PAPO DE COZINHA COM BRENO LERNER
UM JANTAR EM GAZA – Repetimos aqui o lema da ONG Chefs for Peace, fundada por chefs sabras, palestinos e cristãos e que faz, via cozinha, um lindo trabalho pela paz na região: Se utilizamos os mesmos ingredientes, praticamos as mesmas receitas e comemos a mesma comida, POR QUE BRIGAMOS TANTO?
UM JANTAR EM GAZA – Durante o séc. XIII a.C. dois povos chegaram à região conhecida pelos babilônios como Kinahu e pelos egípcios como Ka-na-na com diferença de poucas décadas. De um lado, um ramo dos Povos dos Mares que saíram do sul da Grécia e após batalhas terríveis contra os egípcios, um destes grupos, provavelmente vindo de Creta e conhecido como filistinos, estabeleceu-se no litoral da região, fundando 5 cidades estado: Asdod, Ascalon, Ecrom, Gaza e, a maior delas, Gate. Eram conhecidos como filistinos ou filisteus ou ainda palestinos.
Pouco depois chegava um outro povo, este nômade, vindo do deserto e após diversas batalhas com um povo vizinho aos filisteus, os amoritas, estabeleceu-se no planalto e nas montanhas, dividindo a terra entre as 12 tribos que o compunham. Este povo, liderado por Josué, conheceu conceitos do monoteísmo de Akhenaton no Egito e durante sua viagem pelo deserto teria elaborado a primeira religião monoteísta conhecida e ficou conhecido como povo judeu.
A partir daí estes dois grupos lutaram entre si e não conseguiram se unir nem ante um inimigo comum. Na invasão babilônica, por exemplo, Jerusalém foi derrotada mas as 5 cidades estado filistinas foram arrasadas, sendo que Gate nunca mais foi reconstruída e seu povo foi igualmente levado para o cativeiro no país vencedor.
Esta sumária e rápida introdução apenas nos mostra que este dois povos teriam todos os motivos da história para estar juntos , e não estão.
Há 3.000 anos atrás a disputa era meramente territorial, hoje com suas origens perdidas na história, nem sabem mais porque brigam, apenas brigam e, como em todo disputa inconsequente, a culpa é do outro lado.
Repetimos aqui o lema da ONG Chefs for Peace, fundada por chefs sabras, palestinos e cristãos e que faz, via cozinha, um lindo trabalho pela paz na região: Se utilizamos os mesmos ingredientes, praticamos as mesmas receitas e comemos a mesma comida, POR QUE BRIGAMOS TANTO?
Vamos executar e degustar boas e apetitosas receitas do povo palestino, com a paz que o Brasil nos oferece e que , esperamos, venha imperar no Oriente Médio muito breve.
Shalom ve Salam !!!!
שלום ev سلام
Receita popularíssima entre as vilas rurais palestinas uma vez que seus ingredientes são disponíveis em qualquer lugar. Consegue aliar valores nutricionais, sabor e praticidade, por isto, seu sucesso.
INGREDIENTES
2 sobrecoxas de galinha sem osso
2 cebolas picadinhas
4 cebolas cortadas em cubos médios
2 sementes de cardamomo
1 folha de louro
2 col café summak
1 pitada de pimenta síria
sal e pim do reino a gosto
8 mini pães pitah
summak, salsinha picada e pinoli(snoubar) para salpicar
MODO DE FAZER
Numa panela doure metade da cebola picadinha em azeite
Coloque as sobrecoxas, de uma rápida fritada e acrescente o caradamomo, o louro,sal, pim do reino, 1 col café de summak e a pim síria
Misture bem, cubra com água e deixe cozinhar em fogo alto até o frango estar macio.
Retire o frango, corte cada sobrecoxa em 4 pedaços, misture com a outra metade da cebola picadinha, tempere com sal, pim do reino e o summak restante
Coloque numa assadeira, regue com um fio de azeite e leve ao forno alto para dourar
Enquanto isto doure os cubos de cebola em azeite
Monte o mussakhan:
Espalhe a cebola em cubos e um pouquinho de seu azeite sobre a pitah
Coloque então um pedaço do frango e salpique summak, pinoli e salsinha
Sirva com Salada Mish
Seu nome quer dizer azedo por causa da coalhada e embora as quantidades de ingredientes variem em cada aldeia, eles são, sacramente os mesmos em qualquer lugar: coalhada,pimenta vermelha,limão e tomate.
INGREDIENTES
500g de coalhada fresca
1 pimenta vermelha sem gavinhas e sementes, picadinha
1 limão pequeno sem casca, cortado em pequenos cubinhos
1 tomate meio verde cortado em cubinhos
sal e azeite a gosto
MODO DE FAZER
Misture todos os ingredientes, temperando ao final com sal e azeite
Deixe tomar gosto por, ao menos, uma noite
O consumo de pescados não é tradicional nem grande entre os povos árabes.Por uma lado, por questões logísticas, uma vez que viviam no desrto, longe do mar, por outro lado por questões religiosas: os xiitas, por exemplo não consomem lagostas e outros animais marinhos que se alimentam de restos. Esta proibição sempre causou uma certa confusão, o que acabou fazendo com que os sunitas evitassem, sempre que possível, o consumo de peixes e por ai adiante
Na Palestina, com seu litoral, a pesca é praticada e existem algumas saborosas receitas com pescados. Escolhemos a saiadie( que quer dizer A Pescadora), numa versão para dias de festa, onde o peixe é servido inteiro
INGREDIENTES
Caldo de peixe;
Faça um caldo de peixe:
cabeças e espinhas
1 cebola
4 talos de salsão
½ erva doce
1 cenoura
MODO DE FAZER
Cubra com água e cozinhe por 1 a 2 horas
Coe, tempere com sal e pim do reino e reserve
Para o peixe:
1 peixe inteiro de 1 a 1,5 kg, limpo e eviscerado
300 g de file de peixe da mesma espécie ou assemelhado
1 cebola ralada
1 col sopa de fulful bar( receita abaixo)
2 xícaras de arroz lavado e escorrido
Molho Badunsi( receita abaixo) para finalizar
MODO DE FAZER
Coloque numa panela os files de peixe com caldo suficiente para cobri-los, a cebola ralada, o fulful bar , uma pitada de sal e cozinhe até os files ficarem quase cozidos. Coe, reservando o caldo que sera misturado ao caldo de peixe reservado
Desfie os files e misture-os com o arroz cru
Numa assadeira funda faça uma fina camada com um pouco da mistura de arroz
Sobre ela coloque o peixe inteiro no centro e cerque-o com a mistura de arroz.
Cubra tudo com o caldo e leve ao forno alto por 30 minutos
Retire do forno, enfeite com um pouco do molho Badunsi e sirva salpicado com salsinha e molho Badunsi a parte
Nítida aquisição da época das conquistas mouras, este tempero espalhou-se por todo Mediterrâneo com diferentes composições. Sua essência é a mistura de 1 parte de curry com 1 parte de pimenta do reino, os outros ingredientes variam conforme a região.
INGREDIENTES
1 col chá curry
1 col chá pim do reino preta
1 col café cominho em pó
1 col café canela em pó
Misture os ingredientes muito bem
INGREDIENTES
1 xícara de salsinha picadinha
2 dentes de alho picadinhos
1 col chá sal
1 xícara café tahine
1 xícara café água
1 xícara café suco de limão
MODO DE FAZER
Misture o alho, sal e suco de limão, mexendo bem
Sem para de mexer acrescente a tahine e mexa até formar uma massa espessa
Coloque então, pouco a pouco, a água até obter um molho grosso
Acrescente a salsinha e sirva
Também conhecida como Smat, Msalwaa e Miammadeh, esta exótica especialidade palestina revela suas múltiplas origens por seus múltiplos nomes. A antiga tradição do NIDR é ligada a este prato. Ou seja, se você quer que algo aconteça, pede fervorosamente em suas orações. Quando atendido seu pedido, manda a tradição que se faça grandes porções de rishtaye e distribua aos vizinhos e amigos.
INGREDIENTES
1 xícara de lentilhas vermelhas lavada e escorrida
100 g de tagliatelle
1 col chá sal
1 col chá cominho em pó
1 col chá summak
Para o acabamento:
3 cebolas em finas fatias
1 col sopa azeite
Para enfeitar:
azeitonas verdes sem caroço
cebolinha cortada em talos
MODO DE FAZER
Coloque a lentilha e o tagliatelle numa panela e cubra com água
Quando começar a ferver, abaixe o fogo e cozinhe sempre mexendo por aproximadamente 20 min ou ate que fqaue com a consistencia de uma sopa grossa. Se necessário acrescente mais água
Tempere com sal e cominho e reserve
Frite a cebola no azeite até escurecer mas sem deixar torrar
Coloque a mistura em tigelinhas individuais, espalhe a cebola e o summak por cima e enfeite com as azeitonas e cebolinhas
BRENO LERNER – Superintendente da Editora Melhoramentos, tem vários livros sobre culinária publicados. Saiba mais.