COVID-19 NA GRAVIDEZ

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Estudo identifica proteínas que podem favorecer a infecção da placenta pelo novo coronavírus.

[Imagem: Norman Barker/Johns Hopkins School of Medicine]

Covid-19 na gravidez

Assim que surgiram os primeiros indícios de que a covid-19 em mulheres grávidas poderia afetar os bebês, pesquisadores de todo o mundo começaram a pesquisar o assunto.

E uma equipe brasileira, da Universidade Estadual Paulista, acaba de descobrir um mecanismo que pode ser um dos responsáveis pela interação entre a covid-19 na mãe e seu bebê.

Flávia Constantino e seus colegas identificaram dois genes altamente expressos na placenta humana que codificam proteínas que poderiam servir como uma espécie de “porta alternativa” para a entrada do novo coronavírus (SARS-CoV-2) nas células: a dipeptidil peptidase 4 (DPP4) e a catepsina L (CTSL).

Como explicam os pesquisadores, as células da placenta expressam, durante toda a gestação, quantidades muito pequenas das duas moléculas usadas pelo SARS-CoV-2 para infectar células humanas: a enzima conversora da angiotensina 2 (ACE2) e a serino-protease transmembranar 2 (TMPRSS2). Mas essas quantidades disparam quando a mãe está com o vírus que causa a covid-19.

As análises e simulações revelaram que as células trofoblásticas que compõem as vilosidades coriônicas da placenta – parte fetal do órgão – coexpressam altas quantidades de DPP4 e de CSTL durante toda a gestação.

O estudo revelou ainda que ao longo da gravidez há uma grande alteração na expressão dos genes DAAM1 e PAICS (enquanto o primeiro aumenta, o segundo diminui com o passar dos trimestres). Ambos codificam proteínas que, segundo as simulações computacionais, são capazes de interagir com proteínas de coronavírus.

Na avaliação dos autores, o artigo recém-divulgado apresenta as primeiras evidências da existência de um mecanismo alternativo de infecção das células placentárias pelo SARS-CoV-2, que precisará ser confirmado e melhor compreendido em estudos futuros. Uma das ideias do grupo é analisar a expressão gênica na placenta de gestantes que contraíram covid-19.

Ainda não há relatos de bebês nascidos com sequelas decorrentes da infecção materna. Contudo, estudos já mostraram que o vírus pode causar alterações vasculares na placenta que, em teoria, poderiam prejudicar o aporte de oxigênio e nutrientes para o feto.

O artigo descrevendo a descoberta ainda está sendo avaliado por outros pesquisadores para que seja publicado em uma revista científica.

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Nota – Com informações da Agência Fapesp

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