FIRST CLASS GENTE: ELISA NIGRI GRINER – POR GLORINHA COHEN
Ser voluntário é ser altruísta, é doar seu tempo, seu trabalho e habilidades para causas sociais e comunitárias. O trabalho voluntário exige o mesmo grau de comprometimento que um trabalho normal, mas a recompensa é muito grande. É um exemplo que você transmite para os seus filhos e para as futuras gerações.
De sorriso fácil, conversa agradável e encantadora em sua simplicidade, difícil não gostar de Elisa Nigri Griner logo à primeira vista. Esta carioca da gema radicada em São Paulo há 13 anos tem se destacado no trabalho voluntário em prol das nossas entidades, ao qual dedica todo seu tempo com a garra e determinação da leonina que ela é. Deixando sua marca por onde passa, poder-se-ia dizer que é uma verdadeira representante de sua geração.
Elisa foi VP de Juventude na Hebraica de São Paulo e atualmente é Diretora de Juventude da Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp), VP da mesa do Conselho da Hebraica paulista e faz parte do Conselho e do Comitê de Responsabilidade Social do Hospital Albert Einstein, do Conselho da Universidade de Haifa e da diretoria do Beit Halochem, além de coordenar o grupo de Liderança e Networking – ELF da Fisesp.
Para saber mais sobre esta fascinante mulher leia a entrevista especial que nos foi concedia e na qual desnuda sua alma ao falar sobre família, amigos, projetos e outros temas.
GC – Estado civil e filhos.
ENG – Em primeiro lugar quero agradecer a você Glorinha , por esse convite para participar do First Class e contar um pouco da minha trajetória.
Eu sou casada com Carlos Alberto Griner, engenheiro e Vice-Presidente da Embraer nas áreas de ESG, Pessoas e Comunicação. Tenho 3 filhos: Victor, de 20 anos, que estuda economia no Insper, Rodrigo, de 19, estudando Engenharia da Computação também no Insper e o caçula, Leonardo, com 15 anos e estuda no Alef Peretz. Sou economista de formação com pós graduação em análise de conjuntura econômica.
GC – Nasceu onde e em que data?
ENG – Nasci no Rio de Janeiro em 27/07/70. Sou uma autêntica carioca que se apaixonou por São Paulo e principalmente pela comunidade judaica daqui. Moro em São Paulo há 13 anos. Deixamos o Rio em 2002 para acompanhar a carreira de executivo do meu marido. Ele trabalhava na GE e fomos morar nos EUA, em Cincinnati. Depois de 2 anos mudamos para a cidade do México onde ele assumiu o cargo de Diretor de RH. Lá moramos por 3 anos e meio e nasceu meu caçula. Depois disto meu marido foi transferido para SP para assumir o cargo de diretor para a América Latina. E assim viemos morar aqui.
GC – Defina família e amigo.
ENG – Família é tudo para mim. É o meu pilar, a minha estrutura e a minha essência. Minha família é sempre a minha prioridade e foi o primeiro grande motivador para eu me lançar no trabalho voluntário.
É ela que me dá suporte quando preciso e celebra as conquistas.
E o amigo é sem dúvida a família que escolhemos. É aquela pessoa que se confia acima de qualquer coisa e que está sempre disposto a ajudar em qualquer situação. Como não temos família aqui em SP, D´s foi muito generoso com a nossa família e colocou em nosso caminho amigos-irmãos que estão sempre ao nosso lado.
GC – O que o Judaísmo significa pra você?
O Judaísmo é a minha religião, mas acima de tudo é a maneira como eu enxergo o mundo. Pauto as minhas ações nos ensinamentos da Torah, da Cabala e adoro usar o Pirke Avot , A Ética dos Pais, para me orientar e tomar decisões.
GC – Do que gosta e do que não gosta.
ENG – Como carioca da gema adoro a praia, um chinelo Havaiana nos pés , pessoas simples e verdadeiras , um café com as amigas, ver filme com os meus filhos e dançar, principalmente Harkadá. São Paulo hoje é a minha casa mas sinto muita falta da convivência com a minha família, meu pai Isaac, e meus irmãos Zé e Daniel. Sempre fomos muito unidos e a falta deles no meu dia a dia é enorme.
GC – Lugar inesquecível.
ENG – Tive a sorte de conhecer vários lugares incríveis como Alasca, Nova Zelândia, África, mas o meu lugar inesquecível sempre será Israel. Sinto uma conexão de alma quando chego lá e hoje em dia mais ainda. Em 2018 minha mãe, Sara Nigri ZL’, e minha maior referência de ativismo comunitário faleceu e eu a levei para ser enterrada no Monte das Oliveiras. Então um pedaço de mim está lá.
GC – O que a tira do sério?
ENG – O que realmente me tira do sério são as pessoas que gostam de levar vantagem nas situações, que não respeitam o próximo e não têm olhar para o outro. Não admito traição e falsidade.
GC – Conte um pouco de sua vida profissional.
ENG – Sou economista formada pela UFRJ, com pós graduação em análise de conjuntura econômica. Fiz estágio na área de câmbio e meu primeiro trabalho foi na Arthur Andersen como auditora. Depois decidi prestar concurso para o Banco Central do Brasil e fui para a fiscalização de bancos na área de câmbio e lavagem de dinheiro. Larguei o banco em 2001 para viajar para os Estados Unidos acompanhando o meu marido.
GC- Quando começou no voluntariado e qual foi seu primeiro trabalho?
ENG – Meu primeiro trabalho voluntário foi na Cidade do México em 2004, quando me convidaram a participar do grupo de mães da escola. Cheguei a ser vice-presidente do Comitê de Madres. A comunidade mexicana é muito bem estruturada e organizada, com instituições judaicas fortes e muito ativas. Aprendi muito com essa experiência. Como não podia trabalhar resolvi me dedicar ao voluntariado.
GC – Teve influência de alguma pessoa?
ENG – Sem dúvida!!! A minha família, Nigri de pai e Cohen de mãe, é o meu maior exemplo. Meu avô materno fundou a sinagoga e a escola Maguen David no Rio de Janeiro e a minha avó paterna, que carrego o nome, fundou o clube Macabeus e realizava diversos eventos para os jovens da comunidade carioca. Vários casamentos aconteceram pelas suas mãos. A minha mãe, Sara Nigri, foi uma grande voluntária e ativista comunitária de quase todas as instituições no Rio de Janeiro e o meu irmão, Zé Nigri, fundou a revista Messiba e realizou as melhores viagens para jovens dos últimos anos.
GC – Qual o projeto mais importante que conseguiu implantar como Vice-Presidente de Juventude da Hebraica de SP?
ENG – Foi um período de muitas realizações e trabalhamos em um grupo maravilhoso sob a presidência do Avi Gelberg. Eu citaria como grandes realizações daquele período a criação do Merkaz, a ideia e realização do primeiro Pholia do Clubes, o Painel de Carreiras para jovens, o Musical Shrek e a retomada das festas de Yom Kipur para os jovens.
GC – Ainda é voluntária da Hebraica?
ENG – A Hebraica é a minha segunda casa. Sem dúvida o lugar de São Paulo onde mais me sinto bem. E sigo como voluntária. Sou Vice Presidente da Mesa do Conselho.
GC – Hoje você é Diretora de Juventude da Fisesp. Como você avaliaria a atuação da juventude dentro da comunidade hoje em dia?
ENG – Sinto que a juventude hoje em dia está mais próxima e mais conectada com as instituições. Quando eu e Paula Lottenberg assumimos a diretora há 2 anos atrás, um pouco antes da pandemia, a nossa missão era escutar a voz dos jovens. Trazê-los para perto das decisões e escolhas. Realizamos uma reunião com todos os líderes de grupos jovens na Fisesp ainda antes da pandemia e demos o tom da nossa gestão. Criamos um stories da juventude onde divulgamos os eventos de todos, temos um grupo de Watsapp para que as instituições possam divulgar os seus eventos, realizamos o Ato de Yom Hashoa com a participação ativa dos jovens e do Conselho.
A Fisesp hoje, com a liderança do Luiz Kignel e Ricardo Berkiensztat, tem uma atuação mais próxima dos jovens com vários projetos relacionados a mulheres, inclusão, 60+, Hineni que abraça a comunidade LGBTQI+. E estas são causas muito importantes para os jovens.
GC – Você também coordena o grupo de Liderança e Networking – ELF da Fisesp. Como surgiu a ideia de criá-lo?
ENG – O LEN, grupo de Liderança e Networking, é um braço do grupo ELF e tem a missão de promover o crescimento e ampliar a participação de mulheres em cargos de liderança, através do crescimento pessoal e profissional. Durante a quarentena recebi uma ligação da Sabrina Wagon e da Vera Grytz , duas profissionais de super destaque nas suas áreas com a ideia de criarmos um grupo forte e poderoso de mulheres na comunidade judaica. Uma autêntica confraria feminina. Como diretora da Fisesp achei que o grupo caberia perfeitamente dentro do ELF, coordenado pela Miriam Vasserman.
Hoje em dia eu coordeno o grupo com a ajuda de um time de mulheres maravilhosas. Sabrina, Vera, Paula Puppi, Carla Rosenthal Gil, Adriana Adler, Juliana Kraiser, Ilana Minev e Ana Livovschi. O grupo trabalha com 4 pilares muito fortes e estruturados que são os Eventos, Aprendizagem, Fóruns e Mentoria.
GC – Como se faz para participar do grupo?
ENG – Qualquer mulher da comunidade é mais do que bem vinda ao grupo. Sinto que as mulheres estão se movimentando e procurando novos propósitos e caminhos profissionais e isso me motiva ainda mais.
GC – Você atua em outras entidades?
ENG – Hoje em dia dedico todo o meu trabalho para as causas voluntárias. Sou diretora de juventude da Fisesp, VP da mesa do conselho da Hebraica, faço parte do Conselho e do Comitê de Responsabilidade Social do Hospital Albert Einstein, Conselheira da Universidade de Haifa e da diretoria do Beit Halochem.
GC – Quais mudanças percebeu em si mesmo após dedicar-se ao trabalho voluntário?
ENG – Ser voluntário é ser altruísta, é doar seu tempo, seu trabalho e habilidades para causas sociais e comunitárias. O trabalho voluntário exige o mesmo grau de comprometimento que um trabalho normal, mas a recompensa é muito grande. É um exemplo que você transmite para os seus filhos e para as futuras gerações. A maior mudança que enxergo é o olhar para o próximo e estar sempre atenta às necessidades das pessoas construindo pontes e podendo ajudar aonde somos chamados.
GC – O que mais o encanta ou frustra no trabalho voluntário?
ENG – O que mais me encanta é o fato de você amar alguma causa e se dedicar a ela. É muito bom quando podemos compartilhar aquilo que aprendemos e temos de melhor dentro da gente para ajudar a nossa comunidade. Já o que me frustra são os egos , as vaidades e as concorrências que às vezes acontecem.
GC – Quais os desafios enfrentados durante a pandemia e como está lidando com eles?
ENG – A pandemia foi o período mais desafiador que a humanidade passou nos últimos tempos e acredito que ninguém sairá dela sem algum impacto. Eu sou uma pessoa muito sociável que adoro estar com outras pessoas e como tive um câncer de mama acabei me isolando bastante. A gente acaba se acostumando com tudo mas a ausência do contato físico, do olho no olho fizeram muita falta. Estou muito feliz que a vacinação está avançando e já já poderemos voltar as nossas vidas.
GC – Projetos novos para 2022?
ENG – Os anos de pandemia foram muito difíceis e sensíveis. O ano de 2022 será, se D’s quiser, o ano da retomada dos eventos presenciais, e consolidação dos projetos que estão em andamento. O Grupo de Liderança por exemplo teve até hoje todas as suas reuniões, eventos e cursos on line. Estamos planejando vários encontros de networking e quem sabe até uma viagem para Israel em uma missão feminina para conhecer empresas e visitar centros de empreendedorismo.