O Hamas é o maior inimigo da causa palestina – Por Marcos Knobel e Daniel Kignel
O Hamas é o maior inimigo da causa palestina – Por Marcos Knobel e Daniel Kignel
Não é porque o Hamas governa a Faixa de Gaza que o grupo representa os interesses do povo palestino, até porque o Hamas não é um partido político formado nos moldes da democracia, mas sim um apanhado de milhares de radicais que operam em regime ditatorial, exterminando opositores e ignorando as necessidades básicas de seu povo, evitando assim o desperdício de recursos com medidas sociais e econômicas que não envolvam a morte de judeus. É chegada a hora de o mundo se dar conta de que o maior inimigo da Palestina é o Hamas.
Não há afirmação mais equivocada do que dizer que existe um conflito permanente entre israelenses e palestinos. A guerra declarada por Israel na última semana, após sofrer o ataque terrorista mais devastador de sua história, não tem por objetivo combater os palestinos. Sua finalidade é, única e exclusivamente, incapacitar militarmente o Hamas, grupo terrorista que governa a Faixa de Gaza, impedindo assim que continue a colocar vidas civis em risco; tanto palestinas quanto israelenses.
É impossível começar qualquer análise séria a respeito da tragédia que teve início no último dia 7 de outubro sem que se parta da premissa de que o Hamas é um grupo terrorista. Tal conclusão é inegociável, e independe da posição política ou ideológica de quem trata do assunto. Não há outra definição para uma organização que tem como única finalidade a extinção de um país e de seu povo, e que põe em prática seus objetivos através do assassinato indiscriminado de civis – idosos, homens, mulheres e crianças – sem qualquer sinal de constrangimento.
O último ataque do Hamas tinha em seu horizonte causar uma onda de choque que abalasse a soberania do povo israelense e de sua solidez enquanto nação. Para tanto, o meio escolhido foi a execução de filhos na frente de seus pais; o fuzilamento de jovens em um festival de música que celebrava a paz; o estupro e o assassinato de mulheres, não necessariamente nessa ordem; o sequestro de mais de uma centena de civis. A única forma de não se considerar como terrorista a ação do Hamas é pensar que a expressão “terrorismo” talvez não seja capaz de traduzir, em sua plenitude, o grau de atrocidade do que foi feito.
Neste cenário, é dever de cada um de nós questionar se a ação do Hamas realmente representa a defesa da causa palestina. A resposta, evidentemente, é negativa. Não é porque o Hamas governa a Faixa de Gaza que o grupo representa os interesses do povo palestino, até porque o Hamas não é um partido político formado nos moldes da democracia, mas sim um apanhado de milhares de radicais que operam em regime ditatorial, exterminando opositores e ignorando as necessidades básicas de seu povo, evitando assim o desperdício de recursos com medidas sociais e econômicas que não envolvam a morte de judeus. É chegada a hora de o mundo se dar conta de que o maior inimigo da Palestina é o Hamas.
Não parece haver dúvidas de que a única solução possível para o conflito na região é a criação de dois Estados autônomos, que possam conviver lado a lado de forma pacífica. Israel vinha dando importantes passos nesse sentido: a assinatura dos Acordos de Abraão com nações árabes, estabelecendo canais diplomáticos com os seus vizinhos, foi o mais vibrante sinal em décadas de que a paz não precisava ser apenas uma finalidade abstrata, mas sim um objetivo plenamente viável. Havendo reconhecimento de sua soberania por parte das demais nações, a estabilidade no Oriente Médio ganha contornos mais claros, trazendo segurança ao país e, a reboque, novos interlocutores árabes que contribuem para a viabilização da criação do Estado Palestino.
Mas enquanto todos saem ganhando (inclusive e talvez principalmente o povo palestino), apenas o Hamas sai perdendo. A luta do Hamas não é, e nunca foi, pela criação de um Estado palestino, mas sim pela extinção de Israel e dos judeus. A solução de dois Estados não é uma possibilidade sequer discutível para os terroristas que governam Gaza com mão de ferro. O Hamas, assim como o regime iraniano que o patrocina, trabalha apenas com uma possibilidade: a Palestina estabelecida não ao lado de Israel, mas no lugar de Israel. E se for necessário sabotar toda e qualquer chance de paz na região para alcançar seus objetivos, assim será feito. E se tal sabotagem envolver o assassinato de 1300 judeus, tanto melhor.
Como qualquer nação soberana, Israel tem o direito e o dever de defender suas fronteiras e seus cidadãos, e o Hamas sabe que, como qualquer nação, Israel assim o fará. A diferença entre Israel e o Hamas é que o primeiro não poupará esforços para garantir a segurança de seus nacionais, enquanto o segundo não poupará esforços para garantir seus interesses às custas de seus nacionais. O Hamas é o maior inimigo da causa palestina.
Marcos Knobel, Presidente da Federação Israelita do Estado de São Paulo
Daniel Kignel, Diretor Jurídico da Federação Israelita do Estado de São Paulo