OS PERIGOS DO FUMO RELACIONADOS AO SURGIMENTO DO CÂNCER DE BEXIGA

O tabagismo é o fator de risco mais importante para o aparecimento da doença, sendo responsável por cerca de 50% dos tumores vesicais. Fumantes tem de 4 a 7 vezes mais chance de desenvolver essa doença, explica o urologista Dr. Fernando Korkes, do Departamento de Uro-Oncologia da SBU-SP.

Entre as doenças do trato urinário que mais matam, o câncer de bexiga está entre elas. O assunto é tão importante que, em mais um ano, a Sociedade Brasileira de Urologia de São Paulo conscientiza a população sobre os efeitos nocivos e devastadores da nicotina com uma das causas associadas ao aparecimento do câncer de bexiga. A doença tem maior incidência na faixa etária de 60 a 70 anos, e atinge mais o público masculino. Cerca de três homens descobrem a doença para cada mulher acometida. Além disso, acomete mais em regiões de maior Indice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil, sendo mais comum no sul e sudeste. Na região norte é mais raro.

No Brasil, segundo os últimos dados do Instituto Nacional de Câncer, o INCA, mostram o número estimado para cada ano do triênio de 2023 a 2025, que é de 11.370 novos casos, correspondendo a um risco estimado de 5,25 casos a cada 100 mil habitantes, sendo 7.870 casos em homens e 3.500 em mulheres.

“Há cada ano, 30 a 50 mil indivíduos convivem com está doença. Mundialmente há cerca de 1.9 milhões de pessoas tratando a doença e 500 mil novos casos por ano. O tabaco é, sem dúvida, o principal fator de risco para o câncer de bexiga. Mais da metade dos pacientes adquiriram a doença em consequência do cigarro. Isto é, tão importante, que, antigamente os garçons tinham maior risco de apresentar câncer de bexiga pela exposição à inalação da fumaça que era liberada pelos fumantes nos restaurantes. Hoje, graças às campanhas de conscientização em todo Brasil, felizmente melhorou.”, explica o urologista, Dr. Fernando Korkes, do Departamento de Uro-Oncologia da SBU-SP.

Mecanismo

Especificamente falando do tabaco, isto ocorre porque, tanto no cigarro quanto em sua fumaça, há mais de 7000 mil substâncias químicas e sabemos que, pelo menos 70 delas, são carcinogênicas. Isto é, favorecem o aparecimento de tumores através de danos às células e seus genes. No caso da bexiga, o risco é aumentado porque estes compostos químicos deletérios, ao serem inalados, são absorvidos pelo pulmão, caem na corrente sanguínea e serão filtrados pelo rim, que produzirá uma urina “contaminada”.

Como a bexiga é um reservatório de urina, estas substâncias passarão horas em contato com a superfície vesical, propiciando o ambiente adequado para causar os danos celulares e o consequente aparecimento de tumores. Os principais fatores de risco para o câncer de bexiga incluem também os cigarros eletrônicos. Já há estudos experimentais sugerindo maior risco, mas nada conclusivo ainda. Outros fatores incluem exposição a defensivos agrícolas, como antifúngicos, exposição às tinturas, seja na indústria têxtil ou entre os profissionais que trabalham com tintura de cabelo na área da beleza e estética.

Sinais de alerta e tratamentos

O urologista explica que, caso haja sangramento na urina, visualmente ou em exame de urina, mesmo que desapareça espontaneamente, é importante investigar. “O principal sinal é esse. Outros sintomas são ardência, frequência aumentada que apareçam subitamente, e que não esteja relacionado à infecção urinária. Atualmente não recomendamos exames de rotina da bexiga, somente para quem tem sangramento ou sintomas”, diz.

Com relação à hereditariedade, eventualmente, há casos que estão relacionados, mas, na grande maioria não está, é sim mais ao estilo de vida e exposição aos agentes de risco. Segundo o médico, quando diagnosticado em estado inicial, aumentam as chances de cura.

“Na maior parte dos casos é uma doença curável. Nos casos em que a doença é diagnosticada precocemente, o tratamento é feito via endoscópica. Já nos casos mais avançados, existe a possibilidade de cirurgia para remoção da bexiga ou radioterapia e, em algumas situações, utiliza-se quimioterapia e imunoterapia. Além dos tratamentos mencionados acima, muitas vezes utiliza-se medicamentos aplicados dentro da bexiga, como a BCG ou quimioterapia”, afirma Korkes.

Porém, o especialista ressalta que existem chances de recidiva, ou seja, da doença voltar após o tratamento acusar melhora/cura. “Sim, por isto é importante realizar acompanhamento de perto. Para os tratamentos endoscópicos, é feito por cistoscopia, ou exame endoscópico da bexiga. Para os pacientes que tem a bexiga removida, o acompanhamento é realizado com exames de laboratório, tomografia e ressonância magnética”.

A boa notícia é que algumas medidas podem ser adotadas para reduzir o risco de desenvolver um câncer na bexiga. A mais importante atitude seria parar de fumar e hidratar-se bem. Após cessar o tabagismo por dez anos, o risco de câncer de bexiga cai pela metade. Esse seria a principal prevenção. Além disso, outros hábitos podem ser incorporados, como proteção adequada no ambiente de trabalho em que há exposição às aminas aromáticas, bem como introduzir uma dieta rica em frutas e vegetais. É útil para saúde cardiovascular, além de ajudar na prevenção de outros tumores.

Sobre a SBU

A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) é uma entidade médica com 90 anos de fundação que congrega mais de 4.500 médicos associados em todo o País, sendo aproximadamente 30% do Estado de São Paulo. Sem fins lucrativos, representa os profissionais da especialidade de Urologia clínica e cirúrgica, responsável pelo diagnóstico e pelo tratamento das enfermidades do sistema urinário e sistema genital masculino. A seccional São Paulo tem mais de 50 anos e cerca de 1.500 médicos associados. Desde 2004, realiza campanhas anuais de conscientização sobre o câncer de próstata para aumentar a sobrevida e a qualidade de vida de pacientes acometidos pela doença. Mais recentemente, outras campanhas também vêm sendo organizadas, como as sobre câncer de bexiga, incontinência urinária, litíase renal, tumor de testículo, dentre outras. Para mais informações, acesse o novo portal: www.sbu-sp.org.br