AS MULHERES TÊM ALGO A ESCONDER? – Por Aron Moss
Em um mundo onde o corpo da mulher foi reduzido a um truque publicitário barato, não precisamos de provas para a veracidade dessa sabedoria. Onde tudo está exposto, nada é sagrado. Mas o que é verdadeiramente precioso para nós, mantemos em segredo.
Pergunta:
Por que o judaísmo diz às mulheres para manterem seus corpos cobertos? Existe algo vergonhoso ou maligno no corpo de uma mulher? Se os homens não conseguem controlar seus impulsos, então o problema é deles, não das mulheres. Por que uma mulher deveria se esconder apenas para que outros não fossem tentados?
Resposta:
Você está assumindo que a única razão para vestir-se com modéstia é evitar a tentação. Embora este possa ser o caso em outras religiões, para o judaísmo isso não é verdade. A maneira judaica de se vestir modestamente não é apenas sobre como as outras pessoas veem as mulheres, mas mais sobre como as mulheres se veem.
Cobrir algo nem sempre significa ter vergonha disso. Você já notou como tratamos um rolo de Torá ? Nunca o deixamos aberto. Está escondido atrás de muitas camadas. A Torá é guardada dentro de uma sinagoga, na Arca, atrás de uma cortina, envolta em um manto, bem fechada com um cinto. É retirado apenas quando deve ser usado para seu propósito sagrado, para ser lido durante o serviço de oração. Para aqueles momentos especiais, fechamos cuidadosamente a cortina, abrimos as portas da arca, trazemos a Torá, descobrimos e desembrulhamos. Assim que terminamos, imediatamente embrulhamos novamente e guardamos.
Por que fazemos tudo isso? Por que nos damos tanto trabalho para esconder a Torá? Temos vergonha disso? Há algo a esconder? Há algo de feio na Torá?
Claro que não. O oposto é verdadeiro.
Porque a Torá é o nosso objeto mais sagrado, porque é tão sagrado, especial e precioso, nunca o deixamos exposto desnecessariamente. Mantemos isso em segredo porque não queremos tratá-lo levianamente; não queremos nos tornar muito casuais com isso. Se a Torá estivesse sempre aberta e visível, ela poderia se tornar muito familiar e sua santidade minimizada. Ao mantê-lo longe da vista e exibi-lo apenas nos momentos apropriados, mantemos nossa reverência e respeito pela Torá.
O mesmo é com nossos corpos. O corpo é a criação sagrada de D’us . É a casa sagrada da alma. A maneira como mantemos nosso respeito pelo corpo é mantendo-o coberto. Não porque seja vergonhoso, mas porque é tão bonito e precioso.
Isso também é verdade para os corpos dos homens, e as leis de vestimenta modesta também se aplicam a eles. Mas é ainda mais para as mulheres. O corpo feminino tem uma beleza e um poder que supera em muito o masculino. Os cabalistas ensinam que o corpo da mulher tem uma beleza mais profunda porque sua alma vem de um lugar mais elevado. Por isso, seu corpo deve ser mantido discretamente coberto.
Em um mundo onde o corpo da mulher foi reduzido a um truque publicitário barato, não precisamos de provas para a veracidade dessa sabedoria. Onde tudo está exposto, nada é sagrado. Mas o que é verdadeiramente precioso para nós, mantemos em segredo.
Imagem: Detalhe de uma pintura de Sarah Kranz . A Sra. Kranz tem ilustrado revistas, webzines e livros (incluindo cinco livros infantis) desde que se formou no Istituto Europeo di Design, Milão, em 1996. Seus clientes incluem o The New York Times e a Money Marketing Magazine de Londres .
ARON MOSS
Aron Moss é rabino da Comunidade Nefesh em Sydney, Austrália, e colaborador frequente do Chabad.org. Seu último livro é “Posso nomear meu cachorro Israel? Perguntas da vida que não são tão preto e branco” .
