CONTAR HISTÓRIAS REDUZ ESTRESSE DE CRIANÇAS HOSPITALIZADAS

Curiosamente, já se comprovou que a contação de história tem excelentes efeitos para os idosos.
[Imagem: S. Hermann – F. Richter /Pixabay]

Contação de histórias

O ato de contar histórias traz benefícios fisiológicos e emocionais mensuráveis para crianças que se encontram em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).

A descoberta foi feita por pesquisadores brasileiros em um estudo inédito sobre o tema, realizado por uma equipe da UFABC (Universidade Federal do ABC) e do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), em parceria com a Associação Viva e Deixe Viver (Viva).

“Até então, a evidência positiva do ato de se contar histórias era baseada em bom senso, em que a interação com a criança poderia distrair, entreter, aliviar um pouco o sofrimento. Mas faltava um embasamento científico sólido, principalmente no que tange a mecanismos fisiológicos subjacentes,” justificou o Dr. Jorge Moll Neto, membro da equipe.

A Associação Viva e Deixe Viver já atua com contação de histórias em hospitais há 24 anos, levando para estes ambientes esta que é uma prática imemorial da humanidade: Lendas, religiões e valores sociais atravessaram milênios por meio da oralidade e da escrita.

“Durante a contação de histórias acontece algo que chamamos de ‘transporte da narrativa’, ou seja, a criança, por meio da fantasia, pode experimentar sensações e pensamentos que a transportam, momentaneamente, para outro mundo, outro lugar, diferente do quarto do hospital e, portanto, longe das condições aversivas de uma internação,” detalhou o Dr. Guilherme Brockington, principal responsável pelo estudo.

Cortisol e ocitocina

Para medir os efeitos da contação de história nos pacientes pediátricos, a equipe levou em conta os processos psicológicos e biológicos que ocorrem antes, durante e depois de ouvir a história.

Participaram do experimento 81 crianças, com idades entre 2 e 7 anos e que apresentavam condições clínicas similares e problemas respiratórios como asma, bronquite e pneumonia: 41 delas participaram de um grupo no qual contadores de história voluntários da Associação Viva e deixe Viver liam histórias infantis durante 25 a 30 minutos, enquanto em um grupo controle, 40 crianças eram engajadas em perguntas de enigmas e adivinhações propostas pelos mesmos profissionais e durante o mesmo intervalo de tempo.

Para comparar os efeitos das duas intervenções, foram coletadas amostras de saliva de cada participante com o objetivo de analisar as oscilações de cortisol e ocitocina – substâncias relacionadas ao estresse e à empatia, respectivamente -, antes e depois de cada sessão.

Além disso, as crianças também realizaram um teste subjetivo sobre o nível de dor que estavam sentindo antes e depois de experimentarem as atividades, bem como realizavam uma tarefa de associação livre de palavras ao verem 7 cartas com ilustrações de elementos do contexto hospitalar (Enfermeira, Médica, Hospital, Remédio, Doente, Dor e Livro).

Efeitos claros da contação de história

Os desfechos foram positivos para os dois grupos, já que ambas intervenções reduziram o nível de cortisol e aumentaram a produção de ocitocina em todas as crianças analisadas, enquanto a sensação de dor e desconforto também foi amenizada, segundo a avaliação das próprias crianças.

A diferença significativa é que os resultados do grupo que participou da contação de histórias foram duas vezes melhores do que o grupo das adivinhações, o que levou os pesquisadores à conclusão de que este contraste só poderia se dar em função da atividade narrativa.

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