Isaac Guerchon: artista plástico – por Glorinha Cohen
Oriundo do Cairo, no Egito, Isaac Guerchon – carinhosamente chamado de Zouki – está no Brasil desde 1957 e foi amor à primeira vista pelo novo país. Com dois filhos e quatro netos, carismático e cavalheiro como poucos, ele é formado em metalurgia, em mecânica de máquinas e administração de empresas e está sempre de bem com a vida. Nada consegue ofuscar seu constante bom humor. Para tirá-lo do sério, só mesmo quando, no trânsito, alguém dirige devagar, o farol está quase fechando e ele passa no amarelo e o deixa no vermelho.
E cá entre nós… existe coisa mais irritante que isto?
Isaac sempre gostou de medicina e matemática, mas seu envolvimento maior foi mesmo com a pintura, área em que, em 1993, começou como amador e hoje, mais profissional, já pode constatar que escolheu o caminho certo com seus quadros ganhando projeção no difícil e concorrido mercado das Artes Plásticas.
Nesta entrevista que nos foi especialmente concedida Isaac fala de sua arte, das dificuldades encontradas pelo caminho e, dentre outros assuntos, traça um panorama do mercado da arte no Brasil e exterior. E se quiser conhecer melhor sua arte, vale a pena uma visita ao seu atelier, que fica na Rua Cel. José Eusébio, 109 – cj. 2B – Travessa Dona Paula, podendo o contato ser feito pelo telefone 11 – 99974-9274 ou pelo email zoukytext@gmail.com .
GC – Como tem conseguido equilibrar sua vida profissional com a de artista plástico?
IG – Equilibro minha vida profissional atualmente com artes plásticas da seguinte forma: como me aposentei, hoje faço assessoria e no meu terço de tempo sou artista plástico.
GC – Você fez cursos de aprendizagem para aprimorar suas técnicas, ou é autodidata?
IG – Eu fiz vários cursos de aprendizagem, mas não muitos de pintura. Acho que a pintura é uma coisa mais autêntica, é uma aptidão.
GC – Quais são suas principais referências e influências?
IG – Me inspirei no exemplo de outras pessoas e tenho o meu próprio estilo.
GC – Quais seus artistas preferidos e por que?
IG – Os meus artistas preferidos são nacionais e estrangeiros. Os estrangeiros evidentemente são os mais antigos.
GC – O que mais chama sua atenção numa obra de arte?
IG – O que mais me chama a atenção em uma obra de arte é a criatividade, são as cores e principalmente, o que se comunica na arte, quer dizer, você olha e sente que a obra está te dizendo alguma coisa.
GC – Como sua arte era quando começou e como a classifica hoje?
IG – Bom, a arte para mim começou de uma forma, hoje é de outra e está evoluindo muito. Graças a Deus, meus amigos, as pessoas, estão achando que evoluí muito e já tenho meu próprio estilo, quer dizer, quem vê um quadro meu já sabe que fui eu que pintei. Ele tem a personalidade do Isaac.
GC – Como desenvolveu seu estilo?
IG – Eu fiz vários cursos de aprendizagem, mas não muitos de pintura, pois acho que a pintura é uma coisa mais autêntica, da minha aptidão. Inspirei-me no exemplo de outras pessoas e hoje tenho o meu próprio estilo.
GC – O que sente quando pinta?
IG – Eu sinto que estou em outra atmosfera, em outra dimensão, em estado alfa, é algo muito particular. Me sinto muito gratificado por estar pintando.
GC – A pintura é apenas um hobby, ou pretende transformá-la numa profissão?
IG – Eu comecei a pintura como hobby, hoje quero transformá-la numa profissão porque tenho bastante aptidão. As pessoas elogiam muito meus trabalhos e, modéstia à parte, também adoro meu trabalho e isto é muito importante.
GC – Acha que dá pra viver de Arte no Brasil?
IG – Acho difícil viver de Arte no Brasil, mas perseverando você pode chegar a algum resultado melhor.
GC – A Pandemia teve alguma interferência no seu processo criativo?
IG – Não. Ao contrário, acrescentou mais, me deu mais tempo para relaxar e poder pensar na pintura.
GC – Como se analisa a qualidade de uma obra de arte? Quais critérios são usados para estipular o valor de uma obra?
IG – É muito difícil estipular o valor de uma obra porque geralmente, em noventa por cento delas, apesar de a pessoa ter muita boa vontade, muita arte, precisa ter um nome. O nome é muito importante no meio social e às vezes, até um risco em uma tela pode valer muito. Basta ver o Picasso; ele fazia um risquinho e já valia cem milhões de dólares.
GC – Como você vê hoje o mercado da arte no Brasil e exterior?
IG – Eu vejo o mercado de arte no Brasil em crescimento e no exterior também. Acho que no exterior sempre foi bom e no Brasil, ainda culturalmente, o mercado de arte não é tão forte quanto no exterior. Acredito que o Brasil está evoluindo, as pessoas estão perseverando muito na criatividade e dando mais importância às artes.
GC – Qual mensagem você deixaria para quem está começando nas Artes Plásticas?
IG – Se puder, com o tempo fazer alguns cursos de arte; principalmente aqueles jovens que dão muita importância à arte contemporânea. Está faltando um pouco de pessoas criativas, não adianta ficar só imitando, tem que ter o seu estilo próprio.