ME TOO E OUTRAS ORGANIZAÇÕES SOBRE O DIREITO DAS MULHERES: QUE VERGONHA! – Por Mendy Tal

“Nós, como mulheres israelenses, sentimos que estamos todas sujeitas a uma negação internacional coletiva. A evidência é inegável, mas nos encontramos travando uma batalha dupla: uma, contra essas atrocidades que agora precisamos responder, e outra contra o silêncio global.”

“O silêncio não é apenas ensurdecedor – é condenatório. Isso levanta a questão assustadora: as mulheres e meninas israelenses não estão protegidas pelo direito internacional”.

Uma das primeiras e mais assustadoras imagens do ataque do Hamas a Israel, em 7 de Outubro, foi a de uma jovem israelense, magoada e ensanguentada, arrastada pelos seus captores para fora de um jipe e desfilada sob aplausos e gritos frenéticos de “Deus é grande”, com sangue fluindo entre suas pernas. Antes que o mundo compreendesse o alcance ou a extensão dos horrores que se desenrolaram naquele dia terrível, conhecíamos o seu rosto, filmado e partilhado com o mundo pelos próprios raptores. O nome dela é Naama Levy (foto) e tem 19 anos. Após o seu rapto, Naama permanece em cativeiro em Gaza juntamente com outros reféns israelenses capturados pelo Hamas em 7 de Outubro.

Enquanto as Nações Unidas promoviam uma campanha de sensibilização antes do Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, no dia 25 de Novembro, relatos assustadores de sobreviventes e socorristas que testemunharam o massacre de 1.200 israelenses pelo Hamas em 7 de Outubro pintam um quadro horrível de agressões sexuais sistémicas perpetradas contra mulheres e meninas de todas as idades.

Entretanto, apesar das evidências generalizadas de atos sistemáticos de brutalidade sexual cometidos por terroristas em 7 de outubro, a maioria das organizações mundiais não faz comentários e critica a campanha militar das Forças de Defesa de Israel em Gaza.

Os organismos internacionais permaneceram e permanecem em silêncio sobre a necessidade urgente de fornecer às israelenses estupradas, que ainda são mantidas como reféns em Gaza, o tratamento médico que necessitam e a importância de protegê-las de novas agressões sexuais, afirmou a professora de História Europeia Comparada Tamar Herzig, da Universidade de Tel Aviv e vice-reitora de pesquisa, com especialização em História Religiosa, Social, de Minorias e de Gênero.

O silêncio das organizações internacionais de defesa dos direitos humanos e dos direitos das mulheres tem sido especialmente perturbador para as israelenses. No mês e meio desde 07/10, quase não houve resposta da ONU Mulheres ou de outras organizações, relativas às atrocidades gerais, incluindo provas claras de crimes de guerra e crimes sexuais específicos cometidos contra mulheres e jovens israelenses.

A Doutora Cochav Elkayam-Levy, especialista em direito internacional na Universidade Hebraica e na Universidade Reichman, onde fundou o Instituto Dvora para Gênero e Sustentabilidade, testemunhou perante o Comité das Nações Unidas para a Eliminação da Discriminação Contra as Mulheres (CEDAW) sobre os crimes baseados em gênero no massacre do Hamas em Israel e a falta de resposta da comunidade internacional.

Ela disse: “Nós, como mulheres israelenses, sentimos que estamos todas sujeitas a uma negação internacional coletiva. A evidência é inegável, mas nos encontramos travando uma batalha dupla: uma, contra essas atrocidades que agora precisamos responder, e outra contra o silêncio global.”

Elkayam-Levy disse, falando diretamente à CEDAW: “A incapacidade de condenar estes crimes hediondos enfraquece a legitimidade das instituições globais e permite novas violações não apenas em Israel, mas a nível global”, e acrescentou:

“O silêncio não é apenas ensurdecedor – é condenatório. Isso levanta a questão assustadora: as mulheres e meninas israelenses não estão protegidas pelo direito internacional”.


MENDY TAL

Cientista político e ativista comunitário.

mendytal@gmail.com