CONSTANTA. TRÊS TEMPLOS PARA CONHECER – POR FELIPE DAIELLO

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Segunda cidade em importância no país, mas a quinta em população, a cidade foi fundada pelos gregos com o nome de Tomis, o antigo ancoradouro subsiste em nome e na localização. Agora apenas barcos de pesca e embarcações para lazer buscam proteção na pequena baía protegida por molhe preguiçoso, que avança para o mar. Depois o poder de Roma sobrepuja os Deuses Gregos e o Imperador Constantino empresta seu nome à cidade. Na parte antiga da cidade restaram poucos vestígios da urbe romana. Escavação colunas e objetos nos museus tentam recuperar memórias. Monumento dedicado a loba de Roma alimentando os gêmeos fundadores de um Império surge como testemunha ao lado da praça Ovídio. Parte elevada, quase um promontório, com vista para o porto moderno e para o antigo cassino. Estrutura moderna para “belle époque”, Art Nouveau pura, agora apenas símbolo de decadência e de antigas glórias quando o francês era a língua das elites.

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“Merci! Ainda é usado pelo povo para agradecimentos.

Os genoveses chegam no século XIII, época de guerra com Veneza pela conquista de mercados mundiais. O Farol Genovês recorda a passagem. Meio escondido na paisagem dá boas fotos. Foi o que sobrou.

A parte antiga da cidade, amontoado de ruelas, de prédios históricos, exige pronta recuperação, o desgaste é visível nas paredes, na falta de reboco e na má apresentação dos restaurantes com oferta de comidas populares e baratas. A região afugenta os turistas, principalmente de noite.

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Mas não é possível desconhecer as 3 estrelas, três templos de religião diferentes. Próximos da Praça Ovídio, mas desconhecidos da maior parte dos turistas que chegam a Constanta. A mesquita Carol I, talvez a única importante na Romênia, foi edificada com estrutura de concreto, algo pioneiro para a época. O Rei Carol I em 1910 patrocinou a construção como uma cortesia para a comunidade muçulmana. Conhecida também como Kral Kamis.

A visita é paga, mas o importante é subir no minarete para ter excelente vista da parte velha da cidade, para o porto de Tomis. O interior apresenta detalhes importantes das mesquitas otomanas da época.

336_ESPECIAL_3_5Quase em frente numa esquina, a Sinagoga Mare Asken, mesmo em ruínas depois de 20 anos de abandono, aguarda projeto de recuperação. Mesmo com telhado derrubado, o interior apresenta detalhes para serem preservados para futuras gerações. Durante a 2a Guerra foi usada como depósito para munição e para estocar alimentos para os cavalos usados na frente russa. O que acelerou a degradação.

Outra Sinagoga de Constanta, Serfadi no culto, foi destruída durante o Regime Comunista de Ceausescu. Como a comunidade local está reduzida, menos de 60 membros que pagam as taxas, fica difícil a restauração sem fundos do Governo.

336_especial_3_6A Catedral Ortodoxa São Paulo e São Pedro, construção do fim do século XIX restaurada no ano 1951 , após os bombardeios sofridos pelo porto em 1944, surpreende pelos mosaicos e pelas pinturas tanto internas como externas. As cúpulas douradas dão charme à” biserica”. No pátio encontramos objetos recolhidos durante escavação arqueológicas. Restos de antigos banhos romanos e da primitiva igreja bizantina edificada entre os anos de 800 a 900 d.C..Ela ganha a competição com as outras duas concorrentes pela beleza e por acesso mais fácil.

Com a derrota do exército romeno aliado das forças nazistas para as tropas russas, a Romênia perde a região da Bessarabia, hoje integrada à Moldávia, antiga República Soviética, ficando apenas com 258 km de costa para o Mar Negro.

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Ao norte de Constanta, em Memeia, ficam as praias mais famosas da região. Mais de 25 mil quartos aguardam os turistas que procuram sol, águas transparente e geladas e muita diversão nas noites, cassinos e baladas. Milhares de pessoas circulam por aqui em busca de lazer, diversão e bons restaurantes. Os vinhos da Valáquia já tem fama mundial. Surpresas nos copos nos aguardam. Junto com a gastronomia romena, sorte na harmonização proposta. Mamaliga (purê de milho com salada e vinagre); sopas, ciorba de pensoare (com carne moída);cioba de piu (sopa acre com galinha); mici (rolinhos de carne moída, qualquer tipo);sarmales com arroz e carne; ardei umpluti (pimentão recheado);Tochitura ( cozido de carnes servido com polenta, queijos e ovo frito na cobertura); platou para aperitivos a dois (tábua de carnes e queijos, de preferência de cabra e ovelha).

No centro do Mar Negro, as indicações rodoviárias dizem que estamos perto de Varna na Bulgária e de Instambul na Turquia. Para o norte, Tuceia a 90 km de Memmeia, nos chama para conhecer o delta e o parque ecológico do Rio Danúbio. Para os aventureiros com coragem Odessa está logo ali, Kiev, não muito longe e a Crimeia agora em poder da Federação Russa bem perto. Vamos viajar?


FELIPE DAIELLO – Professor, empresário e escritor, é autor de inúmeros livros, dentre os quais “Palavras ao Vento” e ” A Viagem dos Bichos” – Editora AGE – Saiba mais.

daiello@cpovo.netwww.daiello.com.br

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