RENATO OCHMAN, PRESIDENTE DA BRIL CHAMBER – CÂMARA BRASIL ISRAEL DE COMÉRCIO E INDÚSTRIA – Por Glorinha Cohen

Gaúcho de Porto Alegre, Renato Ochman, Presidente da BRIL Chamber – Câmara Brasil Israel de Comércio e Indústria, deixou  sua cidade natal há cerca de 40 anos para morar em São Paulo em busca de novas oportunidades. E ele não  poderia ter sido mais feliz em sua jornada profissional: aqui desenvolveu uma brilhante carreira na área advocatícia e hoje  é  um dos maiores especialistas brasileiros em fusões e aquisições e em temas relacionados ao direito societário e ao mercado de capitais.

Mestre em Direito Comercial pela PUC/SP,  é  autor dos livros: “Vivendo a Negociação” (2009) e “Atos Societários Relevantes – A Companhia e os Investidores” (2013), membro do Conselho da New York University e do Conselho da Sociedade de Amigos do Technion – Brasil,  uma organização sem fins lucrativos  dedicada a divulgar e promover as ações do Technion – Israel Institute of Technology, a principal universidade tecnológica de Israel.

Mas, não pense que seu sucesso para por aí. Presidindo pela segunda vez a BRIL Chamber, conseguiu implementar na organização projetos importantes como a inauguração de regionais no Amazonas, Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul, a parceria com o Parque Tecnológico de São José dos Campos estimulando o intercâmbio de tecnologias de ponta entre os dois países e o projeto da Escola Agrícola 4.0, que resulta de uma parceria entre o CEEP (Centro Estadual de Educação Profissional) Newton Freire Maia e uma escola agrícola irmã em Israel. Isto apenas para citar alguns deles.

Ao abordar nesta entrevista aspectos importantes que envolvem o efervescente cenário político entre o Brasil e Israel, Renato está convicto de que, apesar das tensões este pode ser um momento de grandes oportunidades para investimentos em solo israelense,  tanto em startups de tecnologia quanto em imóveis. Saiba o porquê e, de quebra, conheça um pouquinho sobre este ser humano de primeira grandeza e profissional incrível que faz do trabalho seu hobby e jamais se curva às turbulências encontradas pelo caminho.


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“À medida que enfrentamos desafios decorrentes de conflitos regionais, aprendemos a importância da diversificação e da resiliência em nossas relações comerciais”.

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GC – Qual a sua característica de personalidade mais marcante?

RO – Acho que minha característica mais marcante é a resiliência.

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GC – Quais as qualidades que mais valoriza em uma pessoa?

RO – Honestidade e fé.

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GC – Tem algum hobby e para qual time de futebol torce?

RO – Meu hobby é o mais barato de todos: trabalho. Sou gremista de coração.

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GC – Conte um pouco de sua vida profissional.

RO – Muita dedicação, resiliência e  também posso dizer que tive  a sorte de conhecer as pessoas certas na hora certa.

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GC – Se não fosse advogado, qual outra profissão escolheria?

RO – Não escolheria nenhuma outra profissão. Seria advogado novamente.

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GC – O senhor é presidente da Bril Chamber desde 2020 e foi reeleito para o biênio 2023/2024. O que o levou a aceitar o cargo?

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RO – Estou na Câmara há mais de 20 anos. Fui Diretor, Secretário Geral, Vice-Presidente e sempre apostei no crescimento das relações comerciais entre os dois países. Quando fui indicado, abracei o cargo com muita dedicação e entusiasmo.

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GC – Além da Bril Chamber, participa de outras entidades?

RO – Sou membro do Conselho da New York University e da Sociedade de  Amigos do Technion-Brasil, uma organização sem fins lucrativos  dedicada a divulgar e promover as ações do Technion – Israel Institute of Technology, e apoio outras entidades ligadas à educação.

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GC – Ao assumir a presidência pela primeira vez, o senhor chegou com o propósito de renovar a entidade e criar um programa de incentivo aos negócios bilaterais entre os dois países, sobretudo nas áreas de tecnologia, saúde e empreendedorismo. Com um cenário bélico mundial cada vez mais efervescente, até que ponto isso dificulta o trabalho da Bril Chamber?

RO – Dificuldades sempre vamos encontrar em negócios. Apesar das tensões políticas, este pode ser um momento de grandes oportunidades para investimentos em Israel, tanto em startups de tecnologia quanto em imóveis. Além disso, o valuation das empresas israelenses está muito favorável para investidores neste momento. À medida que enfrentamos desafios decorrentes de conflitos regionais, aprendemos a importância da diversificação e da resiliência em nossas relações comerciais.

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GC – Quais foram os projetos mais importantes?

RO – Foram vários. Destaco as missões que fizemos a Israel, levando muitos empresários e investidores brasileiros para conhecer pessoalmente o hub de tecnologia, startups e fundos de venture capital de Israel; a parceria entre o Parque Tecnológico de São José dos Campos e a BRIL Chamber, estimulando o intercâmbio de tecnologias de ponta entre os dois países. Destaco também o projeto da Escola Agrícola 4.0, que resulta de uma parceria entre a CEEP Newton Freire Maia e uma escola agrícola irmã em Israel. Mesmo após o início dos conflitos, tivemos a oportunidade de realizar eventos presenciais e online com empreendedores israelenses de destaque, como Uri Levine, co-criador do Waze, em parceria com o BTG Pactual, Devora Mason, diretora do Departamento de Relações com Investidores da Jerusalem Venture Partners (JVP), e Uzi Scheffer, CEO Global da SOSA Holdings, entre outros.

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“Israel é um parceiro comercial importante para o Brasil, especialmente no setor de commodities e tecnologia, com a balança comercial crescendo de US$ 1,5 bilhão para US$ 4 bilhões em 2022”.

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GC – Qual o resultado da participação da Bril Chamber no Parque Tecnológico de São José dos Campos?

RO – O Parque Tecnológico de São José dos Campos promove ciência, tecnologia, inovação e empreendedorismo, sempre em busca do desenvolvimento das mais de 300 empresas e instituições vinculadas. Por meio dessa parceria, a BRIL Chamber estará à disposição das empresas do PqTec para detectar as melhores oportunidades de negócios, através de, por exemplo, projetos de P&D (pesquisa e desenvolvimento); joint ventures e representações; integrações de sistemas e soluções para ampliar as ofertas de produtos nos dois países; possibilidades de internacionalização de tecnologias locais e busca por investidores israelenses.

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GC – Quantas regionais da Bril Chamber foram abertas durante sua gestão?

RO – Visando incrementar as relações comerciais e culturais entre Brasil e Israel, além de buscar a abertura de novas oportunidades, a Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria licenciou, durante minha gestão, novas câmaras regionais nos estados do Amazonas, Paraná, Mato Grosso e Rio Grande do Sul.

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GC – Qual o perfil das pessoas que mais se interessam por Israel e como a Bril Chamber está investindo nesta área?

RO – Contamos com associados dos mais diversos setores e nossa visão está voltada para resultados que beneficiem o intercâmbio bilateral. Fazemos a ponte entre instituições e empresas interessadas em conhecer e se aproximar de Israel e do Brasil.

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GC – O que a Bril Chamber tem a oferecer aos seus associados?

RO – A Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria (BRIL Chamber) é uma entidade sem fins lucrativos e de utilidade pública que atua há mais de 60 anos na promoção das relações econômicas e comerciais entre Brasil e Israel. Para superar a distância geográfica e cultural entre Brasil e Israel, realizamos eventos e atividades que permitem a nossos associados ampliar seus contatos e ter acesso a informações privilegiadas, a fim de fomentar um ambiente de negócios ativo, criando oportunidades para efetivação de negócios e parcerias. Fazemos a ponte entre instituições e empresas interessadas em conhecer e se aproximar de Israel e do Brasil, missões empresariais e comerciais a Israel, inclusive missões “customizadas” de acordo com a preferência por um determinado segmento, bem como a viabilização da participação em feiras e exposições.

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GC – Quais são os produtos que Israel exporta para o Brasil e em termos de valores quanto isso significa? Em contrapartida, o que o Brasil tem oferecido a Israel?

RO – Israel é um parceiro comercial importante para o Brasil, especialmente no setor de commodities e tecnologia, com a balança comercial crescendo de US$ 1,5 bilhão para US$ 4 bilhões em 2022. O acordo recente para exportar frango do Brasil para Israel representa uma oportunidade significativa, especialmente considerando o alto consumo de frango por parte dos israelenses, e pode fortalecer ainda mais as relações comerciais. As importações brasileiras de fertilizantes também podem ter consequências devido à incerteza da guerra. Atualmente, o fluxo comercial deste item é da ordem de US$ 1,2 bilhão.

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GC – O senhor é autor do livro “Código da Negociação” e, portanto, expert no assunto. Assim, poderia nos dizer qual a fórmula para se conseguir um bom negócio, tendo em vista a complexidade das leis brasileiras e de outros fatores que o dificultam, como a insegurança jurídica existente hoje em nosso país?

RO – Não existe uma fórmula pronta, mas princípios básicos como analisar e estudar profundamente o negócio e o seu setor, saber com quem você está fazendo negócio e muita atenção na negociação são fundamentais.

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GC – Qual o grande desafio atual da Bril Chamber?

RO – Aumentar o volume de negócios e fazer com que haja um incremento  na balança comercial entre os países.

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GC – Gostaria de ressaltar alguma realização, tanto no campo profissional como no voluntário?

RO – Prefiro dizer que o trabalho voluntário de qualquer natureza social é indispensável, forma o ser humano e é a única saída para todos entenderem o sentido da vida.

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