Dia Nacional da Imigração Judaica lembra a contribuição dos judeus na formação da sociedade brasileira
Atualmente, o Brasil possui a segunda maior comunidade judaica da América Latina, atrás apenas da Argentina e à frente do México, com cerca de 120 mil judeus. O país serviu como sede da primeira comunidade judaica nas Américas.
Dia Nacional da Imigração Judaica lembra a contribuição dos judeus na formação da sociedade brasileira – Fundada em 1948, a CONIB – Confederação Israelita do Brasil é o órgão de representação e coordenação política da comunidade judaica brasileira.
O Dia Nacional da Imigração Judaica – 18 de Março – homenageia a contribuição dos judeus para a formação da sociedade brasileira. A data foi criada por um projeto de lei do então deputado federal Marcelo Zaturansky Itagiba (PSDB-RJ), sancionado em 2009 pelo então presidente em exercício, José Alencar.
A escolha da data se justifica porque o número 18, em hebraico, corresponde à palavra chai (vida). E, em 18 de março de 2002, foi reinaugurada em Recife a Sinagoga Kahal Zur Israel, a primeira das Américas.
A imigração judaica foi um movimento que aconteceu do começo do século XIX até a primeira metade do século XX, inicialmente nas regiões Norte e Nordeste e, posteriormente, no Sudeste e Sul do Brasil.
Os primeiros imigrantes judeus, de forma organizada, começaram a chegar em solo brasileiro em 1810, vindos, em sua maioria, do Marrocos. Eles se estabeleceram principalmente em Belém, onde fundaram a mais antiga sinagoga do Brasil, que continua em funcionamento. Lá também construíram o primeiro cemitério israelita do país. Fugindo de perseguições e da Inquisição na Península Ibérica, a maioria dos imigrantes veio para o Brasil atraída pela época dourada da extração da borracha.
Atualmente, o Brasil possui a segunda maior comunidade judaica da América Latina, atrás apenas da Argentina e à frente do México, com cerca de 120 mil judeus. O país serviu como sede da primeira comunidade judaica nas Américas.
Contribuição histórica
Mas os judeus fazem parte da história do Brasil desde antes de seu descobrimento. Muitos historiadores afirmam que o projeto ultramarino português só foi possível graças à participação dos judeus.
De acordo com os historiadores, o primeiro judeu a pisar no Brasil veio na caravela de Pedro Álvares Cabral. Era Gaspar da Gama, o “língua”, que é como se chamavam os imprescindíveis intérpretes das expedições dos descobridores. O primeiro contrato de exploração da madeira brasileira foi firmado com um grupo de judeus em 1503, quando as atenções comerciais do rei d. Manuel ainda estavam voltadas para a Ásia.
Segundo afirmam alguns historiadores, foram os judeus que trouxeram as primeiras mudas de cana-de-açúcar da Ilha da Madeira e de São Tomé para o Brasil. A partir daí, participaram ativamente de todos os ciclos econômicos da colônia. No período que vai do descobrimento do Brasil até o início do século 19, quando a Inquisição portuguesa finalmente foi desativada, os judeus não são conhecidos como judeus, mas como “cristãos-novos”. Isso porque, cinco anos depois de terem sido expulsos da Espanha, em 1492, e de terem fugido em massa para Portugal, os judeus foram forçados a se converter ao catolicismo, pelo rei d. Manuel. Em 1536, foi criado o Tribunal do Santo Ofício da Inquisição em Portugal, que confiscou os bens, torturou e lançou à fogueira os descendentes de judeus convertidos ao cristianismo – os cristãos-novos – acusados de continuar professando o judaísmo.
Com a perseguição na Península Ibérica, o Brasil surgiu como grande alternativa para os cristãos-novos. De acordo com a historiadora Anita Novinsky, da USP, a maior especialista em cristãos-novos, no início da colonização “os navios que aportavam às terras brasileiras, duas vezes ao ano, traziam praticamente só judeus e degredados”. Foram esses judeus que constituíram “os primeiros elementos populacionais brancos do Brasil”. E introduziram a agricultura e a indústria na colônia. O mais antigo núcleo de cristãos-novos de que se tem notícia no Brasil se instalou em São Vicente, onde começou a cultivar a cana-de-açúcar e a industrializá-la.
Assim, segundo afirmam os historiadores, não é exagero dizer que a história dos judeus no Brasil se confunde com a própria História do País.