ANIVERSÁRIO DA ACADEMIA -POR ARNALDO NISKIER

Tenho orgulho de pertencer há quase 40 anos à ABL, hoje na condição muito honrosa de vice-decano (só perco para José Sarney).

Agora em julho, a Academia Brasileira de Letras está comemorando 123 anos de uma existência fecunda, a partir dos primeiros tempos comandados por Machado de Assis. Não sei a razão, mas quando me pediram para falar algumas palavras, lembrei de Pitágoras, na velha Grécia, quando ele disse que “devemos educar as crianças, para não ser preciso punir os adultos”.

Tenho orgulho de pertencer há quase 40 anos à ABL, hoje na condição muito honrosa de vice-decano (só perco para José Sarney).

Na Academia aprendi a amar a língua portuguesa. Foi onde ouvi dizer que o português é a língua com a qual amanhecemos para a civilização e a cultura. Hoje, se incluirmos Goa e Macau, antigas colônias portuguesas, há mais de 10 países em que se pratica a língua de Camões. Ainda não somos uma língua oficial da Organização das Nações Unidas, mas com o Acordo Ortográfico de Unificação estamos no bom caminho de termos esse merecido reconhecimento. Fui testemunha na nossa sede, em 1990, quando o presidente Lula assinou o documento de oficialização desse Acordo. Agora, querem mexer na sua estrutura, sobretudo alguns escritores inconformados de Portugal, mas francamente somos inteiramente contrários a esse movimento de rebeldia, inoportuno e sem nexo. Não vai facilitar coisa alguma. Ao contrário.

Falei em Pitágoras, mas a Academia veio da escola de Platão “situada perto da cidade, cercada de árvores, assim chamada por causa do semideus Academos”. Mas a nossa teve por inspiração a Academia Francesa, criada por Richelieu, em 1635. A Academia Real de Londres é de 1660 e a Arcádia Romana é de 1690. Está em nossos Anais que a inauguração da ABL, com a presença de 16 imortais, aconteceu em 20 de julho de 1897, numa sala do Pedagogium, na rua do Passeio. Como primeiro presidente, Machado de Assis fez uma pequena alocução. Rodrigo Octávio, 1º Secretário, leu a memória histórica dos atos preparatórios e o Secretário-Geral, Joaquim Nabuco, pronunciou o discurso inaugural. Dali para a frente foi uma sucessão de fatos importantes, como a cessão do Petit Trianon, construída para a Exposição do Centenário da Independência do Brasil, como sede definitiva da ABL. A sessão inaugural foi em 15 de dezembro de 1923. Seguramente, é uma existência na verdade gloriosa.


ARNALDO NISKIER – Membro da Academia Brasileira de Letras, presidente do CIEE/RJ e formado em Matemática e Pedagogia. Saiba mais.

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