Gaza: Guerra ou Genocídio? – Por William Douglas

A busca por soluções exige que as partes abram mão de narrativas tendenciosas ou falaciosas.

A África do Sul, financiada por países árabes, várias pessoas e até presidentes falaram em “genocídio”. Essa é uma acusação justa? Entendo que não.

Definir se há genocídio não pode ser tratado como guerra de torcidas ou um Fla-Flu, mas a partir da análise honesta dos fatos.

Entendo que, por ignorância ou má-fé, tentam substituir a realidade pela ideia de genocídio.

A realidade, em minha análise, é que estamos diante de uma guerra iniciada pelo Hamas, que utiliza a estratégia de usar a população palestina como escudo humano e os hospitais de Gaza como bases militares.

A narrativa não sobrevive ao bom senso aplicado aos fatos. Vamos aos fatos.

2.1.

Só existe genocídio quando há a intenção de eliminar o outro grupo. O único lado que tem esse propósito é o Hamas. Isso é “esquecido” por muitos.

2.2.

Israel quer praticar genocídio em Gaza? Vejamos:

a) Ninguém que quer praticar genocídio fornece água e eletricidade;

b) Ninguém que quer praticar genocídio interrompe a guerra para vacinação de crianças;

c) Ninguém que quer praticar genocídio permite a entrada de caminhões de ajuda humanitária;

d) Ninguém que quer praticar genocídio avisa onde vai bombardear, perdendo a chance de eliminar terroristas para evitar baixas civis;

e) Por fim, ninguém que é competente para sobreviver em meio a tantos inimigos seria incapaz de matar muito mais gente se essa fosse sua intenção. A superioridade militar e tecnológica de um lado, e, de outro lado, a densidade demográfica de Gaza, permitiriam um número de mortes compatível com genocídio, e isso não está ocorrendo. Há, infelizmente, muitas mortes como em todas as guerras.

2.3.

Não há genocídio quando o grupo pretensamente genocida estabelece condições simples, claras e objetivas para interromper voluntariamente a ação dita genocida.

Israel já disse várias vezes que interrompe a ação em Gaza com duas condições: devolução dos reféns e saída do Hamas do poder.

Vamos analisar as duas condições que Israel coloca:

A) Primeira condição. É razoável querer os reféns de volta? (Aliás, o grupo pretensamente vítima de genocídio tem reféns do grupo acusado de genocídio, é isso mesmo?) Se alguém acha que os reféns devem ser abandonados, a conversa acaba.

B) Segunda condição. É razoável querer que o Hamas saia do poder? O grupo já disse que vai repetir o 7/10. Você deixaria eles no poder? Eles que invadiram Israel em 7/10/23. Em 6/10/23 havia ZERO soldado de Israel em Gaza. O Hamas começou uma guerra apostando no “dilúvio” e errou no cálculo. Natural sair do poder ao perder a guerra. Imagina se Hitler ou Assad perdessem a guerra e quisessem continuar governando? Isso não existe. Desde que o mundo é mundo quem perde a guerra sai do poder.

2.4.

Logo, a situação é triste em Gaza, mas não é um genocídio. É algo que o Hamas começou e que pode terminar se o grupo reconhecer que começou uma operação militar que não deu certo. A culpa por não haver cessar-fogo é de quem não quer sair do poder e nem devolver os reféns.

2.5.

Os líderes do Hamas já disseram que estão dispostos a sacrificar milhões de palestinos para obter o que desejam. Se tem algum genocida no caso, é o Hamas. São genocidas de judeus e até do seu próprio povo.

A morte de milhões de palestinos é buscada não por Israel, mas pelo Hamas, grupo apoiado pelo Irã. Sobre isso, ver as telas enviadas. O Hamas não faz acordo algum porque interessa a ele que Israel tenha o custo político da guerra. A narrativa de “genocídio” e de “resistência” interessa aos terroristas e ignora os fatos.

2.6.

A ação israelense busca eliminar ameaças militares e resgatar reféns, entre os quais civis, idosos, mulheres e crianças. Há uma justificativa militar plausível, e ela se encerra com a rendição e a devolução dos reféns. Por outro lado, a única ação dirigida indiscriminadamente a civis em razão da condição da pessoa é o terrorismo diário promovido pelo Irã em Israel e na Cisjordânia, dirigido a judeus.

2.7.

Os números do Hamas escondem o número de terroristas mortos; têm várias incoerências já apontadas pela imprensa não sionista; somam mortos por mísseis do Hamas e Jihad Islâmica; não excluem mortes naturais. Sem dúvida e infelizmente há muitos mortos, mas os números reais precisam ser validados.

2.8.

Por fim, a população palestina continua crescendo, ao passo que todos os genocídios praticados resultaram em REDUÇÃO numérica do grupo vitimado. Exemplos:

1. Genocídio dos Povos Indígenas das Américas, Séculos XV a XVII

População Antes: ~60–100 milhões

População Depois: ~5–15 milhões

2. Holocausto

População Antes: ~11 milhões de judeus na Europa

População Depois: ~5 milhões

3. Genocídio na União Soviética (Grande Expurgo e Holodomor)

População Antes: ~34 milhões na Ucrânia

População Depois: ~28–30 milhões

4. Genocídio do Estado Livre do Congo (Rei Leopoldo II da Bélgica)

População Antes: ~20 milhões

População Depois: ~10 milhões

5. Genocídio Armênio / 1915–1923

População Antes: ~2 milhões de armênios

População Depois: ~500 mil

6. Genocídio de Ruanda / 1994

População Antes: ~7,1 milhões

População Depois: ~6,7 milhões

7. Genocídio Khmer Vermelho (Camboja / 1975–1979)

População Antes: ~8 milhões

População Depois: ~6,5 milhões

8. Genocídio dos Hererós e Namaquas (Namíbia / 1904–1908)

População Antes: ~80 mil hererós e 20 mil namaquas

População Depois: ~15 mil hererós e 9 mil namaquas

Em algum desses casos reais de genocídio, o grupo que atacava propôs cessar-fogo? Esse cessar-fogo dependia de apenas duas condições bastante razoáveis? Em algum desses casos o grupo atacado mantinha reféns do grupo que atacava? Enfim, a narrativa de “genocídio” só se sustenta se a pessoa não analisar os fatos de forma isenta.

2.9.

Se alguém realmente é contra genocídio, tal pessoa deveria falar sobre o Irã, cujos proxies Hamas, Hezbolah e Houthis diariamente lançam ataques contra civis israelenses. O Irã é o grande financiador da tentativa de extermínio do povo judeu de Israel. No mesmo sentido, é genocida quem grita “do rio ao mar” e quem apoia o Irã. Curiosamente, o MDH e o MRE não se manifestam para que o Irã interrompa sua campanha genocida e o financiamento ao terrorismo.

Conclusão.

Lamentamos muito o sofrimento dos reféns e dos civis dos dois lados e colocamos tudo isso na conta do Hamas, do Irã e dos países que dão suporte a ambos. Chamar de genocídio a operação para resgatar reféns e eliminar as ameaças é algo que ajuda os terroristas e alimenta o antissemitismo. Quem realmente quiser ajudar os palestinos precisa cobrar mudanças do Hamas e de seu patrocinador, o Irã.

Se alguém quiser ajudar os palestinos precisa ir para cima do Hamas e do Irã.


William Douglas Resinente dos Santos

É jurista, magistrado, escritor e professor de Direito Constitucional e Desembargador do Tribunal Regional Federal da 2ª Região.

Já exerceu as atividades de advogado, delegado de Polícia, Defensor Público, Professor de Direito Processual na Universidade Federal Fluminense – UFF e professor em vários cursos preparatórios e pós-graduação, já tendo atuado também como membro de bancas de concursos.

Agraciado com 4 medalhas militares, diversas medalhas civis e 3 prêmios pela atuação na área de inclusão social e racial. Embaixador da Missão Vida, que recupera moradores de rua, Membro da Educafro, OSCIP católica franciscana que trabalha com inclusão social e racial, professor voluntário no Coletivo Justiça Negra Luiz Gama e Coordenador de Empreendedorismo do Projeto Cristolândia, da Junta de Missões Nacionais, da Convenção Batista Brasileira.

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