EM BUSCA DE ESSÊNCIA – POR AKIM ROHULA NETO

A essência liberta, pois nos mostra a escolha mais importante e, justamente por isso, reduz nossas escolhas. A finitude se apresenta aí, pois a partir do momento em que tomamos para nós a essência, também tomamos a vida e a morte, para onde toda vida flui.

Qual a sua essência? Esta é uma pergunta importante em qualquer momento de nossas vidas. Quando pensamos na essência, as coisas ficam mais simples, nossas forças ficam mais à amostra e as dificuldades diminuem.

Mas como encontramos a essência de quem somos? Esta é uma pergunta interessante de ser respondida. Uma análise inicial pode achar muito difícil e perigoso apontar para algo e afirmar: esta é a minha essência. Este é um caminho que visa entender a essência e afirmá-la pelo emprego de nossa razão e percepção. Porém será que este caminho é o único caminho para conseguirmos perceber nossa essência?

Há uma outra pergunta que também é interessante: como foi que me desconectei de minha essência. Esta é uma pergunta religiosa, pois indica que sabemos qual a nossa essência, ou seja, não precisamos descobri-la, mas, sim nos reconectar, ou usando a palavra religião em sua essência: religar-nos à ela.

Nesse sentido, o questionamento é distinto, pois aqui o ponto trata da desconexão e não da necessidade em descobrir algo. O motivo pelo qual eu prefiro esta forma de agir é porque observo as pessoas, elas já usam a sua essência, de fato, é impossível não usarem ela. Porém, quando o fazem sem a consciência disso, podem estar fazendo um uso equivocado dela. Isso é algo interessante acerca de nossa essência, mesmo aquilo que nos é mais caro é possível de ser usado erroneamente e nos prejudicar ou prejudicar os outros.

Tome a justiça, por exemplo, se uma pessoa emprega a justiça de forma exagerada, pode acabar agindo de forma indecisa, vendo virtudes onde as mesmas não existem e aí por diante. A coragem pode ser tornar uma ousadia desmedida, a sabedoria pode se tornar pedante, o comedimento assumir a face da covardia. Ou seja, uma virtude exaltada demais pode assumir formas a forma de um defeito.

E quando isso ocorre, queremos nos livrar do defeito, não é mesmo? E se este defeito do qual você tenta se livrar com tanto afinco, for, de fato, sua virtude sendo mal utilizada? Reconectar com nossa essência significa parar de lutar contra aquilo que somos. Observar o que se passa em nosso interior e simplesmente deixar o que nos define emergir.

Este caminho não é muito usado, porque vivemos em uma sociedade de fazedores. Assim sendo, permitir-se “ser feito” por algo que já nos habita parece distante do nosso ideal cultural da pessoa que se faz através do seu esforço. Porém, muitas vezes o maior esforço é permitir, pois isso nos torna vulneráveis, nos coloca cara a cara com nossa finitude e com nosso destino.

A essência liberta, pois nos mostra a escolha mais importante e, justamente por isso, reduz nossas escolhas. A finitude se apresenta aí, pois a partir do momento em que tomamos para nós a essência, também tomamos a vida e a morte, para onde toda vida flui. Porém, como vamos morrer de uma forma ou de outra, rumar para este lugar com nossa essência é como voltar para casa.


AKIM ROHULA NETO – Graduado em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, em Psicologia Corporal pelo Instituto Reichiano Psicologia Clínica e Centro de Estudos e em Programação Neurolingüística. Saiba mais.

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