A HONESTIDADE ABRE PORTAS – RAV EFRAIM BIRBOJM

Se até mesmo um ato não intencional foi cobrado de forma tão rigorosa, como será a cobrança de atos intencionais de desonestidade?

“Na Yeshivá Etz Chaim, localizada na cidade de Volozhin, havia um excelente aluno que subitamente adoeceu e necessitava de cuidados médicos. O Rav Chaim Volozhin zt”l (Lituânia, 1749 – 1821), o Rosh Yeshivá, pediu para que outro aluno acompanhasse o rapaz até a casa de seus pais, onde ele poderia receber o tratamento adequado. Como a casa ficava a mais de um dia de jornada, ao anoitecer eles passaram a noite em uma pequena hospedaria. De manhã cedo, antes de partirem, o jovem acompanhante pagou a sua parte, mas o amigo doente não tinha trazido dinheiro. Ele ficou desesperado, mas foi tranquilizado pelo dono da hospedaria e recebeu a permissão de pagar depois. Eles continuaram, então, rumo à casa dos pais do aluno doente.

Ao chegarem, o jovem doente se lembrou da dívida e entregou ao seu amigo o dinheiro para o pagamento da hospedaria, pedindo para que o pagamento fosse feito imediatamente quando ele passasse por lá na volta. O amigo garantiu que assim o faria e despediu-se do amigo doente, desejando-lhe uma pronta recuperação. Porém, no caminho de volta para a Yeshivá, apesar de novamente ter passado a noite naquela mesma hospedaria, o rapaz acabou esquecendo-se e o dinheiro acabou ficando, sem intenção, em sua posse.

Enquanto isso, o estado de saúde do rapaz doente piorou e ele acabou falecendo em pouco tempo. Seus amigos da Yeshivá, ao escutarem as más notícias, ficaram muito tristes com o ocorrido. Eles participaram do seu enterro e prestaram as homenagens finais.

Passados alguns dias, o Rav Chaim Volozhin estava caminhando pelos corredores da Yeshivá quando se deparou com a alma do rapaz que havia falecido. O Rav Chaim Volozhin aproximou-se e perguntou o que havia acontecido no Julgamento Celestial dele. O rapaz falecido lhe respondeu que havia sido decretado que ele iria para o Gan Éden. Porém, ao chegar lá, um anjo impediu sua entrada, dizendo que havia uma transgressão de roubo em suas mãos, pois ele não havia pago a hospedaria. Apesar de ter dado o dinheiro para o seu amigo pagar, o dono da hospedaria não havia recebido o pagamento e, com isso, não havia perdoado a dívida. Por aquele motivo era impossível deixá-lo entrar no Gan Éden. Mas como o Tribunal Celestial viu que ele não teve culpa no ocorrido, permitiram excepcionalmente que ele viesse falar com seu rabino para pedir que ele o ajudasse a resolver a situação daquela dívida e assim pudesse entrar no Gan Éden.

O Rav Chaim Volozhin imediatamente chamou o aluno que havia acompanhado o falecido até a casa dos pais e ordenou que ele se dirigisse à hospedaria e pagasse a dívida do amigo falecido, o que ele prontamente fez. O rapaz falecido não apareceu mais para o Rav Chaim Volozhin e encontrou o merecido descaso no Gan Éden”.

Vemos como nosso Julgamento Celestial será rigoroso em relação à nossa honestidade. Se até mesmo um ato não intencional foi cobrado de forma tão rigorosa, como será a cobrança de atos intencionais de desonestidade?


RAV EFRAIM BIRBOJM – Mestre em Engenharia pela Escola Politécnica da USP, começou seu processo de Teshuvá (retorno ao judaísmo) aos 25 anos, através da Instituição “Binyan Olam”. Saiba mais.

Email: efraimbirbojm@gmail.com

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