11 MITOS E EQUÍVOCOS SOBRE SHAVUOT – Por Yehuda Altein

Neste artigo:

  •  1 – Mito: Shavuot é sempre em 6 de Sivan
  • 2 – Mito: Shavuot é sempre no domingo
  • 3 – Mito: É suficiente celebrar Shavuot por um dia
  • 4 – Mito: É uma mitsvá comer laticínios
  • 5 – Mito: É basicamente porque é aquilo que tivemos após o Sinai
  • 6 – Mito: Nenhuma necessidade de comer carne em Shavuot
  • 7 – Mito: Tratado Shavuot é Sobre Shavuot
  • 8 – Mito: Recebemos as Duas Tabuas em Shavuot
  • 9 – Mito: A Outorga da Torá foi um fenômeno único
  • 10 – Mito: Os Dez Mandamentos são as mitsvot mais importantes
  • 11 – Mito: Dormimos porque estamos apáticos

1 – Mito: Shavuot é sempre em 6 de Sivan

Todo ano, a festa de Shavuot ocorre no 6º (e 7º) dia do mês hebraico de Sivan (correspondendo a maio-junho). Pode parecer que Shavuot tem sido sempre celebrada nessa data.

Fato: Shavuot é o 50º dia a partir do Omer

A Torá nos instrui a contarmos sete semanas (49 dias) a partir do dia da oferenda do omer e a celebrar Shavuot no 50º dia.1 A oferenda do omer foi levada no segundo dia de Pessach, e segundo o calendário que seguimos atualmente, 50 dias depois é 6 de Sivan. Na época do Templo, porém, cada mês era estabelecido de novo pela corte rabínica, baseado no relato de testemunhas que tinham observado a lua nova. A duração de cada mês variava da mesma forma, e Shavuot portanto ocorria ou no 5º, no 6º ou no 7 º dia de Sivan.

Interessante, as datas alternativas de Shavuot são possíveis hoje também – para alguém que contou os dias entre Pessach e Shavuot em diferentes paralelos. Nesse caso, seu 50º dia é diferente do 50º dia daqueles ao seu redor. Se você cruzou a linha rumo ao oeste {por exemplo, da América para a Austrália), Shavuot para você começará em 7 de Sivan. De modo contrário, se você cruzou a fronteira na direção leste (exemplo, da Austrália para a América ), você começará a celebrar em 5 de Sivan.

2 – Mito: Shavuot é sempre no domingo

Embora esse engano seja algo do passado, provavelmente é o mais antigo mito de Shavuot na história, voltando aos tempos talmúdicos. A Torá nos instrui a “contar sete semanas completas após o dia de descanso, a partir do dia em que você leva a oferenda do omer.”2 Isso parece sugerir que a oferenda do omer era levada no domingo {o dia após o “dia de descanso” – Shabat). Se isso é quando a contagem de sete semanas começa, deveria sempre concluir no Shabat, e Shavuot – o quinquagésimo dia – deveria ser sempre ser celebrado no domingo.

Fato: “O Dia de Descanso” é o primeiro dia de Pessach

Junto com a Torá Escrita, D’us nos deu a Torá Oral para garantir a interpretação correta da lei. O Talmud cita uma tradição oral,3 vinda de Moshê, que a recebeu do Próprio D’us, que o “dia de descanso” neste versículo não se refere ao Shabat, mas ao primeiro dia de Pessach. (Na verdade, é comum para a Escritura referir-se aos feriados como “dias de descanso” ou “dias designados”.) Portanto, a oferenda do omer sempre era levada no segundo dia de Pessach, não importa qual dia da semana era, e Shavuot é 50 dias depois, seja um domingo, segunda, quarta ou quinta-feira.

3 – Mito: É suficiente celebrar Shavuot por um dia

Muitas pessoas erroneamente acreditam que celebrar Shavuot por um dia é suficiente.

Fato: Shavuot é celebrado por dois dias na Diáspora

Segundo a lei da Torá, Shavuot é um único dia. Na época do Templo, como cada mês era estabelecido de novo pela corte rabínica em Jerusalém, e demorava para resolverem, as comunidades na Diáspora com frequência ficava incerta sobre o dia correto da festa. Assim, na Terra de Israel, onde a palavra corria mais depressa e não havia dúvida sobre qual dia era o primeiro do mês, Shavuot era celebrado por um dia (segundo a lei da Tora), enquanto na Diáspora um segundo dia era observado para cobrir todas as localidades.

No Século 4 EC, um calendário fixo foi estabelecido, e as pessoas sabiam com antecedência quando as festas iriam ocorrer. Apesar disso, o Talmud explica que somos ordenados pela lei rabínica a observar um segundo dia. Num nível simples, os motivos para essa antiga exigência é manter os costumes dos nossos antepassados. Razões mais profunda,s místicas, também são fornecidas.

4 – Mito: É uma mitsvá comer laticínios

Em Rosh Hashaná é uma mitsvá ouvir o shofar; em Sucot – comer numa sucá; em Pessach – comer matsa; e em Shavuot – comer laticínios.

Fato: É um costume (embora delicioso)

A Torá não nos instrui a comer laticínios; na verdade, isso nem é mencionado no Talmud. Comer alimentos lácteos em Shavuot é um costume que evoluiu nos tempos pós-talmúdicos, com numerosas explicações (veja o próximo mito para mais sobre isso). Como ocorre com todos os costumes, expressamos nossa devoção a D’us fazendo ainda mais do que Ele nos pede.

5 – Mito: É basicamente porque é aquilo que tivemos após o Sinai

Talvez o motivo mais conhecido para comer laticínios seja que quando D’us outorgou a Torá, os judeus ficaram obrigados a observar as leis de cashrut. Toda a carne em posse deles foi considerada imprópria, e como a Torá foi outorgada no Shabat, nenhum bezerro poderia ser abatido nem os utensílios poderiam ser casherizados. Eles não tiveram opção exceto comer laticínios, e comemoramos isso fazendo o mesmo. Muitos acreditam que essa é a única razão, ou pelo menos a razão básica, para comer laticínios em Shavuot.

Fato: Esta é apenas uma de muitas razões

Essa explicação pode ser remetida a um livro impresso há cerca de 100 anos, apresentando pensamentos de Torá dos notáveis chassidim do Século 18. Porém, muitas outras fascinantes razões foram dadas para esse costume, alguns deles datados de séculos atrás.

Leia: Outra razão

6 – Mito: Nenhuma necessidade de comer carne em Shavuot

O típico cardápio de Shabat e festas inclui uma refeiçnao especial e festiva incluindo carne. Comer carne é uma das maneiras de cumprirmos a mitsvá de deleite nessas ocasiões. Alguns presumem que Shavuot é uma exceção. Como devemos esperar uma hora entre comer laticínios e fazer uma refeição de carne na sequência deste intervalo, o costume de comer laticínios parece superar a obrigação de comer carne.

Fato: Ainda há uma obrigação de comer carne (Separada do laticínio, é claro).

Shavuot não é exceção; a obrigação de comer carne permanece. Há numerosos costumes sobre quando servir laticínios, portanto isso não deveria entrar em conflito com a carne. Uma prática comum é servir uma refeição de leite imediatamente após os serviços matinais. Então, após recitar Bircat Hamazon, Graças Após as Refeições, e esperar um hora, uma refeição de carne é servida.

Leia: Experimente fazer algumas de nossas receitas de Shavuot

7 – Mito: Tratado Shavuot é Sobre Shavuot

Há um tratado talmúdico devotado a cada uma das principais festas – Rosh Hashaná, Yom KIpur, Sucot, Purim e Pessach (embora Chanucá seja uma grande exceção). Há também um tratado chamado Shevuot. Conclusão óbvia: Tratado Shevuot é sobre Shavuot.

Fato: Tratado Shevuot discute Promessas

Interessante, o Tratado Shevuot não é sobre Shavuot mas sobre juramentos. Embora o nome do feriado signifique semanas, pois é celebrado sete semanas após a oferenda do Omer, a palavra similar shevuot significa juramentos, e este é o assunto do tratado.

Embora Shavuot seja abençoado com uma miríade de lindos costumes, tem muito poucas leis únicas. Muitas leis relacionadas a festas em geral são discutidas em outro tratado – Beitzah.

Há, no entanto, uma conexão entre Tratado Shevuot {juramentos} e Shavuot {o feriado}; Neste dia D’us prometeu eterna devoção a nós, e nos imploramos eterna lealdade a Ele.

Para mais sobre Shavuot, visite nosso minisite Shavuot.

8 – Mito: Recebemos as Duas Tabuas em Shavuot

Shavuot é o dia em que D’us nos deu a Torá. Muitos entendem isso como significando que recebemos as duas Tábuas (luchot) neste dia.

Fato: Nós as recebemos (e as perdemos) em 17 de Tamuz

Em Shavuot D’us comunicou os Dez Mandamentos a nós, os primeiros dois diretamente e os últimos oito via Moshê. Moshê então subiu ao Monte Sinai e permaneceu ali por 40 dias, onde D’us lhe deu as Tábuas sobre as quais esses Dez Mandamentos – a fundação de todas as 613 mitsvot que D’us ensinou a ele durante aquele tempo – foram inscritos.

Os 40 dias foram concluídos no 17º dia do mês hebraico de Tamuz. Quando Moshê desceu com as Tábuas, ele viu os judeus adorando o bezerro de ouro. Horrorizado, ele atirou as Tábuas sobre o chão, quebrando-as instantaneamente. Moshê então subiu ao Monte Sinai mais uma vez para interceder em prol dos pecadores. D’us aceitou seus pedidos e perdoou o povo judeu, e em Yom Kipur, Moshê desceu mais uma vez com um segundo conjunto de Tábuas.

9 – Mito: A Outorga da Torá foi um fenômeno único

A outorga da Torá foi uma experiência maravilhosa, nunca houve algo igual. A percepção comum é que em Shavuot comemoramos um evento climático que ocorreu há 3.300 anos.

Fato: Todo Ano – Todo Dia – Recebemos a Torá

Sob uma perspectiva mais profunda, as festas judaicas não apenas comemoram eventos ocorridos há muito tempo. Num âmbito espiritual, os incidentes de lá retornam a cada ano, imbuindo-nos com energia e vigor sempre aumentados. Além disso, somos ensinados que D’us nos dá a Torá a cada ano e todo dia. Essa ideia é expressada na bênção que recitamos – no tempo presente, a cada manhã antes de estudar Torá: “Bendito Sejas Tu Senhor que nos dá a Torá.”

Portanto este ano em Shavuot, imagine a maravilhosa outorga da Torá como uma realidade atual. Está acontecendo hoje! Vá à sinagoga e ouça a leitura dos Dez Mandamentos da Torá.

10 – Mito: Os Dez Mandamentos são as mitsvot mais importantes

É do conhecimento comum que os Dez Mandamentos são a mais importante das 613 mitsvot, enquanto as remanescentes são menos importantes ou talvez não obrigatórias… Ou não?

Fato: Toda mitsvá é igualmente importante

Embora os Dez Mandamentos certamente ocupem um papel único, não deveríamos subestimar a importância de cada mitsvá, não importa o quanto pareça pequena.

Uma mitsvá é a vontade de D’us, e seu valor excede qualquer coisa que possamos entender. Toda e cada mitsvá é uma oportunidade para formar uma conexão pessoal com o Próprio D’us. Portanto siga em frente e faça tudo que puder!

Leia: O que é uma Mitsvá?

11 – Mito: Dormimos porque estamos apáticos

o Midrash relata que na noite anterior à Outorga da Torá, o povo judeu dprmiu mais cedo para ter uma boa noite de sono. Na manhã seguinte, eles dormiam e Moshê teve de acordá-los. Para retificar esse engano, é costume ficar acordado a noite toda em Shavuot e estudar textos da Torá. Esse fato é comumente visto como uma parte vergonhosa da nossa história, refletindo a falta de entusiasmo dos nossos antepassados para receber a Torá.

Fato: Queríamos nos preparar para atingir energia espiritual

Embora os judeus dormissem naquela manhã fatídica, há uma dimensão mais profunda na história, dando-nos uma maneira mais positiva de olhar para o que aconteceu.

O Rebe explica que os judeus foram dormir não por causa da apatia, mas porque sentiam que era a melhor maneira de se preparar. Quando você dorme, sua alma sobe aos reinos sobrenaturais e recebe energia espiritual renovada. Que melhor maneira de se preparar para a outorga da Tora que passar as horas precedentes mergulhados na espiritualidade?

Apesar das boas intenções, houve um engano. Ao irem dormir, os judeus demonstraram que tinham entendido mal o ponto da Torá. A Torá não foi dada para nos tornarmos seres espirituais, mas para nós lidarmos e refinarmos nossa natureza física. Portanto ficamos acordados para corrigir essa falha. Passamos a noite aprendendo, trabalhando com nosso corpo, inspirando-o, e purificando-o, para que cada parte de nós, tanto física como espiritual, esteja pronta para receber a Torá novamente.

NOTAS

1.

Vayicrá 23:15-16

2.

Vayicrá 23:15

3.

Menachot 65b.

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Yehuda Altein

Rabi Yehudah Altein é um escritor, tradutor e editor especializado em temas judaicos e manuscritos. Antigo pesquisador para o Instituto Machon Shmuel do JLI, ele escreveu sobre história judaica, exegese escritural, Halachá, e chassidut. Reside no Brooklyn, N.Y., com sua família e gosta de colecionar antiguidades judaicas e explorar a história natural na Torá.

Fonte: https://www.beitchabad.org.br/library/article_cdo/aid/5132893/jewish/11-Mitos-e-Equvocos-Sobre-Shavuot.htm


SHAVUOT – A OUTORGA DA TORÁ

6 e 7 de Sivan

Arte de Sefira Lightstone

Shavuot 6 e 7 de Sivan / Inicia ao pôr do sol de terça-feira, 11 de junho de 2024;

6 de Sivan (1º dia de Shavuot, quarta-feira 12 de junho)

7 de Sivan (2º dia de Shavuot, quinta-feira, 13 de junho)

Celebra a data que D’us outorgou a Torá ao povo judeu no Monte Sinai há mais de 3.300 anos.
Ela ocorre após 49 dias da contagem do Omer, em preparação a esse evento marcante.
É comemorada com o acendimento das velas, com estudo a noite toda de Torá, ouvindo a leitura dos Dez Mandamentos na sinagoga e saboreando alimentos lácteos.