MUJ, UM LUGAR DE CONEXÃO DE HISTÓRIAS


Poema Infinito

Dentro do museu novo em folha
há uma velha sinagoga.
Dentro da sinagoga
estou eu.
Dentro de mim,
meu coração.
Dentro de meu coração,
um museu.
Dentro do museu,
uma sinagoga,
dentro dela,
eu,
dentro de mim,
meu coração,
dentro de meu coração,
um museu.

Yehuda Amichai

É com este poema, colado no teto do novo prédio anexo ao antigo Templo Beth-El, que abrimos as portas do Museu Judaico de São Paulo.

Inauguramos em Chanucá, para relembrar as simbologias da festa das luzes, como a resistência, a criatividade, a renovação e a memória. São esses valores que queremos compartilhar com o público por meio de uma programação diversa que vem sendo construída por nossa equipe e parceiros, com muito cuidado, empenho e afeto.

um projeto de afeto e perseverança

Foram duas décadas de trabalho voluntário e dedicação para tirar do papel o sonho de abrir um museu judaico no coração de São Paulo. Essa foi a missão a que se dedicou um grupo da sociedade civil, composto por pessoas que nem sequer se conheciam. Com muita disposição e engajamento – além de um tanto de teimosia, por assim dizer – assumiram e partilharam esse sonho. E hoje chegamos aqui com um edifício histórico restaurado, pronto para receber esse projeto e acolher os seus mais diferentes públicos.

Sabemos que abrir um museu em 2021, depois de atravessarmos uma pandemia que ainda não terminou, em um contexto em que a cultura é desacreditada e no qual a memória é colocada à prova todos os dias, coloca imensos desafios particulares e coletivos.

A história do povo judeu entrelaçada à formação do povo brasileiro tem nos mostrado que a capacidade de conviver, trocar, interagir e construir coletivamente é enriquecedora e necessária para uma sociedade que se queira mais justa e plural.

Mas o que é um museu judaico e o que é ser judeu?

As respostas para essas perguntas são muitas, quem sabe até infinitas. Nós mesmos, aqui no Museu Judaico, fizemos centenas de reuniões sobre o tema e ainda não chegamos a um consenso – e nem pretendemos. Aliás, o debate e as diferentes visões estão no centro do judaísmo e foram, desde sempre, a alavanca dessa cultura.

Talvez ser judeu seja percorrer a vida em diálogo com essa questão. Não à toa, fazer perguntas é o passatempo judaico predileto. Esperamos que o Museu abra espaço a muitas delas. Para nós, o entendimento de judeidade, bem como a construção de um museu, é algo contínuo, um processo não finito.

Convidamos todos e todas a se conectarem a essas perguntas e a debater conosco.

Abaixo, parte da programação do MUJ

exposições permanentes

A vida judaica apresenta os rituais por meio dos quais o judaísmo conecta-se com o sagrado, demarca o tempo, estuda seus textos, festeja valores, elege seus alimentos típicos e vivencia coletivamente cada etapa da vida.

Judeus no Brasil: histórias trançadas expõe 500 anos da diversa presença judaica em solo brasileiro, em várias correntes migratórias, do início da colonização ao Brasil republicano.

exposições temporárias

Inquisição e cristãos-novos no Brasil: 300 anos de resistência revela o funcionamento do Tribunal do Santo Ofício e a luta dos cristãos-novos para reconstruir suas vidas no Brasil durante os 300 anos de vigência da Inquisição.

Da letra à palavra propõe uma investigação plástica sobre a relação entre a arte e a escrita, a imagem e a palavra – este elemento fundamental da cultura judaica –, a partir da reunião de 32 artistas basilares da arte contemporânea brasileira.

MUSEU JUDAICO DE SÃO PAULO
terça a domingo, das 10 às 19h.
Rua Martinho Prado, 128
Centro – SP
55 11 3258 1396
marketing@museujudaicosp.org.br

20
20