FAÇA A SUA PARTE – RAV EFRAIM BIRBOJM

O Rav Shach sobreviveu à guerra e acabou se tornando um dos maiores Roshei Yeshivá da história do povo judeu. Em um momento de dificuldade e indecisão, ele fez a sua parte e D’us fez o resto.

O Rav Elazar Menachem Man Schach zt”l (Lituânia, 1899 – Israel, 2001), ao relembrar-se de como escapou das tragédias do Holocausto, via claramente que em cada passo do caminho ele foi guiado pelas mãos de D’us. Ele costumava ensinar que quando a pessoa é incapaz de decidir por si mesma, a decisão é feita por ela pelos Céus. E ele exemplificava isso através de algo que aconteceu em um momento muito importante da sua vida.

No começo da 2ª Guerra Mundial, várias Yeshivót fugiram da Rússia comunista e foram para a cidade de Vilna, capital da democrática Lituânia. No entanto, em pouco tempo os russos conquistaram a cidade e mais uma vez muitos judeus tiveram que decidir para onde fugir. O Rav Schach tinha duas opções: viajar para Eretz Israel ou para a cidade de Kletzk, na Bielorússia, onde teria a oportunidade de poder continuar ensinando Torá. E, além disso, sua esposa havia trabalhado como farmacêutica em Kletzk e permaneceu lá quando o Rav Schach viajou para Vilna, devido aos pedidos dos moradores locais, para ajudar no preparo de remédios para eles. O Rav Schach continuava em dúvida e adiou sua decisão até o último momento.

O prazo final para a decisão caía em uma sexta-feira, véspera da leitura na Torá da Parashá Lech Lechá. Esse era o último dia para realizar os procedimentos necessários para uma possível viagem, e ele tinha que ir ao correio para enviar uma carta para sua esposa com uma das duas escolhas: ou ele iria se encontrar com ela em Kletzk e ficar por lá, ou ela viajaria até Vilna para encontrar-se com ele e de lá partiriam para Eretz Israel. A dúvida em sua cabeça era grande. Como tomar a decisão? Ele então preparou duas cartas, em dois envelopes distintos, um com o plano “A” e o outro com o plano “B”, para que pudesse ficar ponderando na fila do correio sobre qual decisão tomar. Ele estava aguardando na fila, pesando os prós e contras das duas opções, porém sem conseguir decidir-se. Ao chegar sua vez de ser atendido, ele ainda estava indeciso e ficou parado, olhando para os dois envelopes. Seus pensamentos foram abruptamente interrompidos pelos gritos do funcionário do correio, dizendo que ele estava atrapalhando a fila. Sem cerimônias, ele pegou um dos envelopes da mão do Rav Schach e despachou. O Rav Schach ficou abismado com a atitude grosseira do funcionário e disse:

– Espere, eu não lhe dei este envelope! Por que você o tirou das minhas mãos? Talvez eu quisesse enviar a outra mensagem! Por que você fez isso?”

O atendente simplesmente ignorou o Rav Shach e disse: “Próximo!”. O Rav Shach percebeu que seria perda de tempo ficar discutindo, e então abriu o envelope remanescente e entendeu que sua esposa iria estar brevemente recebendo uma carta com instruções de viajar imediatamente para Vilna, com destino final em Eretz Israel.

O funcionário mal-humorado do correio foi enviado dos Céus para “escolher” qual era a decisão correta a ser tomada e mostrar o caminho que levaria o Rav Shacha à sobrevivência e sucesso em Eretz Israel. O Rav Shach sobreviveu à guerra e acabou se tornando um dos maiores Roshei Yeshivá da história do povo judeu. Em um momento de dificuldade e indecisão, ele fez a sua parte e D’us fez o resto.


RAV EFRAIM BIRBOJM – Mestre em Engenharia pela Escola Politécnica da USP, começou seu processo de Teshuvá (retorno ao judaísmo) aos 25 anos, através da Instituição “Binyan Olam”.Saiba mais.

Email: efraimbirbojm@gmail.com