Dia Internacional em Memória às Vítimas do Holocausto é lembrado em SP e RJ

Em São Paulo, vice-governador e prefeito prestigiam Ato pelo Dia Internacional em Memória às Vítimas do Holocausto e no RJ, evento é marcado por declarações de repúdio à intolerância e ao discurso de ódio.

Vice-governador e prefeito de SP prestigiam Ato pelo Dia Internacional em Memória às Vítimas do Holocausto

Em um evento com mais de mil pessoas e repleto de autoridades como o vice-governador Felício Ramuth e o prefeito Ricardo Nunes, além de 21 embaixadores e cônsules, a comunidade judaica paulista lembrou domingo, 29 de janeiro, o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.

Realizado pela Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) e pela Congregação Israelita Paulista (CIP) o Ato em Memória às vítimas do Holocausto lembrou, com o acendimento de seis velas, os seis milhões de judeus assassinados durante o Holocausto e as outras vítimas do nazismo.

O Ato reuniu sobreviventes, autoridades políticas e civis, líderes religiosos, institucionais e jovens, inclusive com a presença inédita do cônsul geral dos Emirados Árabes Unidos, cuja presença foi ovacionada.

A programação foi recheada de momentos emocionantes como a exibição dos filmes da campanha “Obrigado Paulistanos” e “Viver para Contar. Contar para Viver” que traz os sobreviventes do Holocausto como personagens, além de uma apresentação musical das crianças e jovens da CIP, conduzida pela maestrina Tania Travassos, que se encerrou com os jovens entregando flores aos sobreviventes.

Quem compareceu ao evento teve a oportunidade de conferir uma exclusiva exposição com objetos, fotos e gravuras que pertencem ao Museu Judaico retratando o racionamento, a sub nutrição e a fome nos Campos de Concentração.

Conduzida pelo presidente executivo da Fisesp, Ricardo Berkiensztat e pelo rabino da CIP Dr. Ruben Sternschein, a noite contou com discursos do vice-governador Felício Ramuth, do prefeito Ricardo Nunes, do cônsul Rafael Erdreich e dos presidentes da Conib, Fisesp e CIP, Claudio Lottenberg, Marcos Knobel e Mario Fleck, além de jovens representantes do Conselho Juvenil Judaico Sionista e dos movimentos juvenis.

A parte litúrgica ficou a cargo dos rabinos da CIP, Dr. Ruben Sternschein, Rogerio Cukierman, Tati Schagas e dos chazanim Ale Edelstein, Alexandre Schinazi e Avi Bursztein.

Marcos Knobel, presidente da Fisesp ressaltou nossa obrigação de manter relembrar a história do Holocausto e de educar as futuras gerações. “A Fisesp trabalha incansavelmente contra todo tipo de discurso de ódio. Não vamos deixar passar impune nenhum ato de antissemitismo, nem a banalização do Holocausto. Porém, a ação mais importante é a educação, que tem que começar nas escolas. A Fisesp organizou um projeto que vai levar `as escolas de São Paulo materiais explicativos, realizar encontros com sobreviventes e visitas ao nosso Memorial do Holocausto, para lembrar do que nossos antepassados viveram e para que as futuras gerações nunca mais passem por algo assim”.

Já o presidente da CIP, Mario Fleck lembrou os horrores do nazismo e massacres que ainda acontecem nos dias atuais, além de apontar o Irã como a maior ameaça aos judeus e a Israel. “A maior ameaça atual, muito mais potente do que a máquina alemã é o Irã e seu regime exportador de terrorismo e que ainda figura como membro das Nações Unidas apesar de ameaçar destruir o único estado dos judeus. Justamente este Estado, que representa a maior proteção deste povo que apenas veio para construir e ser uma luz entre as nações. Viva a todos os cidadãos de bem que se revoltaram contra a barbárie nazista, e que hoje se revoltam contra o regime iraniano, contra o massacre dos Ighurs na China, contra o massacre dos Ianomamis no Brasil e contra o massacre russo na Ucrânia”.

Representando o governador Tarcisio de Freitas, o vice-governador Felício Ramuth, destacou a importância da boa política no combate à intolerância. “Hoje é um dia para relembrarmos essa tragédia e cabe a cada um de nós da comunidade judaica, levarmos essa mensagem adiante. Atos como o de hoje fazem com que isso tenha um reflexo ainda maior para toda a sociedade. Faço aqui um grande compromisso com a prática da boa política, que se faz com o respeito às pessoas, longe da intolerância e utilizando todos os instrumentos necessários para combater qualquer tipo de perseguição”.

Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo frisou a parceria da prefeitura com a comunidade “Tenho tido a alegria de ter muitas atividades com a comunidade judaica e ressalto que essa integração com a cidade é muito importante. O Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto faz parte do calendário da cidade desde 2010, o que, assim como a presença do prefeito nesse Ato, não deixa nenhuma dúvida de que a capital é solidária com a comunidade judaica, que aqui foi bem recebida e encontrou seu verdadeiro lar”.

O cônsul de Israel em São Paulo, Rafael Erdreich relatou como o Holocausto marcou com as sombras a história de sua família assim como de mais de 6 milhões de indivíduos. “Foram sonhos encerrados, esperanças desfaceladas, destinos não traçados, vidas fatalmente terminadas. O que se seguiu foi a luz para muitos: a criação do Estado de Israel. Lar para os judeus, onde podemos nos sentir seguros, honrando nosso passado e criando as futuras gerações. E alertou para o perigo do antissemitismo. O antissemitismo deve ser combatido. Ele é a porta pela qual o mal se infiltra na sociedade, semeando a violência contra judeus e é nosso dever combatê-lo, hoje e sempre”.

O presidente da Conib, Claudio Lottenberg, enfatizou o perigo do discurso de ódio e destacou Israel como nosso maior exemplo de resiliência. “O Holocausto é uma mancha incomparável na história da humanidade. Não pode e não será banalizado, com comparações frequentes e infundadas. Não há como comparar o incomparável e trazer este cenário para os dias de hoje significa manter vivo o nosso compromisso de respeito à diversidade, de defesa da democracia e às almas que sucumbiram”.

Emocionado o sobrevivente Gabriel Waldman que viveu os horrores do nazismo quando criança e a opressão do comunismo na Hungria, compartilhou sua história de vida e a profunda tristeza quando descobriu que o pai da sua primeira namorada foi um oficial nazista do Campo de Treblinka, preso no Brasil.

A cerimônia foi encerrada com uma benção aos sobreviventes e com todos juntos cantando o Hino de Israel.

Crédito fotográfico: Fabiana Koren

O vice-governador Felicio Ramuth é recebido pelo rabino Ruben Sternschein, Daniel Bialski e Marcos Knobel

Rabinos da CIP entoam o Kadish – reza dos mortos

Sobreviventes do Holocausto acendem vela

Mario Fleck, presidente da CIP

Cônsul de Israel Rafael Erdreich

Prefeito Ricardo Nunes

Claudio Lottenberg, presidente da Conib

Jovens fazem uso da palavra


No RJ, evento pelo Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto é marcado por declarações de repúdio à intolerância e ao discurso de ódio

A cerimônia do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, promovida pela CONIB, FIERJ e Memorial das Vítimas do Holocausto contou com mensagens de repúdio à intolerância e ao discurso de ódio de representantes de diferentes setores da sociedade.

O presidente da FIERJ, Alberto Klein, abriu a manhã, falando da importância da construção do Memorial às Vítimas do Holocausto Deputado Gerson Bergher. A jornada persistente de Bergher para que a instituição saísse do papel e se tornasse realidade foi lembrada pela viúva do deputado, Teresa Bergher. Ela também é autora da lei que criou o Memorial.

Depois, a representante da Unic Rio, Roberta Caldo, passou a sua mensagem. O subprefeito da Zona Sul, Flavio Valle, representante do prefeito Eduardo Paes, falou que a subprefeitura está próxima da comunidade judaica. O procurador interino do Estado do Rio de Janeiro, Eduardo Lima Neto, frisou a importância de se lembrar o Holocausto. A diretora da CONIB, Marcia Borger, recitou um poema do escritor italiano e sobrevivente do Holocausto, Primo Levi, chamado Shema. Marcia é filha de sobreviventes do Holocausto e dedicou a eles a sua apresentação.

O presidente da CONIB, Claudio Lottenberg, ressaltou a importância dos valores democráticos e da tolerância. E o ministro do Superior Tribunal de Justiça, STJ, Messody Azulay Neto, lembrou diversas ocasiões em que o povo judeu foi perseguido.

Fechando a cerimônia, o sobrevivente Alfred Guerra Sobotka lembrou os pais que pereceram no Holocausto. Fred, como é chamado por todos, declarou que, apesar desse passado duro, é uma pessoa feliz. Assista ao evento: https://www.youtube.com/watch?v=pNkCXJN0mJQ .

O evento foi apresentado pelo diretor da CONIB Sergio Napchan e por Sofia Debora Levy, representante para a Memória do Holocausto do Congresso Judaico Latino-Americano (CJL) e diretora do Memorial às Vítimas do Holocausto-RJ.

Napchan abriu a cerimônia lembrando que a data marca o dia em que tropas soviéticas liberaram o campo de concentração e extermínio de Auschwitz, localizado na Polônia, em 27 de janeiro de 1945, e Sofia Debora Levy falou sobre a importância de se promover o ensino do Holocausto.

O presidente da CONIB, Claudio Lottenberg, fez um discurso pautado na defesa da democracia, do respeito às diferenças e na defesa das minorias. “Não são poucos os indícios de que a intolerância e o discurso de ódio precedem momentos trágicos. O Holocausto é exemplo disso. De tempos em tempos temos uma luta semelhante, por isso devemos nos preocupar com a governança, em defesa da democracia. E, ao escolher a democracia, devemos mostrar tolerância com as ideias das quais discordamos. A não tolerância abre espaço para os inimigos da nossa Constituição. Precisamos ajudar uns aos outros com as questões difíceis que o processo levanta. E combater o nosso inimigo comum, que são o ódio e a intolerância. Nas palavras de Elie Wiesel o contrário do amor não é o ódio, mas sim a indiferença. E a comunidade judaica brasileira expressa seu repudio às ameaças da intolerância e do discurso de ódio. Não podemos permitir que recrudesçam movimentos como o nazismo, responsável pelo extermínio de judeus, negros, ciganos e outras minorias. Holocausto nunca mais!”.

A cerimônia contou com o tradicional acendimento das velas em memória das vítimas e exibição de vídeos – um deles, preparado pela CONIB, alerta para os perigos da banalização do Holocausto.

Crédito fotográfico: Dnigris – Ricardo Nigri Stolerman e Sandra Nigri Stolerman

Jayme Sqalim Salomão, vereadora Teresa Bergher, Ana B. Bloch e Claudio Lottenberg

Vereadores Teresa Bergher e Marcelo Arar

Sobreviventes com seus familiares, rabino Eliezer Stauber e representantes dos movimentos juvenis

Alberto David Klein, Ana B.Bloch, ex-presidentes da FIERJ e de outras federações israelitas do Brasil.