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IA e outras tecnologias ajudam a identificar vestígios de câncer de forma mais rápida e precisa – Dr. Wagner Eduardo Matheus

Como médico, todos os anos, faço minha análise pessoal se estamos ou não impactando consciências e mudando o comportamento para o autocuidado. Apesar de bem difundida a campanha de saúde masculina, sinto que ainda precisamos avançar para reduzir pensamentos um tanto retrógrados e ainda machistas. Não cabe mais piadas e frases que reduzam o tempo de vida do homem.

É também de se reconhecer que a comunidade médica urológica se empenha em encontrar maneiras didáticas e originais, que chamem para a importância da prevenção no diagnóstico precoce do câncer de próstata.

Afinal, é o segundo tipo mais comum entre homens no Brasil, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. O objetivo é educar a população sobre a importância de exames regulares, especialmente para homens acima de 50 anos (ou 45 anos, se houver histórico familiar da doença). O INCA estima que, no Brasil, serão 71.730 novos casos registrados entre 2023-2025, reafirmando sua importância epidemiológica no país.

Outros estudos mostram que, um diagnóstico da doença é feito a cada sete minutos e, um em cada dez homens, terá câncer de próstata. Sem suavizar, são dados que mostram a realidade e, que, apesar dos avanços terapêuticos, cerca de 25% dos pacientes com câncer de próstata ainda morrem devido à doença.

Atualmente, cerca de 20% dos casos ainda são diagnosticados em estágios avançados, embora tenha ocorrido um declínio importante nas últimas décadas em decorrência de políticas de rastreamento da doença e maior conscientização da população.

Geralmente, é importante que se saiba, que o câncer de próstata se desenvolve de forma lenta e, nas fases iniciais, não apresenta sintomas. Isso torna o diagnóstico precoce essencial, pois aumenta significativamente as chances de cura. Com exames regulares, como o toque retal e o PSA (Antígeno Prostático Específico), é possível identificar a doença em seus estágios iniciais, permitindo tratamentos menos invasivos e com melhores resultados.

Novas tecnologias

Com os avanços na medicina, as opções de diagnóstico do câncer de próstata têm se tornado cada vez mais sofisticadas e menos invasivas, dentre elas, a cirurgia robótica assistida, uma das inovações mais significativas no tratamento cirúrgico do câncer de próstata. Utilizando sistemas como o robô Da Vinci, o cirurgião consegue realizar procedimentos minimamente invasivos com alta precisão. As vantagens incluem menor sangramento, menos dor no pós-operatório, recuperação mais rápida e quando realizadas por cirurgiões habilitados menor risco de complicações, como disfunção erétil e incontinência urinária.

Já as telecirurgias, que vem ocupando posição de destaque em debates acalorados, ainda é um tratamento não utilizado, em fase de pesquisa e com grande potencial de desenvolvimento, principalmente em regiões remotas e carentes de cirurgiões especializados.

Ambas as terapias permitem que os pacientes tenham acesso a tratamentos altamente precisos e com recuperação mais rápida. Com o diagnóstico precoce, o tratamento da doença pode ser altamente eficaz, sem falar que as novas tecnologias têm melhorado tanto a precisão quanto a eficácia dos procedimentos. Destaco, ainda, alternativas de tratamento, como o registro de imagens por ressonância magnética (RM) multiparamétrica, a biópsia por fusão de imagem e, por fim, a inteligência artificial (IA) sendo desenvolvida para analisar imagens e dados de exames, ajudando os médicos a identificar sinais de câncer de forma mais rápida.

O Novembro Azul desempenha um papel essencial na conscientização sobre o câncer de próstata e na promoção de exames preventivos. Hoje, e felizmente, os homens têm mais opções e maior chance de cura do que nunca. O diagnóstico precoce continua sendo o pilar fundamental para o sucesso no combate à doença, e a campanhas ajudam a reduzir o estigma e a promover uma cultura de cuidado com a saúde masculina.


Dr. Wagner Eduardo Matheus

É o atual presidente da Sociedade Brasileira de Urologia – seccional São Paulo. Professor Livre docente da Urooncolgia FCM-UNICAMP.