O QUE HÁ DE BOM EM UMA PERDA? – RABINO ARIEH RAICHMAN

Em tempo, ela começou a se acalmar e falamos sobre a perda e como tudo isso faz parte de um plano maior. Compartilhei com ela o fato de que, se D’us, por qualquer motivo, decidiu que ela perderia esse dinheiro, é melhor perdê-lo instantaneamente do que por outros meios.

Esta semana, uma turista americana compartilhou que seu dinheiro havia sido roubado recentemente. Esses ladrões são profissionais no que fazem e, em poucos minutos, podem acabar com as economias de uma vida inteira. Ela estava longe de casa e preocupada em como a situação financeira seria resolvida. Quando ela se sentou para beber um pouco de água, sua mão tremia incontrolavelmente e a água derramava. Eram seus nervos dominando seus sentidos.

Em tempo, ela começou a se acalmar e falamos sobre a perda e como tudo isso faz parte de um plano maior. Compartilhei com ela o fato de que, se D’us, por qualquer motivo, decidiu que ela perderia esse dinheiro, é melhor perdê-lo instantaneamente do que por outros meios. Ela concordou que a perda por motivo de dor física, como tratamento médico para uma doença ou acidente, seria muito mais dolorosa. Ela agora percebeu que a perda instantânea apenas provou o fato de que este foi um ato direto de D’us (isso não tira culpa e erro de quem o fez).

Mas a questão permanecia: de que adianta a perda?

Yossef- José foi preso por um crime que não cometeu. No entanto, espalhou-se a notícia de que ele era um bom intérprete de sonhos e foi temporariamente liberado para interpretar os sonhos do Faraó. Ele revelou que o Egito seria abençoado com sete anos de abundância na produção e imediatamente suportaria sete anos de fome.

Se sonhos são sonhos, e suas mensagens podem mudar com frequência, como Yossef foi ousado a afirmar com confiança que haveria sete anos de fome? Em nossa história aprendemos sobre decretos severos que foram cancelados por D’us. Veja, por exemplo, a história de Nínive. A cidade seria destruída por D’us por sua imoralidade e depravação. No entanto, eles se arrependeram e esse decreto foi anulado. Por que o mesmo não aconteceu com o decreto de fome no Egito? Era uma situação terrível demais para o arrependimento?

O Rabino Meir Simcha de Dvinsk foi um grande aluno de Maimônides e respondeu a esta pergunta com base em seus ensinamentos: “D’us não muda decisões positivas; apenas as negativas.” Nesse caso, pode-se supor que haveria uma chance de mudar o decreto da fome. No entanto, na realidade não poderia, porque foi de fato era uma boa decisão de D’us.

A fome é boa?

A previsão da fome fez com que o Egito estocasse (nos anos de fartura) alimentos suficientes para se tornar o centro de distribuição de alimentos para todo o mundo. Eles se tornaram extremamente ricos em uma época em que as pessoas estavam perdendo tudo. É por isso que Yosef sabia que o período de fome certamente chegaria, porque era de fato um bom decreto.

Infelizmente, como a turista americana, todos perdemos coisas ao longo de nossas vidas. Pode ser na forma de dinheiro, relacionamentos, pessoas ou mesmo oportunidades. Podemos tentar recuperar nossas perdas e às vezes até conseguimos. No entanto, quando não temos sucesso, devemos sempre olhar para isso na forma de uma boa decisão que D’us tomou. Por que isso aconteceu? Eu não sei, mas de alguma forma é bom. Talvez hoje, amanhã ou em alguns anos esse bem seja revelado, assim como aconteceu com a fome.


Rabino Arieh Raichman – Nasceu em Houston, Texas, e estudou em várias Yeshivot da Argentina, Brasil e Estados Unidos. Recebeu sua Smicha- Certificado de Rabino da Rabbinical College of America, e também é formado em Mohel. Desde 2009, juntamente com sua esposa e quatro filhos, é o emissário de Chabad em Manaus, Amazonas.

Beit Chabad Manaus – www.chabadmanaus.com

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