A volta dos reféns e sua simbologia – Por Dovi Goldberg, da Sinagoga do Morumbi/SP
Muitos me perguntaram por que não falei sobre os reféns libertados nos meus últimos vídeos. Porque nunca senti tanta alegria e tanta tristeza ao mesmo tempo. Alegria de ver a libertação, após tanto tempo em condições tão desumanas. Almas puras, inocentes, que foram sequestradas de suas casas, por terroristas cruéis e implacáveis. Somente por serem judeus. Que alegria vê-los sorrindo e unidos com as suas famílias. E tristeza, ver três, quatro pessoas libertadas, aos poucos ao longo de semanas, enquanto outras 90 continuam sofrendo. E triste por ver a humilhação de judeus ao redor do mundo.
Mas…. as imagens da libertação desta semana foram uma revelação para muitos. Esclareceram algumas das frases mais profundas e mais básicas sobre nosso povo.
Vendo Agam Berger de 19 anos, cercada por um mar de terroristas, “disfarçados” de humanos, esclareceu as palavras do rei Salomão no livro Cânticos dos Cânticos: KISHOSHANA BEIN HACHOCHIM – Como uma rosa entre os espinhos.
Vendo a frágil Arbel Yehud de 20 anos, com seu sorriso tímido, sendo libertada em troca de dezenas de supostos humanos, e o mundo achando que uma jovem inocente por dezenas de terroristas é uma troca justa e faz todo o sentido. Isso esclareceu por que a Torá nos chama de povo escolhido. AM HANIVCHAR.
Vendo Gadi Moses, de 80 anos, de cabeça erguida, com orgulho e resiliência, saindo das mãos dos milhares de terroristas segurando máquina fotográfica em uma mão e uma arma na outra, esclareceu por que o Midrash nos compara a uma YONÁ, pomba, que ama seu lar, seu ninho, e se esforça para retornar apesar dos perigos e dificuldades ao longo do caminho.
Vendo o pai de Agam Berger, recebê-la com um Sefer Torá nas mãos, cercado por pessoas com tanta fé interna, esclareceu porque nos chamam de povo eterno, AM HANETZACH.
O Talmud fala “KOL YISRAEL AREIVIM ZE BA’ZE”
Há três interpretações desta frase; ouçam com atenção, pois esta semana entendemos o significado de cada uma:
“KOL YISRAEL AREIVIM ZE BA’ZE” – Todo Israel é RESPONSÁVEL uns pelos outros.
“KOL YISRAEL AREIVIM ZE BA’ZE” – Todo Israel é MISTURADO uns com os outros e
“KOL YISRAEL AREIVIM ZE BA’ZE” – Todo Israel é DOCE uns com os outros.
Nos sentimos responsáveis, uns pelos outros. Todos nós queremos fazer o que pudermos para salvar os reféns.
Somos misturados uns com os outros. À solidariedade e amor de todo nosso povo.
E vocês viram as danças dos amigos de Agam Berger cantando VeTamid Yihye Li Rak Tov – Que D’us me ama e somente coisas boas sempre me aconteçam.
Sim, somos doces uns com os outros.
No helicóptero, a caminho para o hospital, Agam Berger exibiu uma mensagem que ela escreveu: BIDERECH EMUNA BACHARTI, UBIDERECH EMUNA SHAVTI, TODA LECHOL AM YISRAEL VECHAYALEI TZAHAL HAGUIBORIM, EIN KAMOCHEM BA’OLAM
No primeiro trecho ela citou um versículo dos Salmos : BIDERECH EMUNA BACHARTI: Eu escolhi o caminho da fé. Em seguida ela escreveu: UBIDERECH EMUNA SHAVTI: E voltei com o caminho de fé. E por fim, “Obrigada a todo o povo de Israel e aos heroicos soldados. Não há ninguém como vocês no mundo.”
Essa moça, Agam Berger, manteve-se kosher e recusou várias comidas todo o período de cativeiro porque não era kosher. Apesar das condições difíceis, Agam permaneceu fiel aos seus valores e crenças.
Isso significa AM YISRAEL CHAI.
RABINO DOVI GOLDBERG – Sinagoga do Morumbi – São Paulo/Capital