IMJ BRASIL E KLEZTIVAL 2020 – INOVADOR, O BUBBE AWARDS TRAZ NOTORIEDADE INTERNACIONAL AO FESTIVAL BRASILEIRO

Nicole Borger

Em onze anos de existência, o principal projeto do Instituto da Música Judaica – Brasil comandado por Nicole e Edy Borger, Bruno Szlak e diretoria, o KLEZTIVAL – Festival Internacional de Música Judaica realizado anualmente, tem se pautado pela inovação e pela qualidade de suas apresentações.

Este ano, não foi diferente, porém foi bem diferente. A começar pelo fato de que tudo teria que ser virtual, e não presencial, como em anos anteriores. E como se distinguir de tantos outros eventos musicais online acontecendo no mundo todo? Como fazer algo novo que os artistas quizessem participar e as pessoas tivessem vontade e prazer de assistir?

Segundo Nicole “fomos buscar em nossos objetivos institucionais que preconizam nossa vocação para preservar e promover a cultura judaica através da música e estimular e divulgar o trabalho de artistas nacionais e internacionais, que atuam nesse gênero musical. Foi daí que surgiu a inspiração para a criação do Bubbe Awards”.

No sábado, 24 de outubro, os vencedores dos Prêmios Bubbe, uma competição internacional de música judaica, foram anunciados durante uma cerimônia de premiação transmitida pelo YouTube.

O concurso foi organizado como parte do festival internacional de klezmer, “Kleztival”, realizado de 17 a 25 de outubro, em São Paulo, Brasil. 136 cantores e músicos de 22 países enviaram canções escritas durante o ano judaico de 5780 (setembro de 2019 a agosto de 2020). O júri selecionou 10 finalistas em três categorias: “Melhor Videoclipe Judaico”, “Melhor Nova Canção Iídiche” e “Melhor Tema Instrumental Klezmer”. As dez inscrições em cada categoria escolhidas para a rodada final foram transmitidas no YouTube uma semana antes da cerimônia de premiação para dar aos espectadores online a chance de votar em seus favoritos.

Cantores, compositores e músicos vencedores receberam prêmios em dinheiro que variaram de $ 200 a $1.000 dolares norte americanos.

Tania Grinberg

Na categoria “Melhor Canção Iídiche Original”, o júri – composto por Lorin Sklamberg, vocalista da banda Klezmatics premiada com o Grammy e arquivista de som do YIVO Institute em Nova York; Abraham Lichtenbaum, diretor do Instituto IWO em Buenos Aires, e Ethel Raim, a cantora folk e co-fundadora do Centro de Música e Dança Tradicional – selecionaram três inscrições vencedoras entre 38 inscrições. O júri concedeu o primeiro prêmio à dupla moldova Efim Chorny e Suzanna Gherghus por sua canção, “S’iz Dorem-Amerike” (It’s South America), enquanto a vencedora pelo voto popular foi a cantora brasileira Tânia Grinberg, por sua canção, “Naye Velt” (Novo Mundo).

O segundo lugar foi um empate entre “Der Talyen” (The Hangman), do americano Josh Waletzky, que condena o assassinato de George Floyd, e “Di Levone Badekt Ir Shmeykhl” da cantora holandêsa Shura Lipovsky (The Moon Covers Her Smile). Waletzky é bem conhecido por suas canções em iídiche sobre questões políticas polêmicas: sua canção condenando a desigualdade de renda, “Nayn un Nayntsik” (“noventa e nove” referindo-se ao slogan do Ocupy Wall Street “Nós somos os 99%”) tornou-se uma referencia musical interpretada por diversos outros cantores. Embora “Der Talyen” seja a primeira música iídiche sobre o assassinato de George Floyd, ela remete a uma longa tradição de canções sobre a brutalidade policial.

O terceiro lugar foi concedido à cantora de Nova York, Sarah Myerson por “Mame, Mame, Zog Mir Dos” (Mãe, Mãe, Conte-me).

Na categoria de “Melhor Novo Tema Klezmer Instrumental”, o júri atribuiu ao norte-americando Nat Seelen o prêmio máximo por sua “Suíte 1973”. Seelen toca clarinete na banda klezmer de Boston, Ezekiel’s Wheel. Os eleitores online escolheram “Rusanivski Kosatchok” do compositor ucraniano Mitya Gerasimov como o prêmio de escolha popular para a melhor tema klezmer. Nicolaas Cottenie, da Alemanha, ganhou o segundo prêmio por sua composição, “Khosidl fur das Neue Lebn”, uma dança hassídica para a nova vida, e o músico ucraniano Gennadyi Fomin levou para casa o terceiro prêmio com a música “Golden Fish”.

O prêmio máximo de melhor videoclipe foi concedido ao artista punk klezmer americano de Berlim, Daniel Kahn, e à soprano israelense Sveta Kundish, por “Di Mentshn-Freser”. A música, cujo título se traduz como “Canibais”, foi escrita por Solomon Small em 1916 e descreve o sofrimento da humanidade com as pragas ao longo da história. O videoclipe socialmente distanciado tece imagens de arquivo da pandemia de gripe de 1918 com os cantores vagando pelo interior da Alemanha no auge do confinamento do coronavírus.

Os eleitores online também homenagearam a estrela do teatro iídiche israelense Yoni Eilat com “Zol Zayn” (“Que seja”) de Joseph Papiernikov com o prêmio de juri popular.

A atriz, cantora e rapper suíça Lea Kalisch recebeu o segundo prêmio por seu vídeo de rap feminista em iídiche-inglês, “Eshet Chayil of Hip Hop”.

Outro rapper, o sul-africano Sam Turpin, recebeu o terceiro lugar com seu videoclipe “Sahara Flow”.

Alem disso, foram atribuidos a Alejandra Czarny da Argentina (Oyf Yeden Breg Fun Yam) o premio de melhor contribuição da America Latina, e aos brasileiros Alexander Parke, Gabriel Neistein (Baião Hassídico) e aos argentinos Joni Strugo e Juan Grabina (Un Barquito de Sal) os premios de Revelações Jovens.

Tambem foram concedidas menções honrosas pelo conjunto da obra, as seguintes pessoas que trabalham ou atuaram no sentido de promover a cultura e a música judaica e o idioma Iidishe: Prof, Sonia Kramer, do projeto Viver com Iidishe, do Rio de Janeiro, maestrinas Sima Halpern e Muriel Waldman e a cantora Cilly Litvak, de São Paulo.

Alem da premiação Bubbe, o festival teve apresentações musicais especiais como a da cantora norte-americana Eleonore Reissa, do Duo argentino Lerner y Moguilevsky, do grupo Viver com Iidishe, e da fenomenal banda russa Dobranotch, de São Petesburgo.

Cantora Fortuna

Outras atrações especiais foram as apresentações dos documentários Chava Alberstein – Uma Fonte de Inspiração, e Um Beijo no Seu Coração, que serão apresentados em dezembro próximo, no Festival Yiddish New York, e a reapresentação do musical José e seu Manto Tecnicolor, da cantora Fortuna com Rafael Zolko. E dentre as palestras: Klezmer nos Pampas, com Claudio Levitan, Natalio Sturla e Judith Elkis, Danças Folclóricas, com Helio Plapler, Gingi e Ieda Bogdansky, Os Music Halls de Londres, com Vivi Lachs, e Gravações Históricas, com abraham Lichtenbaum da IWO de Buenos Aires.

O festival teve o apoio da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, através do ProAc ICMS e da CSN – Companhia Siderurgica Nacional, da Ass. Brasileira A Hebraica de São Paulo, do Museu Judaico da Faculdade Cantareira, do Instituto Bacarelli, da Fundação Ema Klabin e outros.

O festival foi assistido em todo o globo e recebeu aclamações e artigos de jornais em diversos países. Alguns programas tiveram mais de duas mil visualizações e o juri popular teve aproximadamente mil votos para cada categoria. “Quem ganhou não foram somente os artistas premiados, mas sim a cultura e a música judaica, com uma incrível renovação de repertório em nível mundial”, diz Nicole Borger.

Todos os eventos ainda estão disponíveis e podem ser assistidos pelo site do IMJ Brasil – www.imjbrasil.com.br .

Todos os videoclipes indicados podem ser assistidos aqui: http://www.imjbrasil.com.br/kleztival/index.html

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