82 ANOS DA INFAME NOITE DE CRISTAL – A SINAGOGA QUE OS NAZISTAS NÃO CONSEGUIRAM QUEIMAR – POR ISRAEL BLAJBERG

Altaneira, a velha-nova sinagoga se destaca na paisagem da Oranienburger Straße. Passadas tantas décadas, seu domo ainda domina a paisagem. No seu entorno não foram erguidos prédios que pudessem superá-la em altura ou beleza, mantendo intato seu capital simbólico. Pode ser vista de toda a cidade, inclusive do alto do Reichstag, como símbolo da eternidade de Israel.


Em 1866, a maior sinagoga de Berlin, com 3200 lugares, foi inaugurada na Oranienburger Straße. 70 anos mais tarde, as SA – Sturm Abteilung (Tropa de Assalto) tentaram incendiá-la, na noite de 9 para 10 de novembro de 1938, que passou à história como a infame KristallNacht, quando 1.400 sinagogas foram incendiadas.

Era o horrível prenúncio do Holocausto. Não contavam, porém, com a coragem de Wilhelm Krutzfeld, o delegado de Polícia do Distrito 16, que os enfrentou de arma em punho e chamou os bombeiros, embora estivessem proibidos naquela noite de atender a pedidos de socorro das sinagogas. Aposentou-se em 1943, tendo falecido em 1953. Em 1980, o Senado de Berlin determinou que a sua sepultura no Cemitério Protestante fosse transformada em mausoléu, e atribuiu seu nome honrado à Academia de Polícia do Estado de Schleswig-Holstein.

A sinagoga era um prodígio de engenharia, vitrais eram iluminados a gás, conduzido em tubos, que mais tarde passaram a servir de dutos para fiação elétrica. O seu magnífico domo dourado resplandecente na distância, inspirado no estilo mourisco do Alhambra de Granada, foi projetado por um brilhante engenheiro, que deu seu nome a técnica de cálculo, passando a ser conhecida como Domo de Schwedler. O mesmo do Instituto Oswaldo Cruz, na Av. Brasil – RIO.

Os judeus alemães introduziram o órgão nas sinagogas, onde os os fiéis não usavam kipá, e sim elegantes cartolas. Cerimonias eram promovidas pelo Reichsbund der Judischer FrontSoldaten, com um Kaddish em memória dos bravos soldados alemães de fé judaica, que tombaram em Sedan em 1895, e na 1ª. Guerra Mundial. Até março de 1940 ainda se ouviram ressoar os cânticos no belíssimo templo. Salvo da Noite dos Cristais, o órgão não resistiu aos bombardeios de novembro de 1943.

Até 1958 a sinagoga foi apenas uma ruína no setor comunista, quando foi a final demolida. Mas seu destino seria outro. Com a reunificação da Alemanha em 1991 o templo foi reconstruído e reinaugurado em 1995 como museu, exibindo o mesmo domo em todo seu esplendor.

Durante escavações, em 1989 foi encontrada entre os escombros a Ner Tamid (Luz Eterna), que acesa sobre a congregação simbolizava a presença divina. Ela está hoje no museu, retorcida, assim como foi tirada de baixo do entulho.

A presença judaica novamente pode ser sentida nas ruas. A KaDeWe, tradicional loja de departamentos, tem folhetos em hebraico. Bem perto, na estação de trem mais antiga de Berlin, hoje de metrô, uma placa recorda os trens que saíram dali para os campos de extermínio. Em transversais da elegante Kurfursterdam, onde os nazistas colocaram nas lojas cartazes de Kauf nicht bei Juden (não compre dos judeus), viceja a sede da comunidade, e o Beit Chabad, organização religiosa com filiais em inúmeros países, próximo a elegante Unter den Linden, onde na Universidade de Humboldt o pérfido Goebbels mandou queimar livros.

Altaneira, a velha-nova sinagoga se destaca na paisagem da Oranienburger Straße. Passadas tantas décadas, seu domo ainda domina a paisagem. No seu entorno não foram erguidos prédios que pudessem superá-la em altura ou beleza, mantendo intato seu capital simbólico. Pode ser vista de toda a cidade, inclusive do alto do Reichstag, como símbolo da eternidade de Israel.

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