É IMPORTANTE SABER
– Fundação Shoah, de Steven Spielberg, registra testemunhos do massacre de 7 de outubro em Israel – Por Mendy Tal
– CONIB lança plataforma de letramento, conscientização, monitoramento e combate ao antissemitismo e discurso de ódio
– O impacto da guerra contra o Hamas nas comunidades judaicas da América Latina, pesquisa anual do Congresso Judaico Latino-Americano
– Ensaio filosófico: a diferença entre antissemitismo e antijudaísmo – Por Elias Silva.
Fundação Shoah, de Steven Spielberg, registra testemunhos do massacre de 7 de outubro em Israel – Por Mendy Tal
A Fundação Shoah lança projeto para documentar a ‘barbárie indescritível’ de 7 de outubro. De fato, 130 depoimentos já foram recolhidos até agora de sobreviventes do massacre do Hamas para adicionar ao levantamento de testemunhos do Holocausto.
O criador da Fundação, Steven Spielberg lamenta: O antissemitismo está novamente “orgulhoso”.
Em uma entrevista ao New York Times em 2018, Spielberg contou: “Minha avó ensinou inglês para sobreviventes húngaros do Holocausto em Cincinnati. Eu tinha 2 ou 3 anos e sentava-me com eles à mesa. Foi aí que aprendi os meus números. Foi assim que aprendi a contar.”
Spielberg relata também: “Encontrei o antissemitismo quando era estudante do ensino fundamental na minha escola, não em toda a escola, mas em pequenas partes de crianças populares que perseguiam crianças menos populares.”
Após ter filmado um dos melhores filmes do século XX sobre o Holocausto, “A Lista de Schindler”, o cineasta fundou a Shoah Foundation, registrando milhares de histórias que os sobreviventes testemunharam em seus anos de terror.
Após o massacre de 07/10, Spielberg declarou: “Nunca imaginei que veria uma barbárie tão indescritível contra os judeus durante a minha vida”.
Falando à Fox News sobre o esforço para o projeto sobre o massacre, Spielberg expressou choque com a violência perpetrada pelos terroristas do Hamas contra os israelenses, juntamente com a onda de antissemitismo em todo o mundo nos últimos dois meses.
“Acho isso muito, muito assustador, porque o antissemitismo sempre existiu. Ou esteve ao virar a esquina e ligeiramente fora de vista, mas sempre à espreita, ou tem sido muito mais evidente, como a Alemanha nos anos 30. Mas desde a Alemanha dos anos 30 que não testemunhei o antissemitismo já não à espreita, mas orgulhoso com as mãos na cintura como Hitler e Mussolini”, disse Spielberg.
A Fundação Shoah está agora colaborando com equipes de produção em Israel para recolher relatos de testemunhas dos massacres de 7 de Outubro, quando quase 3.000 terroristas mataram, queimaram, decapitaram, mutilaram e estupraram mais de 1.200 pessoas, a maioria deles civis e fazendo mais de 240 reféns.
Mendy Tal
Cientista Político e Ativista Comunitário
CONIB lança plataforma de letramento, conscientização, monitoramento e combate ao antissemitismo e discurso de ódio
Em redes sociais, manifestações antissemitas crescem 576% desde os ataques terroristas de 7/10
A Confederação Israelita do Brasil (CONIB) lança a plataforma (https://combateaoantissemitismo.org.br/ ) como parte de um amplo e inédito projeto de Combate ao Antissemitismo e ao Discurso de Ódio no Brasil. O projeto está ancorado nos seguintes pilares: (i) letramento, educação e conscientização; (ii) dados, pesquisa e monitoramento; (iii) avaliação e melhorias de políticas públicas e do ambiente regulatório; e (iv) análise e adoção de medidas legais.
A CONIB atua, desde sua fundação, na linha de frente no combate à intolerância e tem se mobilizado frente à escalada de casos no Brasil e no mundo, após os ataques de 07/10.
“Nosso objetivo é mitigar os impactos para a comunidade judaico-brasileira da apropriação polarizada e politizada da guerra entre Israel e Hamas, no país, que se reflete no acirramento de um clima de hostilidade, desrespeito e preconceito”, diz Claudio Lottenberg, presidente da Conib.
Rony Vainzof, secretário da CONIB, lembra que “o maior crime contra a humidade da história, o Holocausto, não foi um acontecimento casual e repentino. Foi resultado de longo e sistemático antissemitismo fomentado sobretudo por discurso de ódio. Assim, a plataforma visa conscientizar e demonstrar o perigo desses atos de ódio e que o antissemitismo é inconciliável com os padrões sob os quais se erguem os direitos humanos e a democracia”.
Conforme o monitoramento digital, a partir de comentários e menções em redes sociais, houve aumento de 576% de manifestações antissemitas desde o começo do conflito até 24 de janeiro de 2024. Somente de outubro a dezembro de 2023, o aumento de denúncias foi de 913%, quando comparado ao ano anterior. Em parceria com o DSC (Departamento de Segurança Comunitária), a CONIB gerencia o Canal de Denúncias de antissemitismo, avaliando os indicadores, analisando as denúncias e atuando ativamente no encaminhamento aos canais ou às autoridades competentes.
Sobre a CONIB
Confederação Israelita do Brasil (CONIB) representa a comunidade judaica brasileira e atua, desde sua fundação, em 1948, em defesa de valores e princípios como paz, democracia, justiça social, diálogo inter-religioso e combate à intolerância, ao antissemitismo, ao discurso de ódio e ao terrorismo. Por ser apartidária, a Conib defende a pluralidade da comunidade judaica, o diálogo democrático e construtivo e busca construir pontes que levem à convergência e à paz.
O impacto da guerra contra o Hamas nas comunidades judaicas da América Latina
O dia 7 de outubro foi um ponto de virada para a comunidade judaica.
No contexto atual da guerra de Israel contra o Hamas, o Congresso Judaico Latino-Americano realizou a sétima edição de sua pesquisa anual com líderes da comunidade judaica em países latino-americanos.
O dia em que o Hamas disparou milhares de foguetes contra Israel, capturou centenas de reféns e matou 1.200 pessoas inocentes, chocou não só a população israelense, mas também a comunidade judaica em todo o mundo.
No contexto atual da guerra de Israel contra o Hamas, o Congresso Judaico Latino-Americano realizou a sétima edição de sua pesquisa anual com líderes da comunidade judaica em países latino-americanos.
A pesquisa revelou aspectos-chave sobre como a diáspora judaica foi afetada na região. Embora o cenário no Oriente Médio seja preocupante, o grande e encorajador número da pesquisa é que 86% dos entrevistados ainda consideram seguro viver abertamente como judeu em seu país. No entanto, também é importante destacar que representa uma queda de 10% em relação ao ano de 2022, indicando uma mudança na percepção de segurança dentro da comunidade.
O conflito entre Israel e o Hamas é visto como tendo um efeito direto nas preocupações com o antissemitismo, já que aumentou significativamente de 36% em 2022 para 58% em 2023. Na mesma linha, um em cada cinco dos líderes entrevistados percebe um alto grau de antissemitismo em seus países, e 88% acham que isso aumentou como resultado do conflito. Notavelmente, a percepção de um alto grau de antissemitismo triplicou desde a última pesquisa, de 6% para 18%. Apesar deste aumento, é encorajador que ¾ dos inquiridos salientem a importância de combater todas as formas de discriminação, não apenas o antissemitismo. Em termos de respostas da comunidade a esses desafios, 67% dos participantes da pesquisa avaliam positivamente as ações das instituições judaicas para combater o antissemitismo, um percentual que se mantém estável desde 2022.
Quanto às causas percebidas do antissemitismo na América Latina, três em cada quatro entrevistados apontam o antissionismo como o principal argumento antissemita na região. Essa percepção aumentou 12 pontos percentuais no último ano. Em uma região que passou por episódios de terrorismo contra comunidades judaicas, a preocupação com o alvo cresceu significativamente, de 67% para 77%. Além disso, em termos gerais, percebe-se que os diferentes atores da sociedade latino-americana têm se pronunciado desfavoravelmente em relação a Israel.
Os acontecimentos de 7 de outubro em Israel marcam um ponto de virada, após o qual a vida judaica na América Latina parece ter mudado. Embora uma grande maioria se sinta segura vivendo abertamente como judeu em seu país, a percepção do antissemitismo continua a crescer significativamente e isso é um fato que deve nos chamar à ação. Combater o discurso de ódio e construir uma maior convivência para alcançar um mundo mais seguro é o grande desafio da sociedade daqui para frente.
Em sua grande maioria, ainda considera que a solução de dois estados é o caminho para resolver o conflito.
Ensaio filosófico: a diferença entre antissemitismo e antijudaísmo – Por Elias silva
Neste documento demostro que o termo antissemitismo é generalista, pois diz respeito ao ódio/preconceito/hostilidade/discriminação contra os povos semitas (judeus, árabes e assírios), quer dizer, que descendem de Sem – daí o termo semita – que foi um dos filhos do personagem bíblico Noah (Noé, em português). No entanto, muitas vezes a aversão é específica, já que está direcionada unicamente aos judeus, cabendo então o termo antijudaísmo. Deste modo, argumento que ficaria mais claro identificar de onde e para quem a aversão está direcionada e, por consequência, entender o processo e tomar as providências legais cabíveis, posto ser crime de racismo. Aliás, contra qualquer povo, seja judeu ou não.
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São chamados de antissemitas as pessoas que nutrem ódio/preconceito/hostilidade/discriminação contra os judeus. Por quê? Porque os judeus descendem de Sem – daí o termo semita – que foi um dos filhos do personagem bíblico Noah (Noé, em português). No entanto, há uma falha aqui, pois se esquecem que outros povos também descendem de Sem, como por exemplo, os árabes e assírios.
Portanto, trata-se de um termo generalista, resultando no fato de que nem sempre o seu emprego está correto.
Ocorre que, muitas vezes, a aversão está direcionada apenas aos judeus, inclusive por parte de pessoas que são semitas. Ora, como se pode chamar alguém de antissemita se é semita? Em linguagem popular seria um “tiro no pé”.
Entendo que quando direcionado apenas aos judeus, esses elementos hostis deveriam ser taxados da forma correta, ou seja, são propagadores do antijudaísmo (são antijudeus). Deste modo, ficaria mais claro identificar de onde e para quem a aversão está direcionada e, por consequência, entender o processo para as devidas providências legais. Nunca se deve esquecer que estes elementos são ardilosos e têm maldade suficiente para usarem termos generalistas e, deste modo, “deixarem na nuvem” (não claro, mas demarcado sutilmente) qual “alvo” querem atingir. Todo cuidado é pouco ao lidar com estes tipos. Ficam no “escuro”/”sombra”, lançando mensagens – muitas subliminares – para cabeças normalmente doutrinadas e ignorantes do que vem a ser o Judaísmo.
Em termos finais, e para não me estender, dada a complexidade histórica que envolve a perseguição aos judeus, recomendaria às pessoas que se informassem sobre este povo (há muito material disponível, inclusive na internet). Acredito que o “véu” imposto pela ignorância, proselitismo religioso e doutrinamento seria removido. É o que se espera, pois, caso contrário, há a severidade da Lei Divina que dever-se-ia temer, assim como a dos “homens”, que tipifica o caso como crime de racismo, como por exemplo, no Brasil e em outros países.
Elias Silva
Professor Titular aposentado da UFV – Universidade Federal de Viçosa – MG