GOLDA MEIR – A MULHER MAIS IMPORTANTE DA HISTÓRIA DE ISRAEL – POR MENDY TAL

356_first_1_1“Quando a paz chegar, talvez com o tempo perdoemos os árabes por terem matado nossos filhos, mas será mais difícil perdoá-los por terem nos forçado a matar seus filhos. A paz chegará quando os árabes amarem seus filhos mais do que nos odeiam”.


356_first_1_2Foi em 3 de Maio de 1898 que nasceu a mulher mais importante de Israel. Nascida na Rússia, em 1906 Golda e sua família se instalaram em Miwaulkee, nos Estados Unidos, onde estudou e se tornou professora. Emigrou para a Palestina em 1921 e foi um dos personagens mais extraordinários na criação e no desenvolvimento de Eretz Israel.

Nos anos que antecederam e durante a Segunda Guerra Mundial, Golda Meir ocupou lugares fulcrais na hierarquia política: foi chefe do departamento político da Agência Judaica, (a maior autoridade em Israel sob a administração britânica) e da Organização Sionista Mundial.

356_first_1_3Assim que a Independência do Estado de Israel foi declarada, em 1948, Golda Meir serviu o país com desvelo e foi nomeada para uma sem conta de cargos, até 1974. Já logo após a criação do novo país, seu amigo Davi Ben Gurion (foto) a nomeou para o cargo de embaixadora de Israel na União Soviética, quando as relações dos dois governos eram de uma animosidade retumbante.

Golda foi uma das mais cruciais porta vozes de Israel. Girou o mundo procurando sensibilizar a todos sobre a luta deste país para se tornar uma realidade eterna. Também, acionou os judeus da diáspora para que contribuíssem financeiramente na construção e consolidação da pátria judaica. Mais ainda, sua firmeza ao falar com os estadistas das maiores nações do mundo era reconhecida por todos.

Em tempos em que a mulher tinha muito pouco espaço para mostrar seu valor, a competência e a determinação de Golda a catapultaram para o panteão das grandes autoridades políticas mundiais.

Dois momentos cruciais de nossa história aconteceram durante o mandato de Golda como primeira ministra de Israel.

Um deles foi o massacre dos atletas israelenses nos Jogos Olímpicos de Munique, em 1972. Em 7 de setembro daquele ano Golda foi acordada e informada sobre os trágicos acontecimentos na Alemanha. Nove atletas eram mantidos como reféns em seus aposentos da vila olímpica e o grupo Setembro Negro assumira a responsabilidade pelo atentado. A exigência era que Israel libertasse mais de duzentos prisioneiros em troca dos reféns. Apoiada pelo gabinete, Golda mandou um comunicado às autoridades da Alemanha Ocidental informando que o governo de Israel não negociaria com terroristas, que Israel aceitaria que eles ganhassem a liberdade se o mesmo acontecesse com os atletas e que dava um voto de confiança às autoridades alemãs no sentido de que tudo fosse feito para garantir as vidas dos reféns.

Entretanto, a polícia alemã foi de uma incompetência exemplar e o sequestro dos atletas culminou com uma horrível catástrofe no aeroporto de Furstenfelbruck, onde todos morreram, vítimas dos terroristas. Golda, em Jerusalém, ouviu a seguinte informação: “Tenho más notícias. Acabo de chegar do aeroporto. Todos morreram”. Golda reagiu chocada: Às dez da manhã do dia 12 de setembro, o Knesset (parlamento) se reuniu para homenagear os onze israelenses assassinados. Foi nesse momento que Golda Meir expressou uma de suas frases famosas: “Quero partilhar meus planos com vocês. Decidi que vamos caçar cada um dos terroristas. Ninguém envolvido neste massacre andará impune por muito tempo na face da terra. ”

356_first_1_4Anos depois, ela escreveu em suas memórias: “Muitos esperam de nós que cheguemos a acordo com assassinos. Já está provado que ceder ao terror só leva a mais terror. Há governos que se rendem a exigências terroristas e que os libertam das prisões, enquanto a imprensa estrangeira e a nova esquerda os chamam de guerrilheiros e combatentes da liberdade. Fiquei enojada quando os assassinos de Munique receberam um turbilhão de publicidade e foram levados para a Líbia”. Porém, a náusea de Golda acabou sendo mitigada: de todos aqueles que perpetraram o massacre de Munique não sobrou nenhum vivo.

Outro momento extremamente traumatizante ocorreu em 1973. Foi a agonizante Guerra de Iom Kipur.

Após o difícil momento de Outubro daquele ano, Golda Meir passou a se referir à guerra do Yom Kipur como “uma quase catástrofe, um pesadelo pelo qual passei e que sempre estará comigo”.

Foi, de fato, o maior perigo que Israel enfrentou enquanto celebrava 25 anos de sua independência.

Muitos responsabilizavam a estadista por ter desprezado a ameaça iminente da guerra.

Ao fim das hostilidades, uma comissão de juízes incumbida de investigar as falhas ocorridas antes da Guerra do Yom Kipur, concluiu que em nenhum momento, sob nenhuma hipótese, qualquer culpa poderia ser atribuída à primeira-ministra.

É verdade que Meir gostava também de se auto definir como uma vovó e usava várias frases de cunho familiar ao dialogar com distintos expoentes do cenário político.

Há muitas frases sábias que Golda nos deixou, mas sua citação mais famosa e que permanece até hoje como um bom retrato do conflito entre Israel e os árabes é: “Quando a paz chegar, talvez com o tempo perdoemos os árabes por terem matado nossos filhos, mas será mais difícil perdoá-los por terem nos forçado a matar seus filhos. A paz chegará quando os árabes amarem seus filhos mais do que nos odeiam”.

Mendy Tal – Cientista político e ativista comunitário.

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