DONA KLARA/ HANA MARKOVITS COMEMORA 100 ANOS

353_first_1_ 1No dia 26 de março, Dona Klara/Hana Markovits comemorou 100 anos de vida – e que vida. Nasceu na Hungria, estudou alta costura. Seu país foi invadido pelos nazistas e foi levada com os pais e 2 irmãs para Auschwitz. Seus pais foram exterminados, ela e suas irmãs sobreviveram.

Depois da guerra conheceu o Karchi, que sobreviveu aos sofrimentos que os judeus passaram nesta tenebrosa época. Sua esposa e dois filhos pequenos, não tiveram esta sorte, foram mortos pelos nazistas.

O Karchi estava se preparando para deixar a sangrenta Europa e ir para a então Palestina, sob domínio inglês, ajudar a construir o Estado de Israel. Em menos de um mês convenceu a Dona Hana, casaram e partiram para a longa jornada: tomar um barco e navegar ilegalmente para a Terra Prometida. Já nas costas de Israel, o seu barco, que parecia uma casca de noz, repleta de centenas de “ma’apilim”(imigrantes ilegais), foi abordado por um gigante navio de guerra inglês. Após breve luta, foram levados para detenção na ilha de Chipre (também sob domínio inglês).

Sendo casados, após alguns meses tiveram licença e viajaram a Israel. Os ingleses estavam se retirando e os árabes atacaram. Os homens foram recrutados para o que seria a Guerra da Independência. Trabalhando arduamente, foram progredindo e nasceram os dois filhos, David e a Aviva.

Em 1959, querendo mais calma, decidiram imigrar para o Brasil, estabelecendo-se no Bom Retiro. Lá começaram nova vida, construiram loja de confecções e também fabricaram saias de plissê.

Em 1968, David decide se alistar no Exército de Defesa de Israel. Estuda na Universidade Hebraica de Jerusalém e depois cumpre seu serviço militar e alguns anos de carreira. Lá encontrou sua esposa, Zahava. Os dois tem duas filhas, um filho e quatro netos.

A Aviva tomava conta dos pais. Casou-se e teve uma filha e um filho, este, casado e tem três filhos. Em 1999, Karchi, no Brasil conhecido como Sr. Carlos, faleceu aos 89 anos. A Aviva dedicava-se à mãe. Quando ela faleceu em 2009, David, que os visitava constantemente, toma a decisão de colocar a mãe no Residencial Israelita Albert Einstein, pois ela não queria deixar o Brasil e os entes queridos.

No RIAE a Dona Hana, das últimas sobreviventes de Holocausto em São Paulo, por sua personalidade meiga e calma é muito querida por todos. Neste aniversário histórico de 100 anos, toda a família estava para festejar juntos: de Israel, o neto e família de Santa Catarina, o primo Gabor do Rio, mas a atual crise do Coronavírus estragou o encontro. Comemoraram todos através do Skype e no ano que vem pessoalmente.

Mazal tov, muita saúde, alegrias e felicidades e nahat à mamãe de todos nós que te amamos: David, Zahava, Lia, Kobi e os bisnetos Hadar, Vik, Dror, Caio, Desiree e os três bisnetos, Tais, o primo Gabor, Beatriz e Samuel.


Texto: David S. Moran

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