QUEM É A PESSOA DE SUCESSO? – RABINO YITZCHAK ZWEIG

“Algumas pessoas são tão pobres que a única coisa que têm é dinheiro!”

O que é sucesso na vida? Com demasiada frequência, o sucesso é igualado a algum tipo de conquista financeira. Inevitavelmente, quando alguém é descrito como “muito bem-sucedido”, significa que a pessoa alcançou sucesso financeiro. Será que isso é tudo em que se pode ser bem sucedido?

Claro que não. De fato, a pessoa pode ter uma quantidade enorme de dinheiro e nem ser considerada rica. Como?

Parte da vasta sabedoria ética da Torá está condensada em princípios e orientações para a vida e foi compilada por nossos Sábios no livro Pirkei Avot – Ética de nossos Pais. Este manual para a vida foi escrito há cerca de dois mil anos e a sabedoria contida nele é literalmente eterna.

“Quem é a pessoa rica?”, pergunta o Pirkei Avot. E responde: “Aquela que é feliz com o que tem”. Em outras palavras: ter muito dinheiro não necessariamente torna alguém rico. Todos conhecemos pessoas que têm muito mais dinheiro do que jamais poderiam gastar, mas passam a vida na busca interminável de tentar obter ainda mais. Elas simplesmente não estão satisfeitas com o que têm. São ricas? Dificilmente.

Muitos anos atrás, tomei café da manhã com o herdeiro de uma família muito conhecida no sul da Flórida, com vastas propriedades imobiliárias. Ele era jovem, talvez 22 anos de idade. Perguntei-lhe: “Quais são seus objetivos na vida?” Ele respondeu prontamente: “Meu objetivo é ganhar 100 milhões de dólares!” Ele ficou um pouco surpreso quando eu lhe disse que essa era uma das coisas mais sem nexo que eu ouvira naquela semana. “Mas rabino, é MUITO dinheiro!”, protestou ele.

“Claro que é”, expliquei, “mas o dinheiro não é um objetivo final, é apenas uma ferramenta para você obter o que deseja. É apenas um meio, não um fim em si”. E continuei: “Você precisa determinar seus objetivos e aí poderá decidir quanto dinheiro precisa para atingir essas metas. Por exemplo, se deseja construir um hospital, cem milhões podem não ser suficientes! Por outro lado, se tem objetivos mais modestos, realmente quer desperdiçar sua vida no escritório acumulando um dinheiro que nunca precisará?”

Meu querido amigo, o Rabino Kalman Packouz, de abençoada memória, costumava dizer: “Ninguém jamais foi para seu leito de morte desejando ter passado mais tempo no escritório!”

Uma boa receita para organizar os objetivos de nossas vidas é começarmos com um heshbon hanefesh – uma contabilidade de quem somos e o que desejamos na vida. Afinal, se não temos objetivos, é garantido que nunca os alcançaremos! Comecemos com o seguinte: 1) Para que estou vivendo? 2) Que metas considero significativas e gratificantes? 3) O que fiz hoje para me aproximar dos meus objetivos? 4) O que fiz que me afastou ainda mais de alcançar meus objetivos e como faço para corrigir isso?

Toda semana eu dou uma aula de administração financeira para rapazes do 2º e 3º colegial. Um dos principais objetivos do primeiro semestre é ensiná-los a ter um relacionamento saudável com o dinheiro e a entender o seu verdadeiro valor.

Uma das lições de vida mais importantes que lhes ensino é algo que aprendi ao ler uma entrevista com Warren Buffet, o famoso filantropo e investidor americano.

O Sr. Buffet tem um relacionamento muito saudável com o dinheiro. Ele mora na mesma casa que comprou quando jovem, dirige um carro não importado e também não novo e não possui o smart phone mais recente (ele ainda usava um ‘flip phone’ no momento da entrevista). Perguntaram-lhe: “Como o senhor define uma pessoa de sucesso?” Ele respondeu: “É aquela que as pessoas que deveriam amá-la, a amam”.

Então, que tipo de pessoa somos? Demonstramos genuíno carinho e preocupação com nossas famílias e amigos? Alguma vez contou-lhes o que sente por eles? Você é uma pessoa aberta e generosa? Você ensina os outros e realmente fica feliz com seus sucessos? Se respondemos sim, certamente somos amados!

Há mais uma coisa importante a acrescentar à visão de Warren Buffet. O Todo-Poderoso ama TODOS os Seus filhos. No entanto, assim como os pais, se um filho se comporta mal ou é abusivo, o pai tende a se distanciar do filho. Eles podem amá-los, mas talvez agora ‘não gostem’ dele.

Da mesma forma, quando nos comportamos de maneira não ética ou moral ou fazemos coisas impróprias, nos distanciamos de D’us. Temos constantemente de olhar quem somos e como agimos, para que o Todo-Poderoso e nós mesmos possamos nos orgulhar deste relacionamento.

Desta maneira, queridos leitores(as), seguramente teremos uma vida “muito bem sucedida”!


Dvar Torá: baseado no livro Growth Through Torah, do Rabino Zelig Pliskin

A Torá declara: “Essáv disse: ‘Tenho muito’. E Yaácov disse: ‘Tenho tudo’ (Genesis 33:9,10,11). Qual dos dois irmãos era mais rico?

O Hafêts Haim, Rabino Israel Meir Kagan (Polônia, 1839-1933), um dos maiores Sábios da geração anterior, explicou que com estas duas respostas podemos ver a diferença entre a visão do mundo de Yaácov e a de Essáv.

Essáv disse que tem muito. Mesmo tendo uma grande quantidade, ainda queria mais, pois, como diz o Talmud: “Quem tem cem quer duzentos”. Yaácov, entretanto, disse: “Tenho tudo”. Não sinto falta de nada. Essáv constantemente queria mais, enquanto Yaácov sentia uma grande satisfação com o que possuía.

Independentemente do quanto temos, sempre existirá mais para se querer. Manter a atitude de que nunca temos o suficiente nos causará uma frustração constante. Se focalizarmos naquilo que não temos ou pensamos não ter, nossas vidas se encherão de ansiedade e sofrimento. A escolha entre sermos verdadeiramente ricos ou sermos “pobres” com muitas posses é nossa!

Interiorizemos a atitude de Yaácov: “Tenho tudo que preciso”. Se focarmos no que temos, seremos felizes. É claro, temos o direito de tentar adquirir mais coisas. Entretanto, se não for possível, nos sentiremos calmos e serenos. Se conseguirmos mais, ótimo. Se não, é sinal que para o nosso próprio bem não precisamos realmente de mais nada!


Pensamento: “Algumas pessoas são tão pobres que a única coisa que têm é dinheiro!”


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