RELATÓRIO DE ANTISSEMITISMO DA CONIB/FISESP/DSC APONTA CRESCIMENTO DE 350% DOS CASOS EM 2024


Claudio Lottenberg, Sergio Napchan, Fernando Rosenthal e Marcos Knobel

Relatório lançado na terça-feira (15 de abril) pela Confederação Israelita do Brasil (CONIB), a Federação Israelita do Estado de São Paulo e o Departamento de Segurança Comunitária (DSC/FISESP) revela um aumento alarmante de 350% nos casos de antissemitismo no Brasil em 2024. O relatório foi lançado em evento realizado no clube Hebraica de São Paulo e conto com a presença de especialistas, jornalistas, juristas e lideranças da comunidade judaica, reforçando o compromisso da CONIB com o monitoramento e combate ao antissemitismo.

O presidente da CONIB, Claudio Lottenberg, falou na abertura do evento, destacando que “os números são realmente muito preocupantes”. “E o Brasil apresentou o maior aumento de casos globais (961%) desde o início da guerra”. Lottenberg atribuiu grande parte ao aumento dos casos de guerra midiática. “Ao contrário da guerra militar, a guerra midiática é uma guerra de todos os judeus”, destacou, ao observar a responsabilidade de cada um com a verdade dos fatos. “O relatório traduz não só a realidade, mas também as preocupações que temos com o que acontece”, pontudo.

O presidente da Fisesp, Marcos Knobel, constatou que o povo judeu tem um histórico de perseguições que vem de séculos. “Hoje vimos o antissionismo se transformar em antissemitismo”. Ele elogiou a atuação do DSC na segurança da comunidade judaica e destacou: “Nosso maior objetivo é o de poder viver o nosso judaísmo como deve ser: com segurança”.

O diretor executivo da CONIB, Sergio Napchan, converteu o evento, alertando para o aumento dos casos de antissemitismo nos últimos anos. “O relatório é importante também para definir estratégias de atuação da CONIB e junto às autoridades, uma vez que o aumento dos casos afeta toda a sociedade”, apontou. Napchan defendeu a importância de serem adotadas políticas públicas de combate ao antissemitismo, como ocorre em outros países, como nos EUA e na Alemanha. Também destacou a importância do trabalho do jurídico no encaminhamento dos casos.

Bruno Cardoni – doutorando e Mestre em Filosofia Política e Filosofia do Direito pela UFRGS – abordou uma parte mais conceitual do antissemitismo, destacando a visão ideológica do preconceito contra judeus. “Para o antissemita o destino do mundo inteiro está ligado aos judeus. E o caminho para solucionar o problema passa pela educação e pela política”, inspirado.

Ezequiel Gotlieb, gerente operacional de segurança da DSC/FISESP, falou sobre a metodologia, coleta e tratamento das denúncias. Relatou como são catalogadas as denúncias antes de serem encaminhadas para análise e para os setores responsáveis. Citou um caso recente ocorrido em Manaus, em que o autor acusa os judeus de bruxaria. Esse mesmo autor acabou sendo preso, ao ser flagrado pelas câmeras picando a entrada de uma sinagoga.

Andressa Assunção de Lima, do Departamento Jurídico da CONIB, relatou como é feito o encaminhamento jurídico das denúncias. Citou um caso em que o autor postou nas redes comentários antissemitas e foi condenado por crime de racismo contra judeus. “A notificação trouxe um precedente importante para a classificação de antissemitismo como racismo”, observou. “A CONIB conta com 45 advogados voluntários participantes em 140 casos”, afirmou.

Joana Zlot, gerente de Comunicação da CONIB, apresentou os dados das denúncias, monitoramento digital e pesquisa G100 da ADL.

“No primeiro mês de conflito (Israel-Hamas) houve um aumento de mil por cento das denúncias, uma média de 12 denúncias diárias”.

O documento aponta um total de 1.788 casos e atingiu um recorde histórico no Brasil, com o aumento de 350% dos casos em 2024. O ambiente digital é o principal vetor: 73% das denúncias ocorreram no ambiente online, com o X liderando (48%) e o Instagram em segundo (37%).

Joana também citou recente pesquisa global da ADL (Liga Anti-Difamação) sobre a situação em mais de cem países, entre eles o Brasil.

Confira o relatório: https://conib.org.br/images/noticias/39636/Relatorio_Antissemitismo_no_Brasil_2024_v4-web_1.pdf

Texto: Celia Bensadon