e Centro de Estudos e em Programação Neurolingüística. Saiba mais.