CYBERBULLYING: OS DESAFIOS PARA PROTEGER CRIANÇAS E ADOLESCENTES DOS CRIMES VIRTUAIS
“Pais ou responsáveis têm que estar sempre atentos aos conteúdos que estão sendo acessados por seus filhos”, alerta a pedagoga e psicóloga Natalie Schonwald
Cometido por meio de canais virtuais, o cyberbullying é um crime que tem, cada vez mais, preocupado pais e educadores. Atraído pelo mundo digital, aplicativos de mensagens ou grupos on-line, o público infantojuvenil está o tempo todo em contato com desafios perigosos, entre eles pedofilia e fake news, e, se agir por impulso, fica mais vulnerável a essas armadilhas.
A psicóloga, autora, pedagoga e palestrante de inclusão e diversidade, Natalie Schonwald (foto), afirma que o período de confinamento causado pela Covid-19 mudou a forma como os adolescentes interagem, e isso pode ser uma explicação para o aumento da importunação. “A internet foi o meio de comunicação mais utilizado durante a pandemia. Com o fácil acesso às tecnologias e, principalmente às redes sociais, as crianças estão mais suscetíveis à influência das informações sem analisar sua veracidade ou as consequências ao repassar essas mensagens, assim, o bullying por meio da internet ganhou um alcance muito maior que no ambiente físico, por isso, lutar contra esse assédio é de fundamental importância e urgente para preservar a integridade das crianças”.
De acordo com o último relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) / Europa, uma em cada seis crianças em idade escolar sofre cyberbullying e, embora as tendências gerais do bullying escolar tenham permanecido estáveis desde 2018, o cyberbullying aumentou, ampliado pela crescente digitalização das interações dos jovens.
No Brasil, para reforçar que qualquer prática agressiva de intimidações e perseguições no ambiente virtual tenham sérias consequências, foi sancionada em janeiro deste ano a Lei 14.811/2024, que prevê pena de reclusão de quatro anos e multa para os praticantes dos crimes de bullying e cyberbullying. No entanto, Natalie pontua: “A lei é importante, é um passo para o fim do cyberbullying, mas, assim como outros tipos de intimidação e perseguição, depende de uma transformação social para que uma mudança aconteça de fato. Pode ser um processo demorado, mas possível”.
Preocupações
Muitos homens se passam por adolescentes para realizar a prática da pedofilia e convencem a vítima a ir ao seu encontro. Natalie explica que as crianças, principalmente as meninas, precisam sempre estar orientadas em relação aos riscos que existem por trás das telas para evitar qualquer tipo de constrangimento, e que, caso ocorra, é preciso ir a uma delegacia e denunciar o agressor. “Os pais ou responsáveis têm que estar sempre atentos aos conteúdos que estão sendo acessados por seus filhos, e um dos motivos relevantes é que estes acessos estão ocorrendo com maior frequência e mais cedo. Normalmente, as meninas confiam mais nos homens, sem pensar muito nas consequências, e supostamente não acreditam que serão traídas pelo agressor, que muitas vezes pede para filmar uma relação, por exemplo, e jura que não passará para frente, mas acaba espalhando esse vídeo, principalmente para as pessoas da escola”.
Consequências
Depressão, isolamento, crises de ansiedade, síndrome do pânico e suicídios são alguns desfechos trágicos das vítimas do cyberbullying apontados por Natalie, e, segundo ela, podem ser evitados. É preciso garantir que o público infantojuvenil tenha sua privacidade respeitada, online e em outros ambientes, mas que os pais e responsáveis estejam sempre atentos.
Natalie Schonwald
Natalie é psicóloga, pedagoga, palestrante de inclusão e diversidade e autora dos livros “Na Cidade da Matemática” e “Na Cidade da Matemática – Bairro das Centenas”.
É pós-graduanda em Psicopedagogia pelo Instituto Singularidades (SP). Na área da educação e alfabetização, trabalha com os anos finais da Educação Infantil e iniciais do Ensino Fundamental I. Nesta área da educação, Natalie completa seu trabalho escrevendo artigos. A profissional também faz parte da direção da Associação dos AVCistas do Brasil – uma organização comunitária de acolhimento às vítimas de AVC e seus familiares. Como atleta, também participou do mundial de adestramento paraequestre em 2003 – pratica esporte desde seus 9 anos e também é embaixadora da equipe feminina de surfe adaptado.
Após um AVC com 8 meses, enfrentou um caminho de superação. Sua história é marcada não apenas pela adversidade, mas pela resiliência e conquistas que a transformou em fonte de inspiração, destacando a importância da inclusão e da diversidade em todas as suas formas.